quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

POMPAS DOS FUNERAIS[1]


Funeral de Nelson Mandela


Reprovais de maneira absoluta a pompa dos funerais?
Não; quando honra a memória de um homem de bem, é justa e um bom exemplo.
Questão 824 – Livro dos Espíritos

É de bom exemplo, quando a pompa do funeral visa a honrar a memória de um homem de bem. Quanto mais se vibra para a difusão do amor, mais a luz acende na Terra, em se fazendo fonte no coração humano. Entrementes, o homem de bem recomenda sempre que não deseja gastos sem importância para a alma, em seu funeral, indicando outra direção para os gastos, como seja com alimentos para os pobres, roupas para os nus e casa para os desabrigados.
As pompas devem se transformar em caridade onde a luz da beneficência é capaz de enxugar lágrimas e lembrar aos corações que existe a esperança. O próprio Evangelho nos diz que devemos deixar os mortos enterrarem os seus mortos.
O legado que o homem de bem deve deixar, é o de sua vida exemplar. O orgulho e o egoísmo fazem a separação das criaturas, mas o túmulo os reúne como sendo todos da mesma massa que a Terra dissolve e transforma em elementos indispensáveis à vida.
Jesus foi o enviado de Deus para mostrar à sociedade de todo o mundo que todos somos irmãos, filhos do mesmo Deus de Amor, deixando Seu Evangelho e nele os preceitos de modo a educar as criaturas, na certeza de que o céu se encontra nos corações, bastando às almas encontrá-lo.
Enquanto houver a disputa pelas coisas perecíveis e ilusórias do mundo, a cegueira se acentuará cada vez mais no que se refere aos valores espirituais. Porém, o tempo traz a maturidade pelos canais da dor, levando os Espíritos a acordarem para a realidade dos seus destinos.
Por enquanto, fora da dor não há entendimento. O homem, no estágio em que se encontra, cria dificuldades inúmeras para os pobres, que já carregam em seus ombros um peso muito grande. Mas Jesus, sabendo disso, fala aos seus corações, chamando-os bem-aventurados.
Entretanto, o Mestre não se esqueceu de advertir aos legisladores humanos, conforme registrado no Evangelho por Lucas, no capítulo três, versículo treze:
Respondeu-lhes: Não cobreis mais do que o estipulado.
Todavia, esses homens se fazem surdos pela força do egoísmo, mas os sofredores avançam, apesar de todo o peso dos chamados impostos e dízimos, com o Cristo de lado a animá-los na subida do calvário da vida, com a cruz das provações, porque Ele mesmo trilhou o caminho da dor, como exemplo de humildade, e ainda perdoou a todos os Seus ofensores. "Não cobreis mais do que o estipulado" pela consciência. Dizemos aos pobres, aos sofredores, que os tempos da seleção espiritual estão chegando e que somente terão a Terra como herança os escolhidos, que podem ser igualmente os ricos, dependendo do modo pelo qual procedem ante a sociedade.
As distinções humanas terminam no "campo santo", onde o Espírito sente e compreende que nem mesmo o corpo de carne lhe pertence. A bagagem de bens perecíveis fica com a Terra para que outros a usem e dela façam bom uso, para não acontecerem coisas piores no seu roteiro espiritual.
A natureza, que foi feita pelas mãos do Criador, não vai ouvir pedido dos homens. Ela arregimenta toda a sua força para cumprir leis estabelecidas por Deus, no empenho de mostrar a justiça se igualando em todas as criaturas. A reencarnação é lei divina em todos os mundos, pois é ela que educa o Espírito, destruindo igualmente o egoísmo e o orgulho de raça e de casta.
Bem-aventuradas as leis que transformam tudo, porque é na transformação que o amor domina e dirige os corações para a verdadeira fraternidade. O que esperamos é que as pompas dos funerais de todo o mundo se transformem, sob a inspiração do Cristo, em caridade ajustada no amor e na justiça.




[1] Filosofia Espírita – Volume 17 – João Nunes Maia

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