Enrique Pastor y Bedoya
(Alverico Perón foi o pseudônimo que utilizou na sua tarefa espírita) nasceu em
Madrid, Espanha, em 29 de Dezembro de 1833. Seu pai, Luis Maria Pastor Cox
(1804-1872), era um notável economista que chegou a ser ministro da Fazenda em
1853, durante o governo do General Lersundi. Do mesmo modo que o seu
progenitor, Enrique estudou Economia, encaminhando seus passos como funcionário
público no Ministério da Fazenda, onde ocupou diversos cargos.
Conheceu o Espiritismo no ano de
1858, dedicando-se de imediato à leitura de tudo o que fora escrito sobre o
tema até então. Este precoce conhecimento do Espiritismo ocorreu por
intervenção do seu pai, que tendo viajado aos Estados Unidos soube do movimento
do Novo Espiritualismo, que desde 1848, após os fenômenos protagonizados pelas
irmãs Fox, estava em auge naquele país; iniciou estudos sobre a questão em
Cádiz em 1852, frequentando também as reuniões que com esse motivo e com
finalidade experimental, ocorriam em Cádiz desde 1854. A partir daquela época,
a sua principal ocupação foi o estudo e propaganda da Doutrina Espírita.
Em 1861 publica, como anônimo,
no jornal madrileno La Razón, a “Carta de um espírita a D. Francisco de Paula
Canalejas”[2],
folheto com extratos de O que é
Espiritismo, de Allan Kardec, primeiro trabalho sobre a matéria que saiu à
luz pública na Espanha[3].
Dela fez-se uma edição em 1865, na Imprensa de Manuel Galiano de Madrid e, três
anos mais tarde, O Critério Espírita tornou a reproduzi-la em suas colunas, nos
números 1 e 2 da publicação, correspondentes aos meses de Novembro e Dezembro
de 1868, respectivamente.
Em 1865 funda a Sociedade
Espírita Espanhola, sendo o seu primeiro presidente; essa Sociedade misturou-se
com a Sociedade Progresso Espírita de Zaragoza em 1871, quando a maioria dos
sócios ativos desta última se estabeleceu em Madrid, instalando-se a nova
sociedade na Rua Cervantes.
No mês de janeiro de 1868 funda
em propriedade, em Madrid, a revista O Critério, legendada “revista quinzenal
científica”, sendo seu primeiro diretor Joaquim Huelves Temprado; a censura, ao
princípio, proíbe qualquer alusão ao Espiritismo.
Porém a revolução de 1868
inaugura uma nova era de liberdades públicas na Espanha; dessa forma, no número
XVII da publicação, correspondente ao dia 16 de Setembro, é inserido um
suplemento com o anúncio da cessação da revista para dar espaço ao lançamento
de O Critério Espírita. Com esse novo nome, o primeiro número viu a luz em
Novembro desse mesmo ano, figurando como órgão da Sociedade Espírita Espanhola,
e mais tarde também do Centro Geral do Espiritismo na Espanha (fundado por
Torres Solanot em 1873), e da Sociedade Propagandista do Espiritismo. Desde então,
seu diretor passa a ser Alverico Perón, ocupando o cargo até 1870.
Durante os anos de 1867 e 1868,
Alverico Perón susteve o movimento espírita, apesar da dura guerra que naquele
tempo se travou contra ele na Espanha, contando com a cooperação do pintor Angel
Alonso Martinez, do general Juan Montero Gabuti, do brigadeiro D. Joaquim Perez
Rozas, do engenheiro de minas Lucas Aldana, de Joaquim Huelves e de muitos
outros esforçados e decididos propagandistas, sendo que alguns deles mais tarde
não consideraram necessário prosseguir na tarefa.
Alverico Perón foi causador de
muitas das conversões às ideias do Espiritismo em pessoas importantes de Madrid
naqueles anos, durante os quais fundou vários círculos particulares, onde foram
obtidos magníficos resultados de magnetização e grandes demonstrações de êxtase
sonambúlico com a intervenção de seu irmão Manuel, um dos melhores médiuns de
escrita automática da Sociedade Espírita Espanhola.
Sempre manteve contínua
correspondência, e por várias vezes visitou Paris, para conferenciar com Allan
Kardec, que o considerava como um dos seus mais ativos e inteligentes
discípulos.
Exerceu o cargo de comissário da
Fazenda da Espanha em Londres, onde manteve estreita relação com o grande
médium Daniel Douglas Home e os principais espíritas ingleses. Teve aqui,
também, a oportunidade de revisar as obras de Lady Maria Caithness[4] ,
escritas naquela capital. Além disso, ele realizou trabalhos de correspondente
dos jornais de Madrid A Correspondência da Espanha, O Dia e outros, onde
costumava assinar com o pseudônimo “B. de Oya”.
Traduziu numerosos livros ao
espanhol: do francês, as obras de Xavier Montepin e o “Resumo da Filosofia
Espírita”, de Allan Kardec (Sociedade Espírita Anônima Barcelonesa. Barcelona,
1872); do italiano, “Manual do Magnetizador Prático”, de Regazzoni (Rev. de
Estudos Psicológicos. Barcelona, s/d).
Dirigiu A Tribuna dos
Economistas (1857 - 1858) e a Revista de Estudos Psicológicos (Barcelona) após
José Mª Colavida e o Visconde de Torres Solanot. Foi também redator de A Voz do
Século (1868-1869).
Além da já mencionada, escreveu
as seguintes obras espíritas: “O Infinito: estudo Espírita” (Rev. de Estudos
Psicológicos, Barcelona, estimado em 1899); “A Fórmula do Espiritismo” (Madrid,
1868, folheto dedicado a Allan Kardec); “Miscelânea Espírita” (controvérsias,
dissertações, doutrina, experiências, estudos, comunicações mediúnicas, II
tomos, Barcelona, estimado em 1899); “Espiritismo ao alcance de todos”; e a
novela “O dote de Margarida” (sua última obra, também de conteúdo espírita,
Garnier Irmãos, Paris; Barcelona, 1879; e Imprensa de M. Galiano, Madrid,
1891).
Outras obras suas de temática
não espírita são: “Um livro a mais”, coleção de vários escritos publicados e
inéditos (Madrid, 1861); “A Democracia monárquica” (1881), “Sarasate” (Londres,
1890), e o folheto “Uma brincadeira pesada de Miguel de Cervantes Saavedra:
Anedota histórica” (Wertheimer, Lea y Ca., 1872, 24 p.; 17 cm. Coleção:
Biblioteca de Ambos os Mundos).
Foi incansável defensor da
filosofia espírita, a cujo sucesso contribuiu notavelmente, trabalhando em seu
favor quando o tempo e as circunstâncias lhe permitiram fazê-lo; seu lema foi
sempre a lei do amor e do dever, e a crença em um ser eterno.
Uma das suas últimas tarefas no
seu denodado esforço pela divulgação da Doutrina dos Espíritos foi a fundação
em 1896 em Barcelona, do semanário espírita Sócrates, de breve duração. Porém,
apesar da sua efêmera vida, circunstância que acreditamos devida ao prematuro
falecimento do seu promotor, a revista publicaria durante a sua breve
existência uma ótima biblioteca, com interessantes folhetos.
Enrique Pastor y Bedoya,
Alverico Perón, desencarnou em 1897; segundo algumas fontes em Madrid; em
Huesca, segundo outras.
Fontes: Oscar Garcia Rodriguez - Grupo Espírita de La Palma
- Setembro de 2004 (tradução de Tereza da Espanha)
[1] http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/Alverico%20Peron/Alverico%20Péron.htm
[2] A “Carta” está datada em Madrid em 5 de junho de 1861.
[3] Como antecedentes, dentro da fase pré-espírita do Novo
Espiritualismo, é preciso mencionar dois folhetos publicados em Cádiz (1854), e
em Gibraltar (1857), ambos referidos a experiências de comunicação com
espíritos através da tiptologia, de uma Sociedade radicada em São Fernando,
Cádiz.
[4] Lady Maria Caithness, (antes Maria Mariategui), Duquesa
de Medina Pomar por casamento com o general Duque de Pomar, autora de “Old
Truths in a new life”, “Mystery of the Ages”, “A midnight visit to Holyrood”,
foi uma figura popular no Madrid de 1850-1860. Após a morte do Duque de Pomar,
estabelece- se na Inglaterra, onde
contrai novo matrimônio com o Duque de Caithness, escocês, que faleceu legando
a ela uma imensa fortuna. Antes tinha conhecido o Espiritismo em Madrid, do
qual se tornou firme partidária.
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