Miramez
Não há homens
reduzidos à mendicância por suas faltas?
‒ Sem dúvida, mas se
uma boa educação moral os houvesse ensinado a praticar a lei de Deus, eles não
cairiam nos excessos que causa sua perda; é disso que depende o melhoramento do
vosso globo. (Livro dos Espíritos –
Questão 889)
A educação na vida da criatura
constitui força poderosa para o seu despertar. Com relação às condições do
mundo íntimo de cada um, se faz necessário o estímulo exterior, agindo, como que
um chamado.
A educação moral do homem já é
um merecimento; quantas almas, podemos observar, reencarnam em lugares em que
os seus pais desconhecem até mesmo a higiene! É culpa delas, renascerem neste
ambiente? Isso tudo é processo de vida, são linhas traçadas pelo próprio
Criador, para que mais tarde venham a merecer uma volta ao meio social, entre
povos mais educados e conhecedores da higiene, onde se tem notícias dos altos
ensinamentos do Evangelho. Em muitos casos, mesmo assim muitos ainda não se
interessam por estas oportunidades, por lhes faltar maturidade para tal
desempenho moral.
Todavia, quando o Espírito tem
certa evolução moral, mesmo renascendo em lugares e famílias desprovidas de
certa educação, ele busca dentro de si, nos recursos conquistados em suas próprias
experiências, o que lhe falta na vida e, ainda mais, passa a ensinar pela vida,
aquilo que os que o rodeiam não têm para dar. Podemos buscar na fonte universal
o suprimento para nossas carências, quando já atingimos esse preparo nas
andanças pela Terra.
Certamente que, quando a criança
encontra no mundo um lar que a possa instruir na moralidade, mesmo que sua
natureza inferior recuse, fica alguma fragmentação desses ensinamentos na
consciência, semeadas na sua intimidade, e que o futuro é capaz de revelar.
Como aconteceu com os grandes
personagens, nunca aprendemos de uma só vez; o aprendizado ocorre por sequência,
no silêncio da vida.
Não é culpa de ninguém quando
alguma criatura não aprende a lição com mais rapidez, como acontece com certos
companheiros; é por lhes faltar a ação do tempo a seu favor. Estamos todos
caminhando, e os caminhos nos ofertam lições permanentes, por força da lei
universal do crescimento espiritual.
Não existe um Espírito
perfeitamente igual ao outro, em nenhuma circunstância e as desigualdades são
marcas do tempo e do aprendizado. São inúmeros os caminhos pelos quais passamos;
somos todos iguais na estrutura congênita, mas cada um de uma idade sideral, assimilando
conceitos e guardando experiências na diversidade que nos traz a programação universal.
Mas, na vida, como os rios, desembocamos todos no grande mar, que é Deus. O homem
que já acordou para a vida espiritual pode ouvir Deus em tudo que sente, vê e
toca. O tempo ensina essa ciência espiritual.
Nos Atos dos apóstolos, no
capítulo quatro, versículo dezenove, lemos o seguinte, para a nossa instrução:
‒ Mas Pedro, e João lhes
respondeu:
‒ Julgai se é justo diante de Deus, ouvir-vos antes a vós outros do que
a Deus.
Se tudo vem do Senhor, é justo
que O ouçamos, em todos os Seus canais de comunicações com os homens, e o mais
viável é escutá-Lo pela nossa consciência. Se nasceste em uma família que te
oferta certa educação moral, e mesmo física, não desmereças essas oportunidades;
abraça-as e agradece a Deus, porque muitas criaturas sofrem a ausência desta instrução
que sempre nos leva à paz interna e a grandes esperanças de viver. Quem não
teve essa oportunidade não deve esmorecer, pois isto pode ter a sua causa no
abuso do passado, de maneira a ensinar-te a dares valor quando encontrares de
novo as lições, no que se refere à educação moral e à instrução.
Deus não tem pressa no tempo,
feito por Ele mesmo, mas nunca pára para pensar, porque tudo que sai das Suas
mãos já irradia perfeição em todos os seus aspectos.
[1] Filosofia
Espírita – Volume 18 – João Nunes Maia
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