sábado, 19 de janeiro de 2019

QUEM TEM MEDO DE "FANTASMAS"?[1]





Jorge Hessen - jorgehessen@gmail.com

O temor de “fantasmas” é uma atitude ingênua causada pela ausência de conhecimento a respeito da natureza etérea dos “mortos”. Sobre as suas aparições são mais frequentes do que se pensa e muitos creem que a preferência dos Espíritos ‒ “fantasmas”‒ é pelos ambientes escuros, mas isso é um mito e um engano. Ocorre, simplesmente, que a substância vaporosa dos períspiritos dos “fantasmas” é mais perceptível no escuro, tal como ocorre com as estrelas que só podem ser visualizadas à noite. A claridade do dia, por exemplo, ofusca a essência sutil que constituem os corpos dos “mortos”. Isto porque os tecidos perispirituais são compostos de energia semelhante à luz, portanto, o perispírito dos “fantasmas” não é, digamos, fosco, ao contrário, é dotado de grande diafaneidade para ser perceptível a olho nu, durante o dia.
O perispírito, no seu estado normal, é invisível; mas, como é formado de substância etérea, o Espírito, em certos casos, pode, vontade própria, fazê-lo passar por uma modificação molecular que o torna momentaneamente visível. É assim que se produzem as aparições, que não se dão, do mesmo modo que outros fenômenos, fora das leis da Natureza. Conforme o grau de condensação do fluido perispiritual, a aparição é às vezes vaga e vaporosa; de outra, mais nitidamente definida; em outras, enfim, com todas as aparências da matéria tangível. Pode mesmo chegar à tangibilidade real, ao ponto do observador se enganar com relação à natureza do ser que tem diante de si[2].
A pesquisadora Elizabeth Tucker, da Universidade Estadual de Binghamton, em Nova York, apresenta diversos relatos de aparições ‒ Espíritos ‒ em campus universitário. Conta-se que os fantasmas revelam o lado sombrio da ética. Suas aparições são muitas vezes um lembrete de que a ética e a moral transcendem nossas vidas e que deslizes podem resultar em um pesado fardo espiritual. No entanto, as histórias de fantasmas também trazem esperança. Ao sugerir a existência de uma vida após a morte, elas oferecem uma chance de estar em contato com aqueles que já morreram e, portanto, uma oportunidade de redenção ‒ uma forma de reparar erros do passado[3].
A crença nos “fantasmas” é comum, pois baseia-se na percepção que temos na existência e sobrevivência dos Espíritos e na possibilidade de comunicar-se com eles. Deste modo, todo Ser espiritual que manifesta a sua presença sob várias circunstâncias é um Espírito que no senso comum é chamado de “fantasma”. Comumente, pelo conhecimento vulgar, são imaginados sob uma aparência fúnebre, vindo de preferência à noite, e sobretudo nas noites mais sombrias, em horas fatais, em lugares sinistros, cobertos de lençóis ou bizarramente cobertos. Todavia, os tais “fantasmas” assustadores , longe de serem atemorizantes, são, comumente, parentes ou amigos que se apresentam por simpatia, entretanto podem ser Espíritos infelizes que eventualmente são assistidos; “algumas vezes, são farsantes do mundo Espírita que se divertem às nossas custas e se riem do medo que causam; mas supondo-se mesmo que seja um mau Espírito, que mal poderia ele fazer, e não se teria cem vezes mais a temer de um bandido vivo que de um bandido morto e tornado Espírito! [4]”.
Todos que veem um “fantasma” podemos conversar com ele, e é o que se deve fazer nesse caso, podendo perguntar-lhe quem é, o que deseja e o que se pode fazer por ele. Se o Espírito for infeliz e sofredor, o testemunho de comiseração o aliviará. Se for um Espírito bondoso, pode acontecer que traga a intenção de dar bons conselhos. Tais Espíritos ‒ “fantasmas” ‒ poderão responder, muitas vezes verbalizando mesmo, porém na maioria das vezes o fazem por transmissão de pensamentos [5]”.
Os “fantasmas” afáveis, quando surgem, têm intenções elevadas ou, no mínimo, para confortarem pessoas queridas que padecem com a desencarnação de entes queridos e ou com a dúvida sobre a continuação da vida post-mortem; oferecerem sugestões ou, ainda, solicitarem auxílio para si mesmos, “o que pode ser feito através de orações e boas ações, no sentido de corrigir ou compensar as transgressões do morto. Mas os espíritos perversos também aparecem e estes, sim, têm o intuito de "assombrar" os encarnados movidos por sentimentos negativos [6]”.
Os “fantasmas” , aliás, estão por toda parte e não temos a necessidade de vê-los para saber que podem estar ao nosso lado. “O Espírito ‒ “fantasma” ‒ que queira causar perturbação pode fazê-lo, e até com mais penhor, sem ser visto. Ele não é perigoso por ser Espírito ‒ “fantasma”‒, mas pela influência que pode exercer em nosso pensamento, desviando-nos do bem e impelindo-nos ao mal [7]”.
Em resumo, não é lógico assustar-nos mesmo diante da “assombração de um morto”. Se raciocinarmos com calma compreenderemos que um “fantasma”, qualquer que seja, é menos perigoso do que certos espíritos encarnados que existem à sombra das leis humanas (marginais).


Artigos Espiritas - Jorge Hessen




[2] KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns, II parte “das manifestações espíritas” capitulo VI “manifestações visuais”, RJ: Ed FEB 2000
[3] Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-46515221 , acessado em 25/12/2018.
[4] KARDEC, Allan . Revista Espírita, julho de 1860, DF: Ed Edicel, 2002.
[5] KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns , II parte “das manifestações espíritas” capitulo VI “manifestações visuais”, RJ: Ed FEB 2000.
[6] KARDEC, Allan . Revista Espírita, julho de 1860, DF: Ed Edicel, 2002.
[7] KARDEC , Allan. O Livro dos Médiuns , II parte “das manifestações espíritas” capitulo VI “manifestações visuais”, RJ: Ed FEB 2000.

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