São estes os modos de
manifestação mais frequentes na casuística em questão; concebe-se que sejam
também os menos interessantes, sob o ponto de vista científico.
Dado o estado muito vivo de
excitação no qual se encontra, provavelmente, um moribundo que conserva a
consciência de si próprio; dado, por consequência, o estado de hiperestesia dos
centros corticais de ideação e as condições mais ou menos mórbidas de seu
funcionamento; dada, enfim, a orientação inevitável do pensamento de um
moribundo, que não pode deixar de voltar-se, com angústia suprema, para as
pessoas caras e afastadas e para aqueles que o precederam no túmulo, facilmente
se conceberá que tudo isso deva determinar, muito frequentemente, fenômenos de
alucinação subjetiva.
Não obstante, porém, impõem-nos
os métodos de pesquisas científicas notar que, nos casos de aparição de mortos
nos leitos de agonizantes, encontramos uma circunstância que não pode ser
facilmente esclarecida pela hipótese alucinatória: é que, se o pensamento,
ardentemente voltado para as pessoas caras, fosse a causa determinante dos
fenômenos, o moribundo, em lugar de experimentar exclusivamente formas
alucinatórias representando defuntos – por vezes, mesmo, defuntos esquecidos
pelo doente – deveria ser sujeito, as mais das vezes, a formas alucinatórias
representando pessoas vivas às quais fosse vivamente ligado – o que não se
produz.
Verifica-se, ao contrário, que
não há exemplo de moribundos que percebam supostos fantasmas de vivos ou lhes
dirijam a palavra da mesma maneira que às visões dos mortos. Só com estes se
produzem os diálogos.
São bem conhecidos os casos de
agonizantes que têm tido visões de fantasmas que se crê sejam de pessoas vivas;
mas, nesses casos, verifica-se invariavelmente, em seguida, que essas pessoas
tinham morrido pouco antes, posto que nenhum dos assistentes nem o próprio
doente o soubessem.
É preciso reconhecer que essas
considerações se revestem de alto valor indutivo, no sentido da interpretação
espírita dos fatos, ainda que a demonstração experimental da legitimidade dessa
explicação seja muito difícil, por causa da própria natureza dos fatos de que
se trata. De qualquer modo, essas considerações contribuem para fazer melhor
sobressair a oportunidade de uma nova análise mais atenta dos casos de que nos
ocupamos.
Passo agora a expor um exemplo...:
Na vida do Rev. Dwight L. Moody, ardente propagandista
evangélico, nos Estados Unidos, escrita por seu filho, encontra-se o seguinte
relato dos seus últimos momentos:
“Ouviram-no, de repente, murmurar:
– A Terra se afasta,
o céu se abre diante de mim; já lhe ultrapassei os limites; Deus me espera; Não
me chamem; tudo isso é belo; dir-se-ia uma visão de êxtase. Se tal é a morte,
como é doce!...
Reavivou-se-lhe o rosto e com alegre expressão de arrebatamento
exclamou:
– Dwight! Irene!
Vejo as crianças. (ele fazia alusão a dois de seus netos que estavam mortos)
Em seguida, voltando-se para a consorte, lhe disse:
– Tu foste sempre
uma boa companheira para mim.
Depois destas palavras perdeu a consciência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário