segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

IRMÃOS DAVENPORT[1]




Ira Erastus Davenport e William Henry Davenport nasceram em Buffalo, no estado de New York, o primeiro a 17 de setembro de 1839 e o segundo a 1º de fevereiro de 1842. Seu pai, descendente dos primeiros colonos ingleses da América, ocupava posição no Departamento de Polícia de Buffalo. Sua mãe, nascida em Kent, na Inglaterra, veio criança para a América. Em 1846 a família foi perturbada alta noite por aquilo que descreveram como "batidas, socos, ruídos altos, rupturas e estalos". Isto foi dois anos antes das manifestações ocorridas com as irmãs Fox.
Os dois rapazes Davenport e a sua irmã Elizabeth, a mais moça dos três, experimentaram pôr as mãos sobre a mesa, na esperança de que alguma manifestação ocorresse. De pronto, ruídos fortes e violentos foram ouvidos e mensagens eram transmitidas. A notícia espalhou-se e, do mesmo modo que com as irmãs Fox, centenas de curiosos e de incrédulos se amontoavam na casa.
Ira desenvolveu a escrita automática e distribuiu entre os presentes mensagens escritas com extraordinária rapidez, contendo informações que ele não podia possuir. Logo se seguiu a levitação e o rapaz era suspenso no ar por cima das cabeças dos que se achavam na sala, a uma altura de nove pés do solo. Depois o irmão e a irmã foram igualmente influenciados e os 3 flutuaram no alto da sala. Centenas de cidadãos respeitáveis de Buffalo são citados como tendo presenciado esses fatos.
Uma vez, quando a família tomava a refeição, as facas, os garfos e os pratos dançaram e a mesa foi erguida no ar. Numa sessão, pouco depois disso, um lápis foi visto escrevendo a plena luz do dia, sem qualquer contato humano. Então as sessões passaram a ser feitas com regularidade, começaram a aparecer luzes, e instrumentos de música boiavam no ar e eram tocados acima das cabeças dos circunstantes. A voz direta e outras manifestações extraordinárias se seguiram muito numerosas.
Atendendo ao pedido das inteligências comunicantes, os irmãos começaram programando os vários lugares onde seriam realizadas sessões públicas. Entre estranhos, insistiam pedidos de testes. A princípio os rapazes eram segurados por pessoas escolhidas entre os presentes, mas isso foi considerado insatisfatório, porque pensavam que aqueles que os seguravam eram comparsas. Então passaram a amarrá-los com cordas. A leitura da lista das engenhosas maneiras de controle que eram propostas, sem que pudesse haver interferência, mostra como é impossível convencer céticos e presunçosos. Desde que um processo de controle dava resultado, outro era logo proposto para substituí-lo.
Certa feita, os professores da Universidade de Harvard examinaram os rapazes e os amarraram com 150 metros de cordas de maneira brutal, colocando-os em sala preparada com muitos buracos para observação. Todos os laços da corda foram amarrados com fios de linho e um deles, o prof. Pierce, isolou-se dentro do gabinete, entre os dois rapazes. Imediatamente mostrou-se a mão de um fantasma, moveram-se instrumentos, que eram notados pelo professor junto à sua cabeça ou ao seu rosto. A cada instante ele procurava os rapazes com as mãos, sempre constatando que eles estavam imobilizados. Por fim os operadores invisíveis libertaram os rapazes de suas amarras e quando o gabinete foi aberto, as cordas foram encontradas enroladas no pescoço do professor. Depois de tudo isso os professores não fizeram nenhum relatório. Não estavam preparados para o desfecho e certamente o teriam feito em cores berrantes se houvessem detectado o mínimo indício de fraude.
Passaram então os Davenport a viajar, fazendo grandes exibições à maneira de espetáculos circenses. Alugavam salões e desafiavam todo mundo a vir assistir aos fenômenos que ultrapassavam os limites das crenças ordinárias. Não era preciso ser arguto para prever uma forte oposição: assim aconteceu. Mas eles atingiram os objetivos que certamente tinham em vista os dirigentes invisíveis.
Na Inglaterra, chamaram a atenção do público como nunca para tal assunto. Mas não se limitaram a atuar apenas neste país. Estiveram em Hamburgo e depois em Berlim, mas, como os esperavam uma guerra (desde que os guias a tinham previsto), a excursão não foi lucrativa. Gerentes de teatro lhes ofereceram elevadas somas para algumas exibições, mas, seguindo o conselho do seu sempre presente Espírito Monitor, que disse que as suas manifestações deviam ser conservadas acima do nível dos divertimentos teatrais, desde que eram supernaturais eles recusaram o convite.
Após serem visitados por membros da família real seguiram para a Bélgica onde alcançaram notável sucesso em Bruxelas, bem como nas principais cidades. A seguir foram à Rússia onde fizeram algumas sessões públicas em auditórios e residências famosas. Depois disso foram à Polônia e à Suécia retornando a Londres para novas apresentações.
Os Davenport, com seus estilos de divulgação dos fenômenos espíritas por espetáculos, contribuíram generosamente para o alargamento da compreensão e da curiosidade acerca do Espiritismo. Palhaços? Talvez haja quem o diga, mas dificilmente deixar de envergonhar-se um dia por haver empregado tal qualificativo.




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