(Charles Proctor com sua mãe Amber Schofield - Credit: PA Real Life)
Jorge Hessen - jorgehessen@gmail.com
Efetivamente, ninguém está
preparado para receber a notícia de que o filho tem câncer, ainda mais quando
se trata de uma criança. E nada é capaz de preparar um pai e uma mãe para ver
essa criança perder a batalha.
Em Lancashire, na Inglaterra, o
menino Charles Proctor, de 5 anos, pediu “desculpas” à mãe antes de falecer em
seus braços. Ele tinha um tipo raro de câncer e desencarnou no colo de sua mãe,
Amber Schofield.
No mês de novembro de 2018,
Schofield, 24 anos, segurava o pequeno Charles no colo, quando ele deu seu
último suspiro. Em um post emocionado na página que criou no Facebook para
contar a história do garoto e pedir ajuda financeira para que ele pudesse
realizar um transplante nos Estados Unidos, ela relatou que, algumas horas
antes de desencarnar, o menino disse a ela: “Mamãe, me desculpe por isso[2]”.
É dificílimo imaginar o tamanho
da angústia pela qual passou Amber Schofield. Só quem viveu situações
semelhantes pode descrever. Imaginemos a aflição da mãe ao ouvir o pedido de
“desculpas” do filho, por uma situação da qual ele não tinha controle algum,
apenas por vê-la sofrer. Todavia, a dignidade que Schofield experimentou, sem
revolta e com humildade, demonstrou o quanto ela estava preparada para a
situação.
Foi-se o corpo de Charles, não
sua essência, o espírito imortal, que o corpo habitava. Há muitas pessoas que
passam por experiência análoga, porém revoltam-se e blasfemam.
No século XIX, Allan Kardec
inquiriu aos espíritos: “qual a utilidade das mortes prematuras”? E os
Benfeitores responderam: que “a maioria das vezes servem como provação para os
pais[3]”.
Todavia, alguns insistem em dizer que é uma terrível tragédia ver uma vida, tão
cheia de esperanças, ser ceifada prematuramente.
Pacifiquemos a consciência em
vez de nos infelicitarmos quando for dos desígnios de Deus retirar um de nossos
filhos deste planeta de provas e expiações. Concebemos que muitas situações
chamadas de infelicidade, segundo apressadas interpretações, cessam com a vida
física e encontram a sua compensação na vida além-túmulo.
Há casos de desencarnações
precoces que não estão inseridos no processo de consequências naturais das
escolhas do passado delinquente e configuram sim, ações meritórias de Espíritos
missionários que renascem para viverem poucos anos em contato com a carne em
função de tarefas espirituais relevantes. Sobre isso, o Espirito André Luiz
escreveu o seguinte:
Conhecemos grandes
almas que renasceram na Terra por brevíssimo prazo, simplesmente com o objetivo
de acordar corações queridos para a aquisição de valores morais, recobrando,
logo após o serviço levado a efeito, a respectiva apresentação que lhes era
costumeira[4].
[3]
Emmanuel, com a nobre
sensibilidade que lhe assinala o modo de ser, considera que “nenhum sofrimento,
na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro
coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio”. E
acentua, convincente: “Digam aqueles que já estreitaram de encontro ao peito um
filhinho transfigurado em anjo da agonia[5]”.
Porém, ante aqueles que demandam
a Vida na Espiritualidade, o comportamento do espírita é algo diferente, ou
pelo menos deve ser diferente, variando contudo de pessoa a pessoa, com
prevalência, evidentemente, de fatores ligados à fé e à emotividade. Chora,
discreto, mas se fortalece na oração. Na certeza da Imortalidade Gloriosa,
reprime o pranto que desliza na fisionomia sofrida, porém busca na Esperança
uma das virtudes evangélicas, o bálsamo para a saudade justa.
O Espírita sincero jamais se
confia ao desespero. “Não cede aos apelos da revolta, porque revolta é
insubordinação ante a Vontade do Pai, que o espírita aprende a aceitar,
paradoxal e estranhamente jubiloso, por dentro, vergado embora ao peso das mais
agudas aflições[6]”.
Fonte: A Luz na Mente
[4] XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu,
ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB 1988 Xavier.
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