Adriana Machado
Vocês têm a sensação de que
estão enfrentando uma batalha diariamente? Por vezes, é assim que me sinto!
Todos os dias, acordamos com a
sensação de que não podemos esmorecer, que não podemos nos deixar abater diante
das experiências que já estamos vivendo ou das que iremos enfrentar. Todos os
dias, já acordamos armados, buscando fôlego para não desanimarmos ante a falta
de uma visão mais esperançosa, seja na nossa vida, seja na vida de outras
pessoas que, indiretamente, tomamos conhecimento e nos influenciamos.
Comecei a sentir isso e percebi
que a cada dia estava mais e mais cansada. A cada dia parecia que as minhas
forças estavam se esvaindo... e eu não sabia para onde estavam indo!
Comecei a me entregar a uma
sensação de abandono e impotência... e tenho de dizer que é horrível viver
assim! Mas, não pensem que estava depressiva. Não! Eu estava bem... bem para
conseguir flagrar esse processo em mim e me policiar para não descer mais
fundo. E por esta razão, imagino o quão é arrebatador estarmos portadores da depressão.
Não a desejo para ninguém e não critico quem está com dificuldade para
superá-la.
De qualquer forma, como eu
dizia, vendo-me entrar neste processo, precisei parar e ter coragem para
descobrir o que estava “errado” em mim. Graças a Deus, achei e continuo achando
algumas respostas e elas serviram e servirão como ferramentas imprescindíveis
para a superação desta fase na minha vida. Afirmo que, tomando coragem e
fazendo essa análise, cada um poderá achar as suas próprias respostas[2].
Mas, o que seria esse momento,
afinal de contas? Dentre tantas outras respostas, posso afirmar que é um
período em que estamos vivendo o nosso presente tendo o nosso passado
incompreendido como base.
Pode parecer óbvio e infalível o
que acabei de dizer, afinal, o presente sempre terá o passado como base, mas
precisamos fazer algumas ressalvas. Passado é passado e quando não o deixamos
lá, principalmente nas experiências que não superamos, estaremos vivenciando no
hoje:
·
todos os traumas nele (passado) criados,
· todas as nossas crenças limitantes que
construímos com os traumas, usando-as como se fossem as ferramentas certas,
mas, na essência, sendo equivocadas para o nosso caminhar.
Diante dessa nossa ação,
estaremos literalmente construindo uma vida sobre um terreno bem instável de
areia fofa. A qualquer momento, sob qualquer tempestade, ela (construção)
sucumbirá por falta de segurança ou fortaleza de nossa base.
Para não haver dúvidas sobre o
que estou falando, quando afirmamos que o presente tem o passado como alicerce,
não é o passado em si, mas todo entendimento que extraímos das experiências que
já vivenciamos.
A base de nosso presente deve
ser o aprendizado e não o resultado que extraímos das nossas vivências no
ontem.
Dentre outras explicações, a
sensação de fragilidade, de desgosto com a vida, são o resultado de nos perdermos
em nossos medos e angústias que têm o seu foco nas experiências que
vivenciamos, mas que com elas ainda não aprendemos toda a essência do que é necessário
para o nosso caminhar seguro.
Assim, ouvimos muito sobre as
posturas otimistas e espiritualizadas que devemos tomar para não sucumbirmos
diante das dificuldades diárias que enfrentamos, mas, se não compreendermos que
a nossa base está instável, continuaremos acrescentando mais peso sobre paredes
que não aguentarão todo o peso nelas depositado.
Friso aqui que não estou dizendo
que precisamos saber a origem de todo e qualquer trauma, mas sim que precisamos
tornar segura a base, iniciando: por um processo de alimentar em nós a certeza
de:
·
que cada experiência vivida é uma benção para o
nosso crescer,
· que apesar das dificuldades, tudo passa e, com
certeza, estaremos melhores amanhã,
· que nossas crenças deixarão de ser limitantes,
ficando o passado no passado naquilo que ainda não temos condição de
compreender,
· que não sabemos o que fazer faz parte de nossa
elevação e não precisamos nos punir por isso,
· e, tentando colocar em prática todos os itens
anteriores, nossos dias estarão mais sadios e leves porque essa será a nossa
verdade.
Estaremos vencendo o passado
quando, deixando-o nos influenciar no momento certo de cada vivência, ele
depositará aos nossos pés os instrumentos com os quais antes já nos deparamos,
mas, pela nossa falta de compreensão não os tínhamos entendido. Agora, no
entanto, com o pouco do que já vivenciamos, poderemos melhor usá-los para a
depuração de nosso ser.
Assim, o passado estará por nós
e não contra nós.
Um viva para a nossa vitória!
[2] Não estou falando de casos em que a depressão já seja
uma realidade. Para esse quadro, somente através de um acompanhamento
profissional, associado ao enriquecimento espiritual, poderá auxiliar
efetivamente na sua superação.
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