quarta-feira, 4 de setembro de 2019

HOMO SAPIENS[1]



 Juan Carlos Orozco

Em matéria publicada na Veja.com, de 7 de agosto de 2018, sob o título “Por que só o Homo sapiens sobreviveu?” A articulista Sabrina Brito informa um novo estudo sugerindo que a permanência da espécie Homo Sapiens se deve à capacidade de adaptação a ambientes extremos.
A pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, dos EUA, e pelo Instituto Max Planck pela Ciência da História Humana, da Alemanha, levantou a hipótese de que “a nossa permanência se deve à aptidão do homem atual para se adaptar a ambientes extremos”.
A tese considerou que outros representantes do gênero Homo ocupavam bosques e campos, mas somente o Homo Sapiens estabeleceu moradia em lugares de difícil sobrevivência, de climas hostis e ambientes inóspitos.
Além disso, o cientista arqueológico Patrick Roberts afirmou que essa conquista foi resultado da nossa “cultura cumulativa” e à capacidade de formar relações com todos os membros da nossa espécie, inclusive os que não pertencem à nossa família. Essa caraterística facilitou “o ajuste de certos povos em áreas a eles desconhecidas, já que possuiriam um conhecimento prévio dos mecanismos e costumes necessários para se viver naquele lugar”.

A Ciência e o Espiritismo
Como se observa da matéria, a Ciência busca explicações por que o Homo Sapiens sobreviveu em relação às outras espécies precedentes que sucumbiram ao longo do tempo.
Importante destacar que Ciência e Espiritismo caminham juntos na busca da verdade, complementando-se. A Ciência sozinha não consegue explicar todos os fenômenos do Universo somente pelas leis da matéria. O Espiritismo sem a Ciência faltaria o apoio e a comprovação necessária para sustentar os fenômenos espirituais.
Para o Espiritismo, o Universo não é só matéria, tem princípio inteligente regendo tudo que existe. Nada é por acaso, nada ocorre sem controle ou em desordem.
Nesse sentido, destacam-se duas forças que regem o Universo: o princípio espiritual e o princípio material. E acima de tudo Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Não há efeito sem causa anterior.
Da ação simultânea dos princípios material e inteligente, nascem fenômenos que são naturalmente inexplicáveis, se não considerarmos um dos dois.

Evolução dos mundos, seres e Espíritos
O Universo está em constante evolução, pois o progresso é lei da natureza e todos seres estão submetidos a ele. Nada está parado: evoluem mundos, seres vivos e Espíritos.
O mundo, ao progredir, oferece morada mais agradável a seus habitantes, à medida que eles também progridem. Paralelamente, marcham progressos de homens, animais, vegetais e mundos que eles habitam.
A Terra esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá um grau mais avançado.

A Gênese
No livro A Gênese Kardec expressa:
“a Gênese compreende duas partes: a história da formação do mundo material e a da humanidade, considerada em seu duplo princípio, corporal e espiritual” (KARDEC. A Gênese, pg. 77, 2ª Edição, FEB, 2013).
Mais adiante, complementa:
“mas a história do homem, considerado como ser espiritual, se prende a uma ordem especial de ideias, que não são do domínio da Ciência propriamente dita e das quais, por este motivo, não constitui objeto de suas investigações” (KARDEC. A Gênese, pg. 77, 2ª Edição, FEB, 2013).
Será exatamente neste ponto que a Doutrina Espírita explicará por que só o Homo sapiens sobreviveu.
Acerca da formação primária dos seres vivos, Kardec esclarece que “houve um tempo em que não existiam animais; logo, eles tiveram começo. Cada espécie foi aparecendo à medida que o globo adquiria as condições à sua existência” (KARDEC. A Gênese, pg. 161, 2ª Edição, FEB, 2013).
A questão do Homo Sapiens nos conduz aos antepassados das criaturas humanas no seu processo evolutivo com os aperfeiçoamentos da Natureza.
O Espírito Emmanuel, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, em “A caminho da luz” (38ª Edição, FEB, 2016) traz algumas considerações que contribuem para responder à pergunta da articulista.
“Sob a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na Terra numerosas assembleias de operários espirituais. Como a engenharia moderna, que constrói um edifício prevendo os menores requisitos de sua finalidade, os artistas da espiritualidade edificavam o mundo das células iniciando, nos dias primevos[2], a construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos porvindouros”. (...)
“As formas de todos os remos da natureza terrestre foram estudadas e previstas. Os fluidos da vida foram manipulados de modo a se adaptarem às condições físicas do planeta, encenando-se as construções celulares segundo as possibilidades do ambiente terrestre, tudo obedecendo a um plano preestabelecido pela misericordiosa sabedoria do Cristo, consideradas as leis do princípio e do desenvolvimento geral”. (pg. 19)
“Os tipos adequados à Terra foram consumados em todos os reinos da Natureza, eliminando-se os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas perseverantes experiências”. (pg. 23)
“As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade. Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral”. (pg. 24)
Dessas assertivas, verifica-se que Jesus e seus operários espirituais participaram da gênese da humanidade construindo formas organizadas e inteligentes, de modo a se adaptarem às condições físicas do planeta, segundo as possibilidades do ambiente terrestre, em que os tipos mais adequados sobreviveram e os imperfeitos foram eliminados pelo laboratório das forças espirituais. A linhagem definitiva prosseguiu o seu caminho em direção da racionalidade.
Como se observa, o Homo Sapiens sobreviveu por suas características especiais que se adequou ao ambiente terrestre, superando seus antecessores, o que podemos confirmar mais uma vez nas palavras do Espírito Emmanuel:
“Os antropoides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando os pródromos das raças futuras em seus tipos diversificados; a realidade, porém, é que as entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expressões biológicas. Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da Ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado, e outras descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no "primata" os característicos aproximados do homem futuro”. (pg. 24)
Depois de séculos de experiências, as ações do mundo invisível operaram definitiva transição no corpo perispiritual preexistente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.
Assim, surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir. Uma transformação visceral verificara-se na estrutura dos antepassados das raças humanas.
Emmanuel, em “A caminho da luz”, registra ainda que as falanges do Cristo operavam as últimas experiências sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeiçoando os caracteres biológicos das raças humanas, quando chegaram os auxílios dos Espíritos degredados de Capela.
Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram nas regiões mais importantes, dando origem à Raça Adâmica. Com suas reencarnações no mundo terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na história etnológica dos seres. Um grande acontecimento se verificara no planeta.
O Espírito Áureo, no livro “Universo e Vida” (9ª Edição, FEB, 2016), esclarece esse período da humanidade:
 Foi somente há cerca de quarenta milênios, quando os selvagens descendentes dos primatas se estabeleceram na Ásia Central e depois migraram, em grandes grupamentos, para o vale do Nilo, para a Mesopotâmia e para a Atlântida, que surgiu no mundo o Homo Sapiens, resultado da encarnação em massa, na Terra, dos exilados da Capela, cuja presença assinalou, neste planeta, o surgimento das raças adâmicas. (...)
 Esse fato, além de lógico e natural, por corresponder ao maior e quase único patrimônio de conquistas vitais daqueles seres, era também necessário para lhes assegurar a sobrevivência no mundo das formas materiais espessas e pesadas. (pg. 53)
Dessa maneira, a espécie humana passou por diversas fases evolutivas até chegar ao Homo Sapiens, à atual caraterística e apta a receber Espíritos mais evoluídos.
Resistiram às adversidades climáticas e situações adversas, porque a inteligência e as características biológicas proporcionaram meios para superar as dificuldades em relação à outras espécies.
Nesse sentido, espécies precedentes sucumbiram perante o Homo Sapiens.
A Ciência e o Espiritismo se encontram na busca da origem da humanidade e da verdade. Para a Doutrina Espírita nada é por acaso, tudo tem a sua finalidade, o seu princípio inteligente e a sua explicação.
Mas para isso, primeiro é preciso acreditar em Deus, como inteligência suprema e causa primária de todas as coisas. Sem a crença em Deus e na sua ação, as análises serão incompletas, mesmo porque o homem é obra de Deus.
O Espiritismo traz a lume a existência do mundo espiritual e com isto adiciona o elemento que falta para a compreensão da evolução do Homo sapiens.
Negar a existência de Deus é negar o princípio inteligente de tudo que existe.


Bibliografia:
AUREO (Espírito); (psicografado por) Hernani Trindade Sant’Anna. Universo e Vida. 9ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
BRITO, Sabrina. Por que só o Homo sapiens sobreviveu? Disponível em: https://bit.ly/32NEyUw  - Acesso em 17 de setembro de 2018.
EMMANUEL (Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. A Caminho da Luz. 38ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2016.
KARDEC, Allan; tradução de Evandro Noleto Bezerra da 5ª ed. francesa de 1869. A Gênese. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.
KARDEC, Allan; tradução da Redação de Reformador em 1884. O que é o Espiritismo. 56ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2013.

Este artigo foi contemplado no concurso “A Doutrina Explica”, ocorrido em 2018, promovido na turma do Curso de Palestrantes Espíritas do Distrito Federal, na Federação Espírita do Distrito Federal (FEDF). O autor é palestrante espírita.




[2] Primevo: relativo à primeira idade ou aos primeiros tempos do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário