quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

CONSCIÊNCIA EM VIAGEM[1]



Miramez

O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é subitamente transportado para onde deseja ir?
‒ Uma e outra coisa. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, dar-se conta da distância que atravessa, mas essa distância pode também desaparecer por completo isso depende de sua vontade e também da sua Natureza, se mais ou menos depurada.
Questão 90 – Livro dos Espíritos

O melhor sinônimo que se encontra para espírito é luz. Esta chama de vida pode percorrer distâncias vertiginosas, sem perceber por onde passa, no entanto, se se dispõe a analisar os pormenores dos caminhos, tem capacidade para isso, desde que a sua evolução o permita. Tudo é possível, quando o espírito tem as condições de pureza espiritual, e é neste sentido que Jesus desceu à Terra, em nome de Deus, deixando o Evangelho como herança e esquema divino, para que pudéssemos conquistar as qualidades de ouro, que são os dons imperecíveis da alma.
O espírito puro, quando deseja fazer viagens longas no seio do universo, entra em preparo espiritual. Desfaz-se dos invólucros mais grosseiros, aliando-se ao éter cósmico, onde poderá deslizar com uma velocidade que, em se comparando à luz, esta não passa de tartaruga. A mente humana não tem condições de analisar tal velocidade. Mas ele nunca faz tais viagens por distração: sempre a serviço do bem comum de todas as criaturas, ou em alto aprendizado espiritual. Se deseja observar as belezas universais, pode fazê-lo; senão, a sua mente poderosa o levará ao lugar idealizado, como se estivesse meditando, sem perceber a grande viagem.
Os espíritos em viagens interplanetárias sempre as fazem em grupos afins, O mesmo se dá com os homens em viagens na Terra: gostam de fazê-las em companhia de colegas com eles afinizados. Não obstante, se na Terra há inúmeras dificuldades para grandes viagens, estas também existem no mundo espiritual, e com maiores problemas: não pode faltar harmonia no que tange à mente de cada ser. A desarmonia mental pode levá-los a ambientes desequilibrados, desviando-os das rotas desejadas. Em muitos casos, os benfeitores espirituais costumam levar os seus tutelados em certas viagens, quando estes atendem todas as normas dos seus guias espirituais. Isso sempre acontece, favorecendo ao aprendizado dos discípulos. Na verdade, são experiências deslumbrantes, sendo que todo esforço por parte do candidato para merecê-las ainda é muito pouco em relação às belezas do universo, que encantam e instruem, a nos mostrar o Criador palpitando em tudo que tocamos e presenciamos.
Quantas civilizações existem em uma só galáxia? Muitas e muitas, com diferenciações enormes, a nos mostrar como Deus gosta das variedades: há mundos e mundos com cambiantes diversos e policromia exuberante. A forma humana não é uma só, como a que existe na Terra; também é variável. A beleza é o porte elevado dos mundos superiores, sendo a simplicidade a tônica nas casas planetárias de escala superior.
A Terra ainda está classificada entre os mundos inferiores, pelos sentimentos inferiores dos homens. O homem, em geral, é belicoso. As guerras são quistos encravados no planeta em que mora, no entanto, são reflexos dos pensamentos da própria humanidade. O Cristo, podemos dizer, foi um sol que despontou nas sombras do mundo, para libertar os homens de todas as calamidades, mas eles ainda não entenderam o Seu verdadeiro amor para com seus destinos. Ele deixou os recursos para banirmos o monstro das incompreensões e fazermos desaparecer o ódio de todos os povos: o Evangelho, como facho de luz. E os homens ainda não entenderam o objetivo desse legado santo, com a força da santidade de Deus.
Aquele que viver os preceitos do Senhor, poderá viajar em todas as direções do universo sem, contudo, sair do corpo, gozando a felicidade do seu íntimo.




[1] Filosofia Espírita – Volume 2 – João Nunes Maia

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