Miramez
(…) O intercâmbio com os Espíritos é muito
desejado por todos os que chegam à Doutrina Espírita, sem conhecer o engenhoso
processo por que devem passar os companheiros de aprendizado. Se a mediunidade
é fato natural no ser humano, a razão adverte-nos de que o seu desenvolvimento
não pode desobedecer à sequência da naturalidade. Toda violência, nesse campo,
tem como resposta o desastre e o desequilíbrio psicossomático.
O erro que se nota em muitas
casas espíritas é a tendência de forçar o desenvolvimento das faculdades
mediúnicas, numa chamada insistente de Espíritos de todas as qualidades, para
que possam se apossar das pessoas presentes às reuniões. Sentam-se à mesa, com
vontade de servir, não resta dúvida, mas se esquecem das consequências que
advirão da falta de habilidade, na ânsia de fazer o melhor.
Os diretores das sessões,
comumente, são desprovidos de experiência para lidar com o invisível. Comandam
uma reunião, chegando às carreiras, e não despregam os olhos do relógio para
uma volta apressada, queimando, assim, todo o material fluídico que os
Espíritos trazem, por amor e caridade. E aquele magnetismo da pressa espraia-se
pelo ambiente todo, fazendo-o esquecer-se da incumbência que o levou àquela
reunião, cujo objetivo é levar a tranquilidade a todos e o entendimento aos
Espíritos menos esclarecidos. A base de uma reunião elevada é, pois, a
segurança mediúnica, que se faz através da sabedoria do medianeiro, aliada ao
amor incondicional.
Se és candidato à mediunidade,
se palpita em teus sentimentos a vontade de servir de instrumento à comunicação
dos Espíritos, analisa quem és para saberes com quem haverás de te
comunicar.
Não podemos deixar de descrever
o que se processa, no trabalho mediúnico desavisado, àquele que desconhece a
realidade espiritual: entre dois corpos que o Espírito usa para comandar o
físico, o astral e o etérico, encontra-se estruturado um filtro, muito parecido
com uma tela sutil, altamente trabalhado pela natureza, em conexão com a
Inteligência Suprema, que de nada se esqueceu a nosso favor. Essa tela etérica, no dizer dos estudiosos
das coisas espirituais, serve de barreira à comunicação constante entre os dois
mundos, permitindo tão somente o intercâmbio com os Espíritos superiores, já
que essa tela dá passagem aos fluidos puríssimos que provêm das altas esferas.
Assim como o filtro de um lar dá passagem facilmente à água já pura, sem ceder
lugar ao líquido poluído, o mesmo se passa no campo do Espírito. Todavia, é
interessante saber que essa tela etérica pode romper-se. E isso acontece com
frequência. Aí, o próprio médium, ao desenvolver-se, manifesta desequilíbrio em
todos os setores da sua sensibilidade. Essa tela é feita de átomos espirituais
altamente afins, que se congregam por atração magnética da própria consciência,
com o auxílio dos guias do tutelado. Mas ela se rompe por variadas causas,
contrárias às leis naturais, como o fumo, que se volatiliza, no seu uso
exagerado e corrói a tela sutil desse filtro fluídico que protege o medianeiro.
O mesmo ocorre com o álcool, a carne em demasia e as drogas.
Na parte mental, vamos encontrar
os maiores inimigos dessa segurança mediúnica, que são o ódio, a vingança, a
maledicência, a brutalidade, a usura. Pensamentos que envolvem tais sentimentos
provocam uma espécie de curto-circuito na tela etérica, rompendo seus delicados
filamentos e colocando o médium em estado de dependência com os Espíritos
inferiores. Eis aí a obsessão, desequilíbrio presente em grande maioria dos
medianeiros, em todo o mundo. Ainda existem outros perigos que mencionaremos
depois, quando surgir oportunidade de conversarmos, pelos meios da escrita e da
presença espiritual.
(…) O canal sujo suja a água que
vem do céu. E, se atraímos o nosso semelhante pela lei dos afins, o médium
consciente do seu dever sabe a que tipo de entidade estão servindo as suas
faculdades.
Se desejas fazer o bem a quem
caminha contigo, ama muito, mas não te esqueças de instruir, sempre. Educa, em
todos os momentos, mas lembra-te, constantemente, de aplicar a disciplina em
teus passos. Fala, nas horas certas, sem te esqueceres de vigiar o que dizes,
para que possas dizer, na amplitude dos teus trabalhos, sem exigências, como
falou o grande apóstolo dos gentios: “O Cristo em mim é motivo de glória”.
[1] Extraído de MAIA, João Nunes. Segurança Mediúnica. 22.
Ed. / pelo Espírito Miramez. Belo Horizonte: Fonte Viva, 2011.
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