1837 - 1904
Mme. Marina Duclos
Leymarie, desencarnou, docemente e sem qualquer apreensão da morte, na manhã do
dia 29 de Setembro de 1904, às 10 horas, com a idade de 67 anos, após alguns
dias de enfermidade.
Marina Duclos foi autora da obra
"Procès des Spirites" ‒ Paris, 1875. Edité par Mme. P.G. Leymarie,
encontrada em a Librairie Spirite, 7, rue de Lille, e em todas as livrarias de
Paris, 256 pp., 15X23, "in" 8 ‒ uma admirável memória, como se refere
J. Malgras, em "Les Pionniers du Spiritisme en France".
Essa obra, inclui “Mémoire
adressé à Monsieur le Président de la Cour de Cassation; à Messieurs les
Conseillers prés la même Cour”, Paris, 1875 - Novembro - 10 pp., e um apêndice
de 24 pp. constante de:
a) "Mémoire em demande
de nullité por défaut de liberté dans la déposition", pp. 12 bis a 16;
b) "Jugement du photographe spirite Munler à New York". (Extrait du Spiritual Magazine, Juin. 1869, pp. 17 a
24), e
c) "Correspondence de
Buguet", 8 pp. assumindo a responsabilidade pelas fotos, valiosos
documentários para a história do Espiritismo, em que relata a violência da
Justiça da França, "sob o patrocínio e inspiração não ostensivas de forças
influentes", ao envolver, na condenação de Edouard Buguet, acusado de
publicar fotografias fraudulentas de Espíritos desencarnados, o honrado
pioneiro do Espiritismo ‒ Pierre Gaëtan Leymarie ‒ além de inusitadas agressões
verbais à Viúva Allan Kardec, em pleno Tribunal.
O livro, custeado em parte, por
subscrição popular, e que simbolicamente aparece com o formato da Revue Spirite, relata esse processo, que
fora da França é mais conhecido como "o caso Buguet".
O processo tem por ponto de
partida uma urdidura tecida por altos dignitários da Igreja, como a que foi
interposta por Monsenhor Despréz, arcebispo de Toulouse, levada a Pio IX, pela
réplica que mereceu, por parte da Revue
Spirite, a sua pastoral contra o Espiritismo (1875), em que incitava a
queima de livros.
A direção da "Revue",
então, nesse momento, estava a cargo do periodista Valentin Tournier
(1821-1898), antigo jornalista e escritor, e de Mr. Timoléon Jaubert
(1806-1893), Vice-Presidente do Tribunal de Carcassonne, um militante espírita
dos mais convictos, ao mesmo tempo em que um zeloso e eloquente defensor da
causa espírita.
Tournier, aliás, fora, também,
um ardoroso republicano, que o golpe de Estado, de 1851, tornou exilado, por
alguns anos, na Itália.
Era um lógico rigoroso e um
grande escritor que, depois, de 1858, colocou sua pena e sua erudição, ao serviço
do Espiritismo.
O Pontífice utiliza os serviços
de Monsenhor Dupanloup, confessor da primeira dama francesa, Mme.
Mach-Mahon (Patrice Mach-Mahon era o presidente da França, no período de 1873 a
1879), para induzi-la e sugerir a perseguição aos espíritas, conforme anotou o
anuário "La Irradiación de Biografias, Artículos y Datos
Espiritistas", publicado por E.R.G., iniciais de Eduardo R. Garcia, Madri,
1896, pp. 107 a 113.
Mme. Leymarie era
alguns anos mais jovem do que o seu marido, Pierre Gaëtan-Leymarie (1827-1901),
de quem foi devotada companheira e zelosa colaboradora.
Ela lhe prestou um concurso
ativo nos primeiros anos, quando se elaborou, sob os auspícios de Jean Macé, a
"Liga de Ensino".
"Procés des
Spirites"
Quando explode o "procés
des spirites", que devia pôr sua afeição à uma prova cruel, Marina mostra
uma energia e uma firmeza à altura das circunstâncias.
A probidade, sem mácula, de seu
marido, como de si própria, o vigor de sua consciência, e a grandeza de seu
espírito, leva-a a apelar a todos que a rodeiam, que lhes são simpáticos, aos
testemunhos de todas as pessoas honestas que ela entendia interessar à sua
causa, para eliminar o julgamento iníquo que tinha surpreendido seu marido; e,
no fim, ela publica, em 1875, essa admirável memória ‒ que é, desde então, um
precioso documento para a história do Espiritismo.
E, acompanhando as provas de seu
marido, Mme. Marina Duclos Leymarie foi, até ao extremo; companheira
de suas lutas, e quando sofreu a dor de o perder, ela não titubeou, por um
instante, e, estoica e valente, assumiu a direção da "Librarie
Spirite", em torno das quais ela soube agrupar e manter, com a dignidade
de seu caráter e com o valor de suas relações, um corpo de fiéis e devotados
colaboradores, que deveriam continuar a obra, quando partisse.
Todas as nobres causas, e
principalmente aquelas infelizes, tiveram sempre nela uma campeã perseverante.
Pode-se dizer de Mme. Leymarie, que ela passou no mundo fazendo o
bem: "transiit benefaciendo".
Mme. Marina Duclos
Leymarie, foi um exemplo de devotamento.
Embora seu marido, mais tarde,
receba uma desculpa pública, Mme. Leymarie em seu referido livro
reproduz o processo desse arbitrário juízo, no qual, também, Amélie Boudet, Mme.
Allan Kardec, foi destratada por M. Millet, presidente do Tribunal.
Leymarie foi o único a ser
detido e acusado; porém quinze dias depois da sua condenação, foi instado a
declarar-se culpado e a pedir indulto, o que recusou, preferindo passar um ano
no cárcere; tinha, então, 48 anos de idade.
Segundo "La Irradiación",
ele é reabilitado em 1888, pelo Tribunal Supremo de Justiça da França; outras
versões, no entanto, indicam Fevereiro de 1883, por ocasião de uma substituição
de governo.
A obra "Procés des
Spirites" foi vertida para o português por Hermínio C. Miranda, e
prefaciada por Francisco Thiesen, sob o título "Processo dos
Espíritas", e publicada, sua primeira edição, no Brasil, em 1977, um
resumo, da primeira edição francesa, pela FEB ‒ Federação Espírita Brasileira,
e em comemoração ao "Centenário do Reformador e da Federação Espírita
Brasileira". Para o castelhano, foi
vertida com o título "El Processo de los Espiritistas", por nosso
companheiro Florentino Barrera, e publicada por Ediciones Vida Infinita, Buenos
Aires, Argentina, 1999. 1ª. ed. 12X18 cm. 94 pp.
Na ausência de Pierre Gaëtan
Leymarie, Marina Duclos, sua sucessora, foi, também, o grande esteio do
Movimento Espírita de então.
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