Funeral de Nelson Mandela
Reprovais de maneira absoluta a pompa dos funerais?
‒ Não; quando honra
a memória de um homem de bem, é justa e um bom exemplo.
Questão 824 – Livro dos Espíritos
É de bom exemplo, quando a pompa
do funeral visa a honrar a memória de um homem de bem. Quanto mais se vibra
para a difusão do amor, mais a luz acende na Terra, em se fazendo fonte no
coração humano. Entrementes, o homem de bem recomenda sempre que não deseja gastos
sem importância para a alma, em seu funeral, indicando outra direção para os
gastos, como seja com alimentos para os pobres, roupas para os nus e casa para
os desabrigados.
As pompas devem se transformar
em caridade onde a luz da beneficência é capaz de enxugar lágrimas e lembrar
aos corações que existe a esperança. O próprio Evangelho nos diz que devemos
deixar os mortos enterrarem os seus mortos.
O legado que o homem de bem deve
deixar, é o de sua vida exemplar. O orgulho e o egoísmo fazem a separação das
criaturas, mas o túmulo os reúne como sendo todos da mesma massa que a Terra
dissolve e transforma em elementos indispensáveis à vida.
Jesus foi o enviado de Deus para
mostrar à sociedade de todo o mundo que todos somos irmãos, filhos do mesmo
Deus de Amor, deixando Seu Evangelho e nele os preceitos de modo a educar as
criaturas, na certeza de que o céu se encontra nos corações, bastando às almas encontrá-lo.
Enquanto houver a disputa pelas
coisas perecíveis e ilusórias do mundo, a cegueira se acentuará cada vez mais
no que se refere aos valores espirituais. Porém, o tempo traz a maturidade
pelos canais da dor, levando os Espíritos a acordarem para a realidade dos seus
destinos.
Por enquanto, fora da dor não há
entendimento. O homem, no estágio em que se encontra, cria dificuldades
inúmeras para os pobres, que já carregam em seus ombros um peso muito grande.
Mas Jesus, sabendo disso, fala aos seus corações, chamando-os bem-aventurados.
Entretanto, o Mestre não se
esqueceu de advertir aos legisladores humanos, conforme registrado no Evangelho
por Lucas, no capítulo três, versículo treze:
Respondeu-lhes: Não cobreis mais do que o estipulado.
Todavia, esses homens se fazem
surdos pela força do egoísmo, mas os sofredores avançam, apesar de todo o peso
dos chamados impostos e dízimos, com o Cristo de lado a animá-los na subida do
calvário da vida, com a cruz das provações, porque Ele mesmo trilhou o caminho
da dor, como exemplo de humildade, e ainda perdoou a todos os Seus ofensores. "Não cobreis mais do que o estipulado"
pela consciência. Dizemos aos pobres, aos sofredores, que os tempos da seleção
espiritual estão chegando e que somente terão a Terra como herança os escolhidos,
que podem ser igualmente os ricos, dependendo do modo pelo qual procedem ante a
sociedade.
As distinções humanas terminam
no "campo santo", onde o Espírito sente e compreende que nem mesmo o
corpo de carne lhe pertence. A bagagem de bens perecíveis fica com a Terra para
que outros a usem e dela façam bom uso, para não acontecerem coisas piores no
seu roteiro espiritual.
A natureza, que foi feita pelas
mãos do Criador, não vai ouvir pedido dos homens. Ela arregimenta toda a sua
força para cumprir leis estabelecidas por Deus, no empenho de mostrar a justiça
se igualando em todas as criaturas. A reencarnação é lei divina em todos os
mundos, pois é ela que educa o Espírito, destruindo igualmente o egoísmo e o
orgulho de raça e de casta.
Bem-aventuradas as leis que
transformam tudo, porque é na transformação que o amor domina e dirige os
corações para a verdadeira fraternidade. O que esperamos é que as pompas dos
funerais de todo o mundo se transformem, sob a inspiração do Cristo, em
caridade ajustada no amor e na justiça.
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