Mesmer foi o médico austríaco
criador da teoria do magnetismo animal conhecido pelo nome de mesmerismo. Nasceu a 23 de maio de 1734,
em Iznang, uma pequena vila perto do Lago Constance. Estudou teologia em
Ingolstadt e formou-se em medicina na Universidade de Viena. Provido de
recursos, dedicou-se a longos estudos científicos, chegando a dominar os
conhecimentos de seu tempo, época de acentuado orgulho intelectual e ceticismo.
Era um trabalhador incansável, calmo, paciente e ainda um exímio músico.
Em 1775, após muitas
experiências, Mesmer reconhece que pode curar mediante a aplicação de suas
mãos. Acredita que dela desprende um fluido que alcança o doente; declara:
"De todos os
corpos da Natureza, é o próprio homem que com maior eficácia atua sobre o
homem".
A doença seria apenas uma
desarmonia no equilíbrio da criatura, opina ele. Mesmer, que nada cobrava pelos
tratamentos, preferia cuidar de distúrbios ligados ao sistema nervoso. Além da
imposição das mãos sobre os doentes, para estender o benefício a maior número
de pessoas, magnetizava água, pratos, cama etc., cujo contato submetia os
enfermos.
Mesmer praticou durante anos o
seu método de tratamento em Viena e em Paris, com evidente êxito, mas acabou
expulso de ambas as cidades pela inveja e incompreensão de muitos. Depois de
cinco tentativas para conseguir exame judicioso do seu método de curar, pelas
academias, é que publica, em 1779, a "Dissertação sobre a descoberta do
magnetismo animal", na qual afirma que este é uma ciência com princípios e
regras, embora ainda pouco conhecida. A sua popularidade prosseguiu por muitos
anos, mas outros médicos o taxavam de impostor e charlatão. Em 1784, o governo
francês nomeou uma comissão de médicos e cientistas para investigar suas
atividades. Benjamin Franklin foi um dos membros dessa comissão, que acabou por
constatar a veracidade das curas, porém as atribuíram não ao magnetismo animal,
mas a outras causas fisiológicas desconhecidas.
Concentrado no alívio à dor,
Mesmer não chegou a perceber a existência do sonambulismo artificial, que seu
ilustre e generoso discípulo, conde Maxime Puységur, descobre (inclusive a
clarividência a ele associada), o qual se desenvolve durante o transe
magnéticos em certas pessoas.
Em 1792, Mesmer vê-se forçado a
retirar-se de Paris, vilipendiado, e instala-se em pequena cidade suíça, onde
vive durante 20 anos sempre servindo aos necessitados e sem nunca desanimar nem
se queixar. Em 1812, já aos 78 anos, a Academia de Ciências de Berlim convida-o
para prestar esclarecimentos, pois pretendia investigar a fundo o magnetismo.
Era tarde; ele recusa o convite. A Academia encarrega o Prof. Wolfart de
entrevistá-lo. O depoimento desse professor é um dos mais belos a respeito do
caridoso médico:
"Encontrei-o
dedicando-se ao hospital por ele mesmo escolhido. Acrescente-se a isso um
tesouro de conhecimentos reais em todos os ramos da Ciência, tais como
dificilmente acumula um sábio, uma bondade imensa de coração que se revela em
todo o seu ser, em suas palavras e ações, e uma força maravilhosa de sugestão
sobre os enfermos".
No início de 1814, ele regressou
para Iznang, sua terra natal, onde permaneceria os seus últimos dias até
falecer em 05 de março de 1815.
Assim foi Mesmer. Durante anos
semeou a cura de enfermos doando de seu próprio fluido vital em atitude digna
daqueles que sacrificam-se por amor ao seu trabalho e a seus irmãos. Suas
teorias atravessaram décadas e seu exemplo figura luminoso entre os
missionários que sob o açoite das críticas descabidas e as agressões da
calúnia, passam incólume escudado pelo dever retamente desempenhado. Seu nome
jamais se desliga do vocábulo "fluido" e sua vida valiosa pelos
frutos que gerou, jamais será esquecida por aqueles cuja honestidade de
propósitos for o ornamento de seus espíritos. A sua obra foi decisiva para
demonstrar a realidade da imposição das mãos como meio de alívio aos
sofrimentos, tal como a utilizavam os primeiros cristãos antigamente e os
espíritas atualmente.
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