quarta-feira, 21 de novembro de 2018

As Correspondências Cruzadas de Frederic Myers[1]



As Correspondências Cruzadas ou “Cross-Correspondences”, em inglês, que segundo Bozzano, o termo que melhor explica o fenômeno, seria como propôs o prof. T. Flournoy – “Mensagens Complementares”, também conhecidas como “Mensagem Latina”.

As Correspondências Cruzadas foram comunicações obtidas pela escrita automática por médiuns diferentes, geralmente distantes uns dos outros. Cada comunicação se apresentava cheia de lacunas, quase sempre ininteligíveis quando isoladamente apreciadas, mas, quando reunidas como as peças de um jogo de paciência, o quadro estava perfeito. Os médiuns não tinham qualquer comunicação entre si, muitas habitavam cidades diferentes e nem se conheciam. E de um modo geral, as mensagens quase sempre foram entregues ao mesmo tempo.


Conforme Oliver Lodge:

O fim desses esforços engenhosos e complicados, é evidentemente o de provar que esses fenômenos são obra de inteligência bem definidas, distintas da de qualquer um dos autômatos. A transmissão por fragmentos de uma mensagem ou de um trecho literário ininteligível para cada um dos escreventes, tomada insuladamente, exclui a possibilidade de uma comunicação telepática entre estes.

As primeiras experiências tiveram início em Londres, na Inglaterra, na manhã do dia 17 de Dezembro de 1906 e se estenderam até o dia 2 de Junho de 1907.

Sete médiuns psicógrafos tomaram parte:

● A Sra. Piper, nos Estados Unidos;

● A Sra. Verral, em Cambridge, Inglaterra;

● A Srta. Helen G. Verral, filha do casal Verral;

● A Sra. Forbes, em Londres;

● A Sra. Holland, na India;

● A Sra. Willett, em Londres;

● A Sra. Thompson, em Londres.


Nestas comunicações o mesmo Espírito se manifestava por dois ou três médiuns, fornecendo mensagens fragmentárias a cada um deles. Só quando foram reunidas as comunicações é que se verificou a interligação entre elas. Assim, dois médiuns recebiam duas diferentes mensagens, mas a conexão entre ambas surgia numa terceira mensagem, obtida por outro médium. As mensagens eram recebidas em Latim e vertidas para o inglês pelo Dr. A. W. Verral, esposo da médium Sra. Verral.

Vale ressaltar que, quando, mais tarde, as mensagens foram comparadas, apresentava relação com três homens já falecidos, todos tinham sido fundadores, em 1882, da Society for Psychical Research (S.P.R.). Foram eles:


● Henry Sidgwick (1838-1900),

● Frederic Myers (1843-1901) e

● Edmund Gurney (1847-1887).


Acrescentando Bozzano:

Complicam também a natureza das comunicações, tiradas da literatura antiga, pela sutileza das alusões e pelo embaralhamento. Só um longo estudo permite reconstituir esse jogo de paciência literário e perceber a intenção que presidiu à sua reunião.


No entanto, como seria de se esperar, as Correspondências Cruzadas foram criticadas por vários pesquisadores.

O Sr. J. G. Piddington julgou que não era propriamente a mente de Myers, mas uma imitação artística deliberada de suas características mentais.

Por outro lado, Sir Oliver Lodge e Sir William Barrett opinaram favoravelmente, anotando o último que: “Certamente nenhuma inteligência encarnada teria planejado, coordenado e dirigindo-as”.

Os mortos, no entanto, tinham sido todos e sem exceção, eruditos em cultura clássica.

A S. P. R. de Londres, através de J. G. Piddigton preferiu não admitir a sobrevivência da alma após a morte. E conquanto tenha se defrontado com tantas e constrangedoras evidências, preferiu assumir uma posição que não a comprometesse no contexto da comunidade científica.

As correspondências estão reunidas em 24 volumes, cada um deles com cerca de 500 páginas, perfazendo um total de 12 mil páginas de provas coletadas por um extenso período (trinta anos, segundo o pesquisador MONTAGUE KEEN). Existem apenas 13 cópias dessas correspondências em todo o mundo.




Referências

Bozzano, Ernesto. Metapsíquica Humana. 2ª edição, FEB, Rio, 1960. Pp. 191-203.

Carvalho, Antonio Cesar Perri de. “Os sábios e a Sra. Piper”. 1ª ed. O Clarim, Matão-SP, 1986. Pp. 66-68.

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