Joanna de Ângelis
Estudando a paranormalidade
humana com critério e austeridade, Allan Kardec anotou, no item 159 do Capítulo
XlV de O Livro dos Médiuns, “que todo
aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse
fato, médium”.
Analisando a mediunidade, o
ínclito Codificador esclareceu que a sua expressão orgânica não constitui
privilégio, antes é uma faculdade do Espírito, cuja condução depende dos
valores éticos daquele que a possui.
Desse modo, ela está presente na
quase totalidade dos indivíduos e em todo lugar, desvinculada de quaisquer
conquistas morais ou de outra natureza.
Sendo, no entanto, instrumento
que propicia o progresso, por cujo intermédio ocorrem as demonstrações da
imortalidade e todo um elenco de contribuições para a felicidade humana, a sua
condução exige requisitos graves, do que resultam as bênçãos que se anelam,
exercitando-a com elevação.
O perfeito conhecimento dos
objetivos da mediunidade equipa o intermediário para a desincumbência do
compromisso assumido antes da reencarnação, e o seu menosprezo acarreta
problemas muito complexos, interferindo na existência do seu portador.
Todo instrumento deixado ao
abandono sofre os efeitos danosos do descuido.
Qualquer faculdade do corpo, da
mente ou da alma, relegada a plano secundário, padece a desorganização que o
tempo, a falta de exercício impõe, gerando atrofia, atraso, desequilíbrio.
A mediunidade não constitui
exceção.
Médiuns, conscientes ou não,
foram os santos, os sábios, os artistas, os cientistas, por conseguirem sentir
a presença dos Espíritos ou do pensamento superior de que se tornaram
instrumentos, expressando, nas próprias vidas, nas realizações e inventos, a
manifestação superior de que se fizeram objeto.
No que tange à conduta espírita,
o médium é portador de abençoada instrumentalidade para autoiluminar-se,
promover o progresso da Humanidade, desenvolver os valores nobres, consolar e
amparar as criaturas atormentadas e sofridas de ambos os planos da Vida. Assim,
o indivíduo é médium em todos os momentos da existência física, e não apenas
esporadicamente, durante as reuniões experimentais de que participa.
Conforme a conduta mental e
social, graças aos pensamentos e ações, atrai Espíritos com os quais se afina,
passando a agasalhar-lhes os sentimentos e as ideias, que exteriorizará, às
vezes, sem dar-se conta.
A vivência mediúnica é, por
consequência, capítulo importante, no dia a dia de todo aquele em quem a
faculdade se manifesta, e pretende servir ao programa do Bem, na restauração ou
fundação da sociedade justa e feliz, ou da Era Nova do Espírito Imortal. A
disciplina constitui um elemento importante, para que outros deveres se
apresentem, favorecendo a desincumbência do ministério abraçado. Graças ao seu
exercício correto, torna-se imediata a luta pela superação do egoísmo e seu
séquito nefando, sempre responsável pelas ocorrências desditosas entre os
homens.
Como antídoto a esse terrível
adversário íntimo, a experiência do amor solidário e a adaptação ao sentimento
de humildade real fazem-se indispensáveis para o desenvolvimento de outras
virtudes, que formam o conjunto de recursos auxiliares para conseguir-se a
vitória.
A vivência mediúnica saudável é
consequência da conscientização do compromisso, que se adquire através do
estudo da própria faculdade, da meditação em tomo das suas finalidades quanto
da irrestrita confiança em Deus.
A vivência mediúnica será
expressa na ação dignificadora, que se constitui recurso precioso para a
pacificação íntima e a felicidade.
Médiuns existem de todos os
quilates e portadores das mais variadas faculdades.
Médiuns espíritas, porém,
conscientes e responsáveis, são em número menor, que se entregam à vivência
integral objetivando alcançar o mediunato, que é a grande meta que pretendem os
Espíritos missionários no exercício da mediunidade. (...)
[1] Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em 3.11.1993, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
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