Miramez
A desigualdade das condições sociais é uma lei natural?
‒ Não, ela é obra do
homem e não de Deus.
Essa desigualdade desaparecerá um dia?
‒ De eterno não há senão
leis de Deus. Cada dia, não a vedes diminuir pouco a pouco? Essa desigualdade
desaparecerá juntamente com a predominância do orgulho e do egoísmo, e não
ficará senão a desigualdade de mérito. Um dia virá em que os membros da grande
família dos filhos de Deus não se avaliarão pelo sangue mais ou menos puro. Não
há senão o Espírito que é mais ou menos puro, e isso não depende da posição
social.
Questão 806/Livro dos Espíritos
As condições sociais, como as
desigualdades entre os homens, não são obra de Deus. São condições temporárias
necessárias, devido à desigualdade de posições das criaturas, no que se refere
à escala de aperfeiçoamento das almas. Essa condição, repetimos, é passageira, pois
somente as leis estabelecidas por Deus são imutáveis no tempo e no espaço.
O bom observador notará sempre,
no correr do tempo, que as condições humanas vão se transformando lentamente, e
sempre para melhor. Todos os povos vão absorvendo, pela força do progresso
espiritual, leis mais justas e mais humanas, vendo-se em seus semelhantes, em outra
dimensão de vida. Mesmo com as facilidades que o mundo oferece hoje para o
homem errar, ele acaba acertando mais, por ter sido feito para a glória da
própria vida.
O orgulho nos parece que cresce
mais com o egoísmo, antiga chaga que já floresceu muito, mas que agora está
sendo combatida pelos seres humanos em diversas escolas filosóficas e religiosas,
e pela maior escola da vida, que se chama maturidade espiritual.
Os que desconhecem as leis de
Deus e a existência do Todo Poderoso se mostram duvidosos no que tange à
posição do homem ante a eternidade. Não encontrando salvação para o mundo e
para sua humanidade, são profetas do pessimismo, no entanto, para Deus não
existe o impossível. Ele age no momento adequado e a tudo conserta, usando os
próprios homens de boa vontade. As Suas leis corrigem todos os deslizes, usando
dos feitos humanos como exemplos e lições para os que incorrem em erro.
As desigualdades que se veem nos
povos, o são por merecimento de cada um. Não que Deus abençoe uns mais que os
outros; é devido à escala a que pertence, é força espiritual da justiça, que
marca a lei de reencarnação para todas as almas em trânsito na Terra. Quem
deseja viver fora da faixa a que pertence, é que sofre as consequências da
violência acionada por si mesmo; a justiça é o mesmo amor que protege a todos.
No Evangelho de João poderemos ler o seguinte, no capítulo onze, versículo dez:
Mas, se andar de noite, tropeça, porque
nele não há luz.
E quem anda fora do nível em que
deve viver por justiça, somente encontra trevas, por desconhecer o que deve
receber e sentir por misericórdia de Deus. Não queiramos ser o que não somos.
Cada criatura tem dentro de si um vigia, que lhe dá conhecimento dos seus poderes
e dos seus limites, em tudo que faz e pensa. Mesmo nas condições sociais em que
se encontra, por que avançar para as lutas sem as devidas armas com que possa
se defender? O que acontece com um médico que não se aprimorou na arte de
curar?
As desigualdades nos mostram até
onde o outro já chegou, e é um convite para que possamos ir também, porque a
vida oferece ensejo para todas as criaturas.
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