As Correspondências Cruzadas ou
“Cross-Correspondences”, em inglês, que segundo Bozzano, o termo que melhor
explica o fenômeno, seria como propôs o prof. T. Flournoy – “Mensagens
Complementares”, também conhecidas como “Mensagem Latina”.
As Correspondências Cruzadas
foram comunicações obtidas pela escrita automática por médiuns diferentes,
geralmente distantes uns dos outros. Cada comunicação se apresentava cheia de
lacunas, quase sempre ininteligíveis quando isoladamente apreciadas, mas, quando
reunidas como as peças de um jogo de paciência, o quadro estava perfeito. Os
médiuns não tinham qualquer comunicação entre si, muitas habitavam cidades
diferentes e nem se conheciam. E de um modo geral, as mensagens quase sempre
foram entregues ao mesmo tempo.
Conforme Oliver Lodge:
O fim desses esforços
engenhosos e complicados, é evidentemente o de provar que esses fenômenos são
obra de inteligência bem definidas, distintas da de qualquer um dos autômatos.
A transmissão por fragmentos de uma mensagem ou de um trecho literário
ininteligível para cada um dos escreventes, tomada insuladamente, exclui a
possibilidade de uma comunicação telepática entre estes.
As primeiras experiências
tiveram início em Londres, na Inglaterra, na manhã do dia 17 de Dezembro de
1906 e se estenderam até o dia 2 de Junho de 1907.
Sete médiuns psicógrafos tomaram
parte:
● A Sra. Piper, nos Estados
Unidos;
● A Sra. Verral, em Cambridge,
Inglaterra;
● A Srta. Helen G. Verral, filha
do casal Verral;
● A Sra. Forbes, em Londres;
● A Sra. Holland, na India;
● A Sra. Willett, em Londres;
● A Sra. Thompson, em Londres.
Nestas comunicações o mesmo
Espírito se manifestava por dois ou três médiuns, fornecendo mensagens
fragmentárias a cada um deles. Só quando foram reunidas as comunicações é que
se verificou a interligação entre elas. Assim, dois médiuns recebiam duas
diferentes mensagens, mas a conexão entre ambas surgia numa terceira mensagem,
obtida por outro médium. As mensagens eram recebidas em Latim e vertidas para o
inglês pelo Dr. A. W. Verral, esposo da médium Sra. Verral.
Vale ressaltar que, quando, mais
tarde, as mensagens foram comparadas, apresentava relação com três homens já falecidos,
todos tinham sido fundadores, em 1882, da Society for Psychical Research (S.P.R.).
Foram eles:
● Henry Sidgwick (1838-1900),
● Frederic Myers (1843-1901) e
● Edmund Gurney (1847-1887).
Acrescentando Bozzano:
Complicam também a
natureza das comunicações, tiradas da literatura antiga, pela sutileza das
alusões e pelo embaralhamento. Só um longo estudo permite reconstituir esse
jogo de paciência literário e perceber a intenção que presidiu à sua reunião.
No entanto, como seria de se
esperar, as Correspondências Cruzadas foram criticadas por vários
pesquisadores.
O Sr. J. G. Piddington julgou
que não era propriamente a mente de Myers, mas uma imitação artística
deliberada de suas características mentais.
Por outro lado, Sir Oliver Lodge
e Sir William Barrett opinaram favoravelmente, anotando o último que: “Certamente
nenhuma inteligência encarnada teria planejado, coordenado e dirigindo-as”.
Os mortos, no entanto, tinham
sido todos e sem exceção, eruditos em cultura clássica.
A S. P. R. de Londres, através
de J. G. Piddigton preferiu não admitir a sobrevivência da alma após a morte. E
conquanto tenha se defrontado com tantas e constrangedoras evidências, preferiu
assumir uma posição que não a comprometesse no contexto da comunidade
científica.
As correspondências estão
reunidas em 24 volumes, cada um deles com cerca de 500 páginas, perfazendo um
total de 12 mil páginas de provas coletadas por um extenso período (trinta anos,
segundo o pesquisador MONTAGUE KEEN). Existem apenas 13 cópias dessas correspondências
em todo o mundo.
Referências
Bozzano, Ernesto. Metapsíquica Humana. 2ª edição, FEB, Rio,
1960. Pp. 191-203.
Carvalho, Antonio Cesar Perri de. “Os sábios e a Sra. Piper”.
1ª ed. O Clarim, Matão-SP, 1986. Pp. 66-68.
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