quarta-feira, 26 de setembro de 2018

REENCARNAÇÃO, LEI BIOLÓGICA NATURAL[1]


Marlene Nobre


O princípio da reencarnação é uma consequência natural da lei do progresso porque, com os retornos sucessivos ao plano físico, o Espírito consegue alcançar a perfeição. Desde o seu estágio nos seres unicelulares, até o momento em que deu seus primeiros passos humanos no Planeta, o princípio espiritual percorreu um longo caminho, construindo seus próprios envoltórios, os sutis e o mais denso; mas ainda tem muito que caminhar, até chegar ao estágio conhecido no mundo cristão como angelitude. Embora tenha adquirido faculdades intelectuais muito desenvolvidas, suas conquistas no campo do sentimento são ainda muito insatisfatórias, situando-o mais próximo de sua natureza animal, com o predomínio do egoísmo, em suas atitudes.
Só a conquista do Amor universal, condensando a caridade no seu conceito mais amplo, poderá libertar o ser humano dos grilhões da carne e fazê-lo feliz.
No século XX, tivemos importantes pesquisadores da reencarnação.
Recordemos os nomes de alguns desses pioneiros.
Hamendras Nath Banerjee, professor da Universidade de Rajastan, na índia, investigou cerca de 1.000 casos de reencarnação, tanto em seu país, como nos EUA, contribuindo com seus trabalhos pioneiros para que ela fosse inserida no campo da pesquisa científica.
O engenheiro Hernani Guimarães Andrade, no Brasil, pesquisou 75 casos de reencarnação, publicando oito deles no livro “Reencarnação no Brasil” e um em “Renasceu por Amor”.
Ian Stevenson , professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Virgínia, EUA, tem cerca de 2.600 casos pesquisados, em vários países. Depois de publicar “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação” e “Cases of Reincarnation Type”, em quatro volumes, em que coletou expressivos casos em diferentes países, lançou, em 1997, dois alentados volumes, cerca de 2.300 páginas, “Reincarnation and Biology”, abordando, especialmente, Marcas de Nascença e Defeitos Congênitos, os quais vão influir muitíssimo, em futuro próximo, nos novos rumos a serem seguidos pela Ciência Médica. Essa importante obra merece um estudo aprofundado de todos os que se interessam em saber qual o verdadeiro significado da vida na Terra. Lamentamos não poder comentá-la, aqui, mas fica o registro para todos os que desejam aprofundar-se no assunto.
Todos esses trabalhos estão a merecer exames apurados por parte dos que fazem Ciência, para que esta não se restrinja aos acanhados compartimentos reducionistas, incapaz de alçar voos mais altos.
Com os Espíritos Instrutores, no século XX, obtivemos informações detalhadas e únicas em todo o mundo, com relação ao processo reencarnatório.
Dada a impossibilidade de descrevê-lo aqui, recomendamos os livros “Missionários da Luz” e “Entre a Terra e o Céu”, de André Luiz.
Vamos oferecer, aqui, muito resumidamente, alguns dados sobre este importante processo: um laço do perispírito liga o reencarnante ao óvulo e, a partir da fecundação, ele recomeça a nova existência; do zigoto ao feto, o ser parte de uma única célula, para a extraordinária complexidade multicelular do recém-nascido, passando, nas primeiras semanas, do desenvolvimento embrionário por todas as etapas principais que atravessou, ao longo da filogênese, repetindo-as: ser unicelular, peixe, anfíbio, réptil, ave, e, finalmente, mamífero superior. Esse fenômeno de recapitulação, para o qual os cientistas não têm uma explicação satisfatória, pode ser compreendido se se admite que algo vinculado ao ser vivo conservou a memória de toda a sua história pregressa e repete-a, de forma resumida, durante a ontogênese. Esse algo, é o Modelo Organizador Biológico (MOB), uma das funções do perispírito. Este, para retornar à Terra, necessita deixar a "matéria" do mundo espiritual, tornando-se mais maleável, adquirindo maior plasticidade. Para a reencarnação, dizem os Instrutores, basta o magnetismo dos pais associado ao forte desejo do Espírito reencarnante[2]; este, uma vez ligado ao óvulo, por laços perispirituais, inicia, na concepção, a modelagem do novo corpo, promovendo, automaticamente, através do MOB, a recapitulação das várias fases pelas quais passou na filogênese, adaptando-se, paulatinamente, à matéria física[3].
Como vimos, o princípio espiritual construiu o corpo humano e seus envoltórios ao longo de bilhões de anos de evolução:
"Desde a ameba, na tépida água do mar, até o homem, vimos lutando, aprendendo e selecionando...[4]".
Foi uma longa caminhada:
“Quantos séculos consumiu (o princípio espiritual) revestindo formas monstruosas, aprimorando-se, aqui e ali, ajudado pela interferência indireta das Inteligências superiores?
Acolheu-se no seio tépido das águas; através dos organismos celulares, que se mantinham e se multiplicavam por cissiparidade. Em milhares de anos, fez longa viagem na esponja, passando a dominar células autônomas, impondo-lhes o espírito de obediência e de coletividade, na organização primordial dos músculos. Experimentou longo tempo, antes de ensaiar os alicerces do aparelho nervoso, na medusa, no verme, no batráquio, arrastando-se para emergir do fundo escuro e lodoso das águas, de modo a encetar as experiências primeiras, ao sol do meridiano[5].
Na descrição dos Amigos Espirituais, "viajou de simples impulso para a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a razão". E, nessa viagem fantástica, em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana, construiu o cérebro, órgão sagrado de manifestação da mente.
Segundo essas revelações, publicadas no ano de 1947, o cérebro, no homem, evoluiu de modo a constituir-se em um castelo de três andares, que tem nos lobos frontais, no córtex motor e na medula espinhal, elementos importantes de cada uma dessas estruturas. Trata-se de um único cérebro que se divide, porém, em três regiões distintas[6]. No primeiro andar, está o cérebro inicial, repositório dos movimentos instintivos; onde moram hábitos e automatismos. É a sede do Subconsciente. Armazém do passado, localiza-se, aí, o porão da individualidade, onde são arquivadas todas as experiências e registrados os menores fatos da vida.
No segundo andar, está a sede das conquistas atuais, representada pelo córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos.
Nele, localiza-se o Consciente, a possibilidade de manifestação do ser, no atual momento evolutivo, contando, para isso, com duas ferramentas fundamentais ‒ o esforço e a vontade.
No terceiro andar, localiza-se a parte mais nobre do cérebro, representada pelos lobos frontais. Nele, configura-se o Superconsciente, através do qual chegam os estímulos do futuro, com ênfase para o ideal e a meta superior.
Esse modelo é muito semelhante ao do neurocientista Paul MacLean, que assim se expressava:
Somos obrigados a olhar para nós mesmos e para o mundo através dos olhos de três mentalidades muito diferentes", referindo-se aos três cérebros que havia detectado em suas pesquisas[7].
O livro de MacLean, “The Triune Brain in Evolution”, traz uma figura esquemática sobre a evolução do cérebro com a seguinte explicação do autor, em 1968: "Em sua evolução, o cérebro humano expande-se seguindo as linhas de três formações básicas que anatômica e bioquimicamente refletem relacionamento ancestral, respectivamente, com os répteis, mamíferos primitivos e recentes. As três formações estão no encéfalo, constituem os hemisférios cerebrais, e os elementos compreendidos do telencéfalo ao diencéfalo.
Com relação à esquizofrenia, as revelações espirituais afirmam que ela tem origem em perturbações sutis do perispírito, que se traduzem, no corpo físico, em um conjunto de moléstias variáveis e, muitas vezes, indeterminadas.
Os transtornos mentais, quase na sua totalidade, começam nas consequências de faltas graves que o ser humano pratica, tendo por base a impaciência ou a tristeza. Uma vez instaladas no campo íntimo, essas forças desequilibrantes desintegram a harmonia mental.
Como fica a questão da Consciência, neste início do século XXI? Com os extraordinários avanços da Física Quântica, fica difícil continuar sustentando que o cérebro nos dá consciência, inteligência, e demais atributos.
Sabe-se, hoje, que o observador é necessário, porque ele converte as ondas de possibilidades, os objetos quânticos, em eventos e objetos reais.
Como lembra o professor Amit Goswami, da Universidade de Oregon, EUA, a Física Quântica trouxe três conceitos revolucionários: "movimento descontínuo, interconectividade não localizada e, finalmente, somando-se ao conceito de causalidade ascendente da ciência newtoniana normal, o conceito da causalidade descendente a consciência escolhendo entre as possibilidades, o evento real[8]".
Quando coloca esses três conceitos, o professor Goswami argumenta:
... se a consciência é um fenômeno cerebral, obedece à Física Quântica, como a observação consciente de um evento pode causar o colapso da onda de possibilidades levando ao evento real que estamos vendo? A consciência em si é uma possibilidade. Possibilidade não pode causar colapso na possibilidade[9].
Foi raciocinando dessa forma que ele abandonou o pensamento materialista com o qual tinha convivido durante 45 anos e abraçou o espiritualismo.
Como bem assinalou Jean Guitton, com a física quântica:
... as interpretações objetivistas e deterministas do Universo, conformes ao bom senso, não se podem manter. Que deveremos admitir no lugar delas? Que a realidade 'em si' não existe; que ela depende do modo pelo qual decidimos observá-la; que as entidades elementares que a compõem podem ser uma coisa (uma onda) e ao mesmo tempo outra (uma partícula). E que, de qualquer modo, essa realidade é, num sentido profundo, indeterminada. (Deus e a Ciência, p.9)
Assim, a visão materialista do mundo desvanece-se diante dos nossos olhos.
Entramos, definitivamente, na Era do Espírito. Preparemo-nos para uma espiral vertiginosa de novas descobertas, nunca antes imaginadas por nossos espíritos imperfeitos.




[1] A Alma da Matéria – Marlene Nobre - FE Editora Jornalística Ltda.
[2] Missionários da Luz, de André Luiz, cap. XIII, e ver também Espírito, Perispírito e Alma de Hernani G. Andrade
[3] Ver No Mundo Maior, de André Luiz, caps. III e IV
[4] Idem.
[5] Idem.
[6] Ver caps. 12, 16, e outros, in No Mundo Maior, de André Luiz.
[7] Citado por Carl Sagan, in Os Dragões do Éden , cap. 3
[8] Entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, São Paulo, e mais a tese desenvolvida pelo professor Goswami, em seu livro  Universo Autoconsciente.
[9] Idem.

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