sexta-feira, 2 de novembro de 2018

DIA DE FINADOS[1]



Miramez

O dia da comemoração dos mortos tem alguma coisa de mais solene para os Espíritos? Eles se preparam para vir visitar os que irão orar sobre seus despojos?
‒ Os Espíritos atendem ao apelo do pensamento, nesse dia como nos outros dias.
Esse dia é para eles um dia de encontro junto às suas sepulturas?
‒ Nesse dia estão aí em maior número, porque existem mais pessoas que os chamam; mas cada um vem por causa dos seus amigos e não pela multidão dos indiferentes.
Sob que formas comparecem e como os veríamos, se pudessem tornar-se visíveis?
‒ Sob a que eram conhecidos como encarnados.
Livro dos Espíritos – Questão 321


À comemoração do dia dos chamados mortos, sempre se encontram presentes os Espíritos vivos, mais vivos do que os encamados que presenciam as comemorações a eles oferecidas.
Os pensamentos dos familiares e amigos cortam o espaço em busca dos seus queridos, e eles os atendem. As ondas mentais são como que chamados, são buscas da forma, conforme se encontra registrado no próprio Evangelho de Jesus: Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á.
Os Espíritos superiores os atendem sempre com o objetivo de ajudá-los, transmitindo para seus familiares ideias de renovação, pensamentos superiores de trabalho e de caridade.
Quantas vezes presenciamos famílias que antes gastavam altas somas, levando flores caríssimas em forma de coroas bem cuidadas, e depois passaram a ajudar os pobres com alimentos e roupas com o dinheiro que iriam gastar no Dia de Finados! Isso aconteceu, certamente, por inspiração dos Espíritos elevados. Acreditamos que a colocação de flores nos túmulos é uma manifestação de carinho e de amor para com os que partiram; no entanto, como se vive em um mundo onde a fome e a nudez, a falta de teto e de instrução está generalizada, esse dinheiro gasto sem maior importância, pode ser transformado em ajuda para os que se encontram na carne.
Verdadeira fortuna é gasta no mundo todo, em flores que, no outro dia, não existem mais. O próprio tempo, os ventos e o sol não aprovam os atos dos homens, destruindo com rapidez as variadas flores que ornamentaram as sepulturas.
A maioria dos homens não sabe usar a economia da vida. Quando o Evangelho for vivido em todas as nações, desaparecerão da face da Terra a miséria, a peste, a fome, a falta de teto e de roupa. A humanidade começara a viver no paraíso tão decantado pelos profetas de todas as épocas da humanidade.
Os Espíritos elevados não rendem culto aos restos mortais; quando os deixam, agradecem a natureza e partem para outras etapas da vida, onde podem ser mais úteis às belezas imortais da própria existência. Somente os inferiores permanecem junto aos familiares, semiconscientes, às vezes prejudicando seus excompanheiros.
Para orar pelos que partiram, para executar esse gesto de amor, podemos estar onde quer que seja, pois os fios dos pensamentos viajam sem impedimento pelo espaço, indo em busca daqueles que merecem o seu amor. A súplica não deve ser feita somente no Dia de Finados; façamo-la todos os dias, que a prece com o coração em Jesus é alimento para todas as almas, tanto aquela que ora, quanto a que recebe essas bênçãos de luz.
No Dia de Finados, certamente que se reúne um maior numero de Espíritos, pelo maior número de encarnados buscando-os pelos pensamentos, e os Espíritos esclarecidos os atendem, como já falamos, para ajudá-los no que diz respeito aos seus ideais de amor.
Se os homens tivessem olhos para ver e ouvidos para ouvir a multidão de desencarnados que acompanham os encarnados todos os dias, nos lares, nas ruas, nos serviços, no lazer, em toda parte, ficariam desajustados emocionalmente. A quantidade é muito maior do que se pensa ser e não precisaríamos ir aos cemitérios adorar ou lembrar dos nossos mortos, que estão mais vivos que nunca.
Mas, os tempos estão chegando e a realidade se apresentando como o sol, de maneira que o intercâmbio entre os dois mundos passará a ser fato comum entre todas as criaturas, os Espíritos se encontram todos os dias nos lares, ajudando os familiares a pensar, a sentir a vida, dentro das leis de Deus. Falta somente os homens fazerem a sua parte, criando o ambiente para que tais comunicações fiquem mais visíveis, sem sofrerem a influência da ignorância. E a Doutrina dos Espíritos vem ajudar os seres humanos a compreenderem essa verdade, que cada vez mais se encontra visível no mundo.




[1] Filosofia Espírita – Volume 7 – João Nunes Maia

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