quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

AMOR MATERNO[1]




O amor maternal é uma virtude ou um sentimento instintivo comum aos homens e aos animais?
‒ É uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor pelos filhos no interesse de sua conservação. Mas entre os animais esse amor é limitado às necessidades materiais e cessa quando os cuidados tornam-se inúteis. Entre os homens ele persiste por toda a vida, e comporta um devotamento e uma abnegação que são da virtude. Sobrevive mesmo à morte e segue o filho além do túmulo. Bem vedes que há nele outra coisa mais do que no animal.
Questão 890 – Livro dos Espíritos

O amor materno é semente divina lançada no coração da mãe, para que ela possa cuidar com mais eficiência dos seus filhos. No entanto, a razão vem nos alertar para que não possamos traduzir esse amor em apego, comumente visto em demasia em alguns pais.
Os animais têm esse amor, na dimensão dos instintos, porém, quando se não faz mais necessário, eles o esquecem, entregando os filhotes à natureza e, certamente, aos Espíritos que cuidam dos animais em todas as suas sequências de vida. Nas criaturas humanas, esse amor avança mais e por vezes ultrapassa o túmulo, e mesmo várias reencarnações, principalmente na personalidade da mãe, onde o coração responde a todas as ansiedades no que tange ao amor materno, às vezes com uma grande mistura de apego desnecessário. Mas, a vida vai lhes ensinando que todos somos irmãos. O amor do animal é instinto; o da mãe, alcançou outra dimensão de vida.
A lei da reencarnação é uma escola de equilíbrio. Enquanto em uma vida abraçamos como filhos certa quantidade de companheiros, em outra isso já podemos mudar e termos outros, como também podemos passar a ser filha ou filho em vez de mãe ou em vez de pai. Essas mudanças têm a finalidade de educar os Espíritos, no que se refere ao amor.
Nem tanto quanto o animal, nem quanto o homem, mais tarde a intuição feminina vai vigorar e fazer compreender o coração até onde ele pode ir com o amor maternal, para que se torne verdadeiro amor universal, como de Deus para a humanidade. Devemos sempre, nestas horas, buscar Jesus para compreendermos o que e quando devemos amar ajudando.
Meditemos em Lucas, no capítulo vinte e um, versículo trinta e três, que assim anotou: Passará o céu e a Terra, porém as minhas palavras não passarão.
As palavras de Jesus, no que se refere à educação dos povos, não passaram. Quando Ele estava na Terra, a serviço de Deus, e Sua mãe e irmãos O buscaram, como foi a Sua resposta? O amor aos pais mudou para o amor a Deus sobre todas as coisas.
O amor dos pais se limita às necessidades, enquanto o de Deus é sem limite, por sermos todos iguais, na igualdade do amor que nos criou. O amor materno, consciente, e o instintivo do animal têm a mesma fonte, porém, se expressam de formas diversas, de acordo com as necessidades de quem precisa dele. Deus atende a todos com o mesmo amor, só que cada um recebe o que precisa receber, na pauta da sua própria vida.
A mãe de amanhã vai reconhecer o verdadeiro amor para com seus filhos, porque ele, além das necessidades, prejudica e cria dificuldades para o filho, que deve aprender muitas coisas a sós, sem a intervenção dos pais.
No mundo espiritual notam-se muitas mães sofrendo com as lições que os filhos devem aprender, desejando, e mesmo pedindo, para que eles não sofram o que eles mesmos criaram, embora eles precisem passar por determinados testemunhos. Por vezes, elas são retiradas de perto dos seus tutelados, para que eles sejam eles mesmos. No entanto, os pais, nos mundos elevados, não interferem nas provas dos filhos; apenas insuflam ânimo nos seus corações para que passem por todos os infortúnios com coragem. Esses pais são felizes, vendo seus filhos vencerem todas as dificuldades do caminho.




[1] Filosofia Espírita – Volume 18 – João Nunes Maia

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