terça-feira, 20 de agosto de 2019

Mediunidade na Infância - 2[1]

(Sociedade de Paris, 6 de janeiro de 1865 – Médium: Sr. Delanne)



Depois de ter sido preparado pelo anjo-da-guarda, começam a se estabelecerem no Espírito que vem encarnar, isto é, que vem sofrer novas provações em vista do seu melhoramento, os laços misteriosos que o unem ao corpo, a fim de manifestar a sua ação terrestre. Aí está todo um estudo, sobre o qual não me estenderei; só falarei do papel e da disposição do Espírito, durante o período da infância no berço.
A ação do Espírito sobre a matéria, nesse tempo de vegetação corpórea, é pouco sensível. Assim, os guias espirituais desvelam-se em aproveitar esses instantes, em que a parte carnal não obriga a participação inteligente do Espírito, a fim de preparar este último e encorajá-lo em suas boas resoluções, das quais sua alma está impregnada.
É nesses momentos de desprendimento que o Espírito, saindo da perturbação que teve de passar para a encarnação presente, compreende e se lembra dos compromissos contraídos para o seu adiantamento moral. É então que os Espíritos protetores vos assistem e ajudam a vos reconhecerdes. Assim, estudai a fisionomia da criancinha que dorme; muitas vezes o vereis “sorrindo aos anjos”, como se diz vulgarmente, expressão mais justa do que se pensa. Com efeito, sorri aos Espíritos que o cercam e o devem guiar.
Vede esse pequeno acordado. Ora ele olha fixamente, parecendo reconhecer seres amigos; ora balbucia palavras, e seus gestos alegres parecem dirigir-se a rostos amados. E como Deus jamais abandona as suas criaturas, mais tarde esses mesmos Espíritos lhe darão boas e salutares instruções, seja durante o sono, seja por inspiração, em estado de vigília. Daí podeis ver que todos os homens possuem, ao menos em germe, o dom da mediunidade.
A infância propriamente dita é uma longa série de efeitos mediúnicos, e se crianças um pouco mais velhas, quando o Espírito adquiriu mais força, por vezes não temessem as imagens das primeiras horas, poderíeis constatar muito melhor esses efeitos.
Continuai a estudar e, diariamente, como crianças grandes, vossa instrução aumentará, se não vos obstinardes em fechar os olhos ao que vos cerca.

Um Espírito protetor




[1] Revista Espírita – Fevereiro/1865 – Allan Kardec


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