quinta-feira, 5 de setembro de 2019

OS QUE NOS RECEBEM[1]



Miramez

Nossos parentes e nossos amigos vêm, às vezes, ao nosso encontro, quando deixamos a Terra?
‒ Sim, vêm ao encontro da alma que estimam, felicitam-na como no regresso de uma viagem, se ela escapou aos perigos do caminho e a ajudam a se desprender dos liames corporais. É um favor concedido aos bons Espíritos, quando os que os amam vêm ao seu encontro, enquanto os que estão manchados ficam no isolamento ou cercados somente de Espíritos semelhantes a eles: é uma punição.
Questão 289/Livro dos Espíritos

Não é demais repetir assuntos que diz em respeito ao aprendizado de todos nós. Vamos falar dos que vem nos receber no além-túmulo, ao nos desprendermos dos laços fisiológicos.
Os que nos são afeiçoados fazem todos os esforços para nos ajudar, na medida dos nossos merecimentos, e ainda trabalham na sombra da misericórdia, ambiente farto, cedido pelas mãos iluminadas de Jesus Cristo, para toda a humanidade.
Até para vir nos assistir à chegada na dimensão espiritual, os nossos afeiçoados precisam ter condições, em se tratando da ajuda espiritual; aos de má vontade, os envolvidos no descanso exagerado, acostumados na preguiça, foge-lhes a capacidade de assistir. Ainda aí a lei de justiça é vigorante. A quem está se desprendendo, se tem mérito, o mundo espiritual elevado não descansa para lhe dar todo o apoio de que precisa, desde o corte do laço fluídico que o prende ao corpo de carne até a condução para as casas de recuperação espiritual.
A maior alegria do justo é essa: esteja onde quer que seja, os frutos do seu plantio vêm ao seu encontro, por direito divino, protegido pelas leis de justiça.
Os Espíritos Superiores vão ao encontro dos seus entes queridos que desencarnam, mas, nem sempre ficam visíveis aos seus olhos espirituais. Depende do grau de elevação dos que chegam: se estes estão envolvidos na inferioridade, aqueles assistem ao drama da desencarnação, veem os que os recebem por sintonia, e oram por eles, para que despertem pelos processos que a natureza sabe cuidar. Sempre recebem pela presença da Luz, e inquietam os das trevas com o ambiente que fazem pela irradiação do amor.
Ninguém fica eternamente nas regiões inferiores. O tempo sabe encarregar-se da ignorância, transformando-a em entendimento. A luz espanta as trevas em todos os rumos, e os agentes de Deus se encontram em toda parte, como sendo o amor do Criador assistindo à criação.
Trabalhemos na ordem do Universo, conservando a paz onde quer que seja. Preparemo-nos todos os dias para que todos possam, na chegada ao mundo espiritual, encontrar companhias compatíveis com os sentimentos elevados que cultivarem na estrada espinhosa do mundo físico. Jesus, quando nos exortou a tomarmos a nossa cruz e segui-Lo, quis nos mostrar os nossos deveres ante a vida que nos convida para a luz. O trabalhador que cumpre seu dever é digno do seu salário.
O Espírito que deixou na Terra um rastro de inquietações terá multiplicadas essas inquietações, pois que elas o acompanham no além-túmulo. Se a revolta assomar em seu coração, elas crescem mais, colocando-o em maiores dificuldades, e somente a volta à Terra em caminhos difíceis poderá suavizar seu fardo, para que ele mesmo cuide de transformar seus sentimentos.
O Espiritismo com Jesus torna-se uma ligação verdadeira do céu à Terra, por onde podemos receber as mais elevadas lições do que deve ser feito para a viagem de retorno ao mundo dos Espíritos Se o homem tem impulsos de guerra vibrando dentro de si, é preciso que mude de rumo, e lute consigo mesmo, porque será somente vencendo as suas inferioridades que entrará no reino da luz, ao passar pelas portas do túmulo. Os que nos recebem nesses momentos, na porta estreita, sentirão a alegria dobrada, a satisfação de verem juntar-se a eles mais uma luz para o bem comum.




[1] Filosofia Espírita – Volume 6 – João Nunes Maia

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