Marlene Nobre
O princípio da reencarnação é
uma consequência natural da lei do progresso porque, com os retornos sucessivos
ao plano físico, o Espírito consegue alcançar a perfeição. Desde o seu estágio
nos seres unicelulares, até o momento em que deu seus primeiros passos humanos
no Planeta, o princípio espiritual percorreu um longo caminho, construindo seus
próprios envoltórios, os sutis e o mais denso; mas ainda tem muito que
caminhar, até chegar ao estágio conhecido no mundo cristão como angelitude.
Embora tenha adquirido faculdades intelectuais muito desenvolvidas, suas
conquistas no campo do sentimento são ainda muito insatisfatórias, situando-o
mais próximo de sua natureza animal, com o predomínio do egoísmo, em suas atitudes.
Só a conquista do Amor
universal, condensando a caridade no seu conceito mais amplo, poderá libertar o
ser humano dos grilhões da carne e fazê-lo feliz.
No século XX, tivemos
importantes pesquisadores da reencarnação.
Recordemos os nomes de alguns
desses pioneiros.
Hamendras Nath Banerjee, professor da Universidade de Rajastan, na
índia, investigou cerca de 1.000 casos de reencarnação, tanto em seu país, como
nos EUA, contribuindo com seus trabalhos pioneiros para que ela fosse inserida
no campo da pesquisa científica.
O engenheiro Hernani Guimarães Andrade, no Brasil,
pesquisou 75 casos de reencarnação, publicando oito deles no livro “Reencarnação
no Brasil” e um em “Renasceu por Amor”.
Ian Stevenson , professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da
Universidade de Virgínia, EUA, tem cerca de 2.600 casos pesquisados, em vários
países. Depois de publicar “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação” e “Cases of
Reincarnation Type”, em quatro volumes, em que coletou expressivos casos em
diferentes países, lançou, em 1997, dois alentados volumes, cerca de 2.300
páginas, “Reincarnation and Biology”, abordando, especialmente, Marcas de
Nascença e Defeitos Congênitos, os quais vão influir muitíssimo, em futuro
próximo, nos novos rumos a serem seguidos pela Ciência Médica. Essa importante
obra merece um estudo aprofundado de todos os que se interessam em saber qual o
verdadeiro significado da vida na Terra. Lamentamos não poder comentá-la, aqui,
mas fica o registro para todos os que desejam aprofundar-se no assunto.
Todos esses trabalhos estão a
merecer exames apurados por parte dos que fazem Ciência, para que esta não se
restrinja aos acanhados compartimentos reducionistas, incapaz de alçar voos
mais altos.
Com os Espíritos Instrutores, no
século XX, obtivemos informações detalhadas e únicas em todo o mundo, com
relação ao processo reencarnatório.
Dada a impossibilidade de
descrevê-lo aqui, recomendamos os livros “Missionários da Luz” e “Entre a Terra
e o Céu”, de André Luiz.
Vamos oferecer, aqui, muito
resumidamente, alguns dados sobre este importante processo: um laço do
perispírito liga o reencarnante ao óvulo e, a partir da fecundação, ele
recomeça a nova existência; do zigoto ao feto, o ser parte de uma única célula,
para a extraordinária complexidade multicelular do recém-nascido, passando, nas
primeiras semanas, do desenvolvimento embrionário por todas as etapas
principais que atravessou, ao longo da filogênese, repetindo-as: ser
unicelular, peixe, anfíbio, réptil, ave, e, finalmente, mamífero superior. Esse
fenômeno de recapitulação, para o qual os cientistas não têm uma explicação
satisfatória, pode ser compreendido se se admite que algo vinculado ao ser vivo
conservou a memória de toda a sua história pregressa e repete-a, de forma resumida,
durante a ontogênese. Esse algo, é o Modelo Organizador Biológico (MOB), uma
das funções do perispírito. Este, para retornar à Terra, necessita deixar a
"matéria" do mundo espiritual, tornando-se mais maleável, adquirindo
maior plasticidade. Para a reencarnação, dizem os Instrutores, basta o
magnetismo dos pais associado ao forte desejo do Espírito reencarnante[2];
este, uma vez ligado ao óvulo, por laços perispirituais, inicia, na concepção,
a modelagem do novo corpo, promovendo, automaticamente, através do MOB, a
recapitulação das várias fases pelas quais passou na filogênese, adaptando-se,
paulatinamente, à matéria física[3].
Como vimos, o princípio
espiritual construiu o corpo humano e seus envoltórios ao longo de bilhões de
anos de evolução:
"Desde a ameba, na tépida
água do mar, até o homem, vimos lutando, aprendendo e selecionando...[4]".
Foi uma longa caminhada:
“Quantos séculos
consumiu (o princípio espiritual) revestindo formas monstruosas,
aprimorando-se, aqui e ali, ajudado pela interferência indireta das
Inteligências superiores?
Acolheu-se no seio
tépido das águas; através dos organismos celulares, que se mantinham e se
multiplicavam por cissiparidade. Em milhares de anos, fez longa viagem na esponja,
passando a dominar células autônomas, impondo-lhes o espírito de obediência e
de coletividade, na organização primordial dos músculos. Experimentou longo
tempo, antes de ensaiar os alicerces do aparelho nervoso, na medusa, no verme,
no batráquio, arrastando-se para emergir do fundo escuro e lodoso das águas, de
modo a encetar as experiências primeiras, ao sol do meridiano[5].
Na descrição dos Amigos
Espirituais, "viajou de simples impulso para a irritabilidade, da
irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a
razão". E, nessa viagem fantástica, em trânsito da animalidade primitiva
para a espiritualidade humana, construiu o cérebro, órgão sagrado de
manifestação da mente.
Segundo essas revelações,
publicadas no ano de 1947, o cérebro, no homem, evoluiu de modo a constituir-se
em um castelo de três andares, que tem nos lobos frontais, no córtex motor e na
medula espinhal, elementos importantes de cada uma dessas estruturas. Trata-se
de um único cérebro que se divide, porém, em três regiões distintas[6].
No primeiro andar, está o cérebro inicial, repositório dos movimentos
instintivos; onde moram hábitos e automatismos. É a sede do Subconsciente.
Armazém do passado, localiza-se, aí, o porão da individualidade, onde são
arquivadas todas as experiências e registrados os menores fatos da vida.
No segundo andar, está a sede
das conquistas atuais, representada pelo córtex motor, zona intermediária entre
os lobos frontais e os nervos.
Nele, localiza-se o Consciente, a possibilidade de
manifestação do ser, no atual momento evolutivo, contando, para isso, com duas
ferramentas fundamentais ‒ o esforço e a vontade.
No terceiro andar, localiza-se a parte mais nobre do
cérebro, representada pelos lobos frontais. Nele, configura-se o
Superconsciente, através do qual chegam os estímulos do futuro, com ênfase para
o ideal e a meta superior.
Esse modelo é muito semelhante
ao do neurocientista Paul MacLean, que assim se expressava:
Somos obrigados a
olhar para nós mesmos e para o mundo através dos olhos de três mentalidades
muito diferentes", referindo-se aos três cérebros que havia detectado em
suas pesquisas[7].
O livro de MacLean, “The
Triune Brain in Evolution”, traz uma figura esquemática sobre a evolução do
cérebro com a seguinte explicação do autor, em 1968: "Em sua evolução, o
cérebro humano expande-se seguindo as linhas de três formações básicas que
anatômica e bioquimicamente refletem relacionamento ancestral, respectivamente,
com os répteis, mamíferos primitivos e recentes. As três formações estão no
encéfalo, constituem os hemisférios cerebrais, e os elementos compreendidos do
telencéfalo ao diencéfalo.
Com relação à esquizofrenia, as
revelações espirituais afirmam que ela tem origem em perturbações sutis do
perispírito, que se traduzem, no corpo físico, em um conjunto de moléstias
variáveis e, muitas vezes, indeterminadas.
Os transtornos mentais, quase na
sua totalidade, começam nas consequências de faltas graves que o ser humano
pratica, tendo por base a impaciência ou a tristeza. Uma vez instaladas no
campo íntimo, essas forças desequilibrantes desintegram a harmonia mental.
Como fica a questão da
Consciência, neste início do século XXI? Com os extraordinários avanços da
Física Quântica, fica difícil continuar sustentando que o cérebro nos dá
consciência, inteligência, e demais atributos.
Sabe-se, hoje, que o observador
é necessário, porque ele converte as ondas de possibilidades, os objetos
quânticos, em eventos e objetos reais.
Como lembra o professor Amit
Goswami, da Universidade de Oregon, EUA, a Física Quântica trouxe três
conceitos revolucionários: "movimento descontínuo, interconectividade não
localizada e, finalmente, somando-se ao conceito de causalidade ascendente da
ciência newtoniana normal, o conceito da causalidade descendente a consciência
escolhendo entre as possibilidades, o evento real[8]".
Quando coloca esses três
conceitos, o professor Goswami argumenta:
... se a consciência
é um fenômeno cerebral, obedece à Física Quântica, como a observação consciente
de um evento pode causar o colapso da onda de possibilidades levando ao evento
real que estamos vendo? A consciência em si é uma possibilidade. Possibilidade
não pode causar colapso na possibilidade[9].
Foi raciocinando dessa forma que
ele abandonou o pensamento materialista com o qual tinha convivido durante 45
anos e abraçou o espiritualismo.
Como bem assinalou Jean Guitton,
com a física quântica:
... as
interpretações objetivistas e deterministas do Universo, conformes ao bom
senso, não se podem manter. Que deveremos admitir no lugar delas? Que a realidade
'em si' não existe; que ela depende do modo pelo qual decidimos observá-la; que
as entidades elementares que a compõem podem ser uma coisa (uma onda) e ao
mesmo tempo outra (uma partícula). E que, de qualquer modo, essa realidade é,
num sentido profundo, indeterminada. (Deus e a Ciência, p.9)
Assim, a visão materialista do
mundo desvanece-se diante dos nossos olhos.
Entramos, definitivamente, na
Era do Espírito. Preparemo-nos para uma espiral vertiginosa de novas
descobertas, nunca antes imaginadas por nossos espíritos imperfeitos.
[1] A Alma da
Matéria – Marlene Nobre - FE Editora
Jornalística Ltda.
[2] Missionários
da Luz, de André Luiz, cap. XIII, e
ver também Espírito, Perispírito e Alma
de Hernani G. Andrade
[3] Ver No Mundo
Maior, de André Luiz, caps. III e IV
[4] Idem.
[5] Idem.
[6] Ver caps. 12, 16, e outros, in No Mundo Maior, de André Luiz.
[7] Citado por Carl Sagan, in Os Dragões do Éden , cap. 3
[8] Entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, São
Paulo, e mais a tese desenvolvida pelo professor Goswami, em seu livro Universo
Autoconsciente.
[9] Idem.
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