Geley nasceu em Nancy, na França,
em 14 de julho de 1865. Formado em Medicina pela Faculdade de Lyon, clinicou
até 1918 em Annecy, onde alcançou grande reputação. Interessando-se pelos
fenômenos paranormais, realizou muitos estudos que ficaram registrados em anais
científicos da época. Realizou notáveis investigações em 1916 com a médium Eva
Carriére. Em 1919 assumiu a direção do Instituto Metapsíquico Internacional,
onde obteve fenômenos extraordinários com o médium polonês de materializações
Franck Kluski. Em 1922 e 1923 promoveu outra série notável de sessões de
ectoplasmia, com o médium Jean Guzik, do que resultou o histórico
"Manifesto dos 34", assinado por eminentes homens de ciência,
médicos, escritores e peritos da polícia. De 1921 a 1923 realizou, quer em
Varsóvia, quer em Paris, experiências com o médium polonês Stephan Ossoviecki.
Publicou várias obras, destacando-se: “Ensaio”(1897);
“O Ser Subconsciente”(1899); “Monismo Idealista e Palingenésia”(1912); “A
Chamada Fisiologia Supranormal e os Fenômenos de Ideopalastia”(1918); “Do Inconsciente
ao Consciente”(1919); “A Ectoplasmia e a Clarividência”(1924). Nesta última
obra o autor anuncia um volume complementar intitulado "Gênese e
Significado dos Fenômenos Metapsíquicos", que não chegou a ser publicado
em virtude do acidente em que faleceu aos 49 anos.
O seu primeiro trabalho, em
ordem cronológica, é um resumo da doutrina espírita, que ele organizou para seu
próprio uso, ou, como disse, para fixar suas próprias ideias a respeito do
Espiritismo. Tão bom ficou, que alguns amigos convenceram-no a publicá-lo sob a
forma de um ensaio. A boa ordenação das ideias ele adquirira anteriormente
quando foi atraído pelo Positivismo de Augusto Comte, que exerceu profunda
influência na sua formação intelectual.
No livro "O Ser
Subconsciente", cujo título não é outra coisa senão o perispírito, o Dr.
Geley talvez desejasse emprestar uma terminologia mais neutra, que pudesse
interessar o homem de ciência de seu tempo. A substância que compõe o ser
subconsciente é "homogênea, inacessível aos sentidos normais,
imponderável, capaz de atravessar obstáculos materiais, suscetível de ser
projetada parcialmente, bem longe da pessoa". Por outro lado "é
visível aos sensitivos em estado de hipnose”. “O ser subconsciente
exteriorizável ‒ diz ele ‒ é o produto sintético duma série de consciências
sucessivas que se fundem nele e que pouco a pouco o constituem". E assim,
com essa terminologia, o livro faz uma síntese explicativa dos fenômenos
obscuros da psicologia normal e anormal.
Na obra "Do Inconsciente ao
Consciente" o autor desenvolve com profundidade o problema da evolução,
analisando, através de um estudo crítico, as teorias clássicas da evolução
através dos pensamentos de Darwin, de Lamarck e de Bergson. Em linguagem sempre
simples, precisa e inequívoca, encontram-se conclusões como: "Tudo se
passa em Biologia como se o ser físico fosse essencialmente constituído por uma
substância primordial única da qual as formações orgânicas não são mais que
simples representações". A leitura integral ajuda a compreensão, numa síntese
mais completa e mais vasta, da evolução coletiva e individual.
Nos dois livros acima descritos,
o Dr. Geley limitou-se praticamente à derrubada das doutrinas evolucionistas e
psicológicas de seu tempo e à meticulosa montagem de seu sistema de concepções.
Suas conclusões, sendo as mesmas da doutrina espírita, deram lugar ao
aparecimento de críticos de sua obra para declarar que o grande médico,
respeitável por todos os títulos, tinha concebido uma teoria muito complexa, de
muito largo alcance, até mesmo revolucionária, porém baseada em "fatos
insuficientemente estudados e estabelecidos". Daí a razão de
"Ectoplasmia e Clarividência". Querem fatos? Pois aí os têm. E foram
tão abundantes e tão bem documentados que as conclusões filosóficas tiveram de
ser transferidas para um outro livro.
Assim foi a vida desse luminar
da ciência que, antes de ser racional era lúcido o bastante para não cultivar
superstições. Foi um gênio que fez bom uso do seu tempo, dedicando-o na
aquisição de valores para o seu espírito e no enriquecimento da Ciência.
Gustavo Geley desencarnou nas proximidades de Varsóvia, Polônia, no dia 14 de
julho de 1924, num acidente de avião, quando regressava a Paris, após haver
assistido, em Varsóvia, a várias sessões com Franck Kluski. Retirado dos
destroços, ainda segurava a valise que continha fragmentos de moldes em
parafina obtidos nas sessões. O avião era especial e fora fretado por Geley,
por que o piloto da linha Varsóvia-Paris se negara a transportar a valise por
conter objetos "diabólicos e maléficos".
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