Allan Kardec
Estou feliz de descer até vós,
porque experimento uma satisfação moral, um prazer real, sentindo-me bem
adaptado a seres que desenvolvem radiações sensivelmente idênticas às do meu perispírito.
Isto mostra-nos que é necessária
a adaptação fluídica para podermos compreender-nos, trocar pensamentos e pontos
de vista de acordo com os meios nos quais se quer descer. Cada indivíduo projeta
uma radiação em relação com o número das suas existências; e a riqueza
molecular dos fluidos que compõem o seu eu psíquico está igualmente em relação direta
com os trabalhos, as provas ultrapassadas, o esforço continuado através das
suas existências, quer num mundo, quer no espaço.
Acrescento que me é
particularmente agradável descer neste país de França, o qual amei, habitei
materialmente desde o Armórico até ao Maurienne[2].
Cada território desenvolveu em
mim perspectivas que não se perderão nunca. Celta, impregnei-me desta mística
que havia trazido estremecidamente do espaço. Seguidamente, na minha penúltima existência,
em Savóia, adquiri uma resistência moral que me foi necessária para pregar a
doutrina que conheceis. Mas primeiro, falemos da existência que iniciei na
Bretanha, e que funcionou como a existência iniciadora projetando no meu ser a
faúlha da vida universal. Esta centelha brilhou mais ou menos ao longo das
minhas diferentes vidas, consoante procurava adquirir tal ou tal qualidade aproximada,
mais ou menos, da matéria ou do espírito.
Há seres que não conseguem
admitir as existências sucessivas. Neles, a faúlha inicial continua oculta,
porque a luta material os absorve totalmente. Há existências de fé, há
existências de trabalho, porque é uma lei imutável, um dos princípios
fundamentais é o de que o ser se desenvolve através de alternativas para
recolher os germes salutares que devem ajudá-lo a progredir nos espaços.
Deus projetou a parcela de luz
que é a alma, e esta radiação de pensamento divino deve chegar, por
transformações e crescimentos sucessivos, a formar um foco radiante que
contribuirá para a manutenção e para o equilíbrio da atmosfera dos mundos. Esse
é um preceito de ordem geral que indica a necessidade da pluralidade das vidas.
As primeiras sociedades humanas
que povoaram a vossa terra trouxeram o esboço das civilizações futuras; em
certos pontos, a iniciação espiritual avançou bastante, os Egípcios, os Celtas,
os Gregos, por exemplo, traziam em si focos brilhantes que paralisavam as
forças materiais. Elementos do progresso estavam já, por eles, implantados no vosso
globo. O vai e vem dos seres que viverão alternativamente à sua superfície,
depois no espaço, poderá a partir daí prosseguir com regularidade.
Os novos habitantes, de acordo
com o seu grau de evolução, provirão de grupos pertencentes a mundos
inferiores, quer existentes, quer desaparecidos. Estas considerações de ordem
geral eram necessárias antes de falar mais particularmente da França, da sua
influência fluídica e da sua influência no mundo.
A ideia céltica sendo a própria
essência, emanente da fonte divina e representante do espírito de pureza na
raça, deve iluminar, através dos séculos, a alma nacional. É a ascenção para as
esferas superiores, o conhecimento inicial do foco divino, a sobrevivência do
pensamento, a correlação das almas e dos mundos, a orientação para um objetivo
que deve iluminar-se e precisar-se na medida da nossa evolução.
O celtismo é o raio que mostra o
caminho aos estudos psíquicos futuros. Foi nele que se enxertou, no vosso país,
o pensamento do cristianismo, tal como o próprio cristianismo se impregnou
desse outro raio, o misticismo oriental.
Existem no vosso mundo certos
pontos privilegiados fluidicamente que são como espelhos, condensadores e refletores
de fluidos, destinados a fazer vibrar os cérebros e os corações dos povos do
planeta.
Nestes pontos, três focos se
acenderam: o foco oriental nas Índias; o foco cristão na Palestina; o foco
céltico no Ocidente e no Norte.
Se estudarmos a gênese dos fenômenos
que concretizaram as doutrinas, vê-se que a causa superior continua a mesma e
que o vosso planeta é tocado por estas correntes, ou feixes de ondas
superiores, que são as verdadeiras artérias da vida universal.
Pela vossa evolução, produz-se
agora um novo foco radiante de pensamento que mostrará à humanidade toda a
beleza, a grandeza, o poder da obra divina.
Allan Kardec
12 de Junho de 1926.
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