quinta-feira, 24 de maio de 2018

Fonte Única das Três Grandes Divulgações: BUDISTA, CRISTÃ E CELTICA[1]



Allan Kardec
 

Estou feliz de descer até vós, porque experimento uma satisfação moral, um prazer real, sentindo-me bem adaptado a seres que desenvolvem radiações sensivelmente idênticas às do meu perispírito.
Isto mostra-nos que é necessária a adaptação fluídica para podermos compreender-nos, trocar pensamentos e pontos de vista de acordo com os meios nos quais se quer descer. Cada indivíduo projeta uma radiação em relação com o número das suas existências; e a riqueza molecular dos fluidos que compõem o seu eu psíquico está igualmente em relação direta com os trabalhos, as provas ultrapassadas, o esforço continuado através das suas existências, quer num mundo, quer no espaço.
Acrescento que me é particularmente agradável descer neste país de França, o qual amei, habitei materialmente desde o Armórico até ao Maurienne[2].
Cada território desenvolveu em mim perspectivas que não se perderão nunca. Celta, impregnei-me desta mística que havia trazido estremecidamente do espaço. Seguidamente, na minha penúltima existência, em Savóia, adquiri uma resistência moral que me foi necessária para pregar a doutrina que conheceis. Mas primeiro, falemos da existência que iniciei na Bretanha, e que funcionou como a existência iniciadora projetando no meu ser a faúlha da vida universal. Esta centelha brilhou mais ou menos ao longo das minhas diferentes vidas, consoante procurava adquirir tal ou tal qualidade aproximada, mais ou menos, da matéria ou do espírito.
Há seres que não conseguem admitir as existências sucessivas. Neles, a faúlha inicial continua oculta, porque a luta material os absorve totalmente. Há existências de fé, há existências de trabalho, porque é uma lei imutável, um dos princípios fundamentais é o de que o ser se desenvolve através de alternativas para recolher os germes salutares que devem ajudá-lo a progredir nos espaços.
Deus projetou a parcela de luz que é a alma, e esta radiação de pensamento divino deve chegar, por transformações e crescimentos sucessivos, a formar um foco radiante que contribuirá para a manutenção e para o equilíbrio da atmosfera dos mundos. Esse é um preceito de ordem geral que indica a necessidade da pluralidade das vidas.
As primeiras sociedades humanas que povoaram a vossa terra trouxeram o esboço das civilizações futuras; em certos pontos, a iniciação espiritual avançou bastante, os Egípcios, os Celtas, os Gregos, por exemplo, traziam em si focos brilhantes que paralisavam as forças materiais. Elementos do progresso estavam já, por eles, implantados no vosso globo. O vai e vem dos seres que viverão alternativamente à sua superfície, depois no espaço, poderá a partir daí prosseguir com regularidade.
Os novos habitantes, de acordo com o seu grau de evolução, provirão de grupos pertencentes a mundos inferiores, quer existentes, quer desaparecidos. Estas considerações de ordem geral eram necessárias antes de falar mais particularmente da França, da sua influência fluídica e da sua influência no mundo.
A ideia céltica sendo a própria essência, emanente da fonte divina e representante do espírito de pureza na raça, deve iluminar, através dos séculos, a alma nacional. É a ascenção para as esferas superiores, o conhecimento inicial do foco divino, a sobrevivência do pensamento, a correlação das almas e dos mundos, a orientação para um objetivo que deve iluminar-se e precisar-se na medida da nossa evolução.
O celtismo é o raio que mostra o caminho aos estudos psíquicos futuros. Foi nele que se enxertou, no vosso país, o pensamento do cristianismo, tal como o próprio cristianismo se impregnou desse outro raio, o misticismo oriental.
Existem no vosso mundo certos pontos privilegiados fluidicamente que são como espelhos, condensadores e refletores de fluidos, destinados a fazer vibrar os cérebros e os corações dos povos do planeta.
Nestes pontos, três focos se acenderam: o foco oriental nas Índias; o foco cristão na Palestina; o foco céltico no Ocidente e no Norte.
Se estudarmos a gênese dos fenômenos que concretizaram as doutrinas, vê-se que a causa superior continua a mesma e que o vosso planeta é tocado por estas correntes, ou feixes de ondas superiores, que são as verdadeiras artérias da vida universal.
Pela vossa evolução, produz-se agora um novo foco radiante de pensamento que mostrará à humanidade toda a beleza, a grandeza, o poder da obra divina.

 
Allan Kardec

12 de Junho de 1926.




[1] O Gênio Celta e o Mundo Invisível – Léon Denis
[2] Nota de tradução: Vale dos Alpes franceses (Savoie)

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