Jorge Hessen
O consumo de alcoólicos pelo ser
humano não é hábito recente; é tão antigo quanto o próprio homem das cavernas.
Seja qual for o período histórico e em que sociedade com a qual se relacionou
ou a cultura que recebeu, o homem tem bebido. Há 3700 anos o “Código de
Hamurabi” já trazia normativos sobre as situações, lugares e pessoas que podiam
ou não fazer a ingestão de bebida alcoólica.
Há 2500 anos os chineses perdiam
– literalmente – a cabeça por causa da bebida alcoólica – a prática era punida
com a decapitação. Configura-se um costume extremamente antigo e que vem
persistindo por milhares de anos.
Paulo escreveu para os cristãos
de Efésio: “e não vos embriagueis com
vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito [2]”.
O álcool é a droga “lícita” mais
consumida no mundo contemporâneo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda de acordo com a OMS, a
bebida alcoólica é a droga legalizada de escolha entre crianças e adolescentes.
Estima-se que o uso desse tóxico tenha início entre os 10 e 12 anos. Os males
gerados pelo alcoolismo são a terceira causa de morte no mundo.
Estudos encontrados na
literatura científica mostravam que os homens bebiam mais que as mulheres em
todas as faixas etárias, e que jovens consumiam mais álcool do que idosos. Porém,
outras pesquisas apontam para o aumento anual, no Brasil e no mundo, do percentual
de mulheres dependentes. No passado, pontuam os especialistas, para cada cinco
usuários problemáticos de álcool existia uma mulher na mesma condição. O estudo
demonstra que atualmente a razão comparativa é de 1 para 1. Elas já bebem tanto
quanto eles, mas concentradas em fases distintas. É mais recente a aceitação
social do uso do álcool pelas mulheres. Realmente, antes elas não bebiam tanto.
Com isso, o foco das campanhas preventivas ficou muito centrado nos homens. As
mulheres ficaram negligenciadas nessa abordagem. Raros são os ginecologistas,
por exemplo, que questionam se as suas pacientes bebem.
As grandes vítimas são os
filhos, envolvidos numa rotina de restrições e constrangimentos. Filhos de
mulheres que consomem álcool em excesso durante a gravidez estão sujeitos à
síndrome alcoólica fetal, que pode provocar sequelas físicas e mentais no
recém-nascido. Crianças e adolescentes filhos de pais com o vício estão mais
sujeitos a desequilíbrios emocionais e psiquiátricos.
Normalmente, o primeiro problema
identificado é um prejuízo severo na autoestima, com repercussões negativas
sobre o rendimento escolar e as demais áreas do funcionamento mental. Esses
adolescentes e crianças tendem a subestimar suas próprias capacidades e
qualidades.
Os dados atuais sobre alcoolismo
são devastadores. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clinicas (HC) de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado da Saúde,
mais de 9% dos idosos paulistanos consomem bebida alcoólica em excesso. O
levantamento feito com 1.563 pessoas com 60 anos ou mais apontou que 9,1% dessa
população abusa do álcool, o equivalente a 88 mil idosos da capital paulista.
Demonstrado cientificamente que
o álcool é pernicioso em qualquer faixa etária, seus danos entre os
adolescentes são patentes, sobretudo, durante a fase escolar, uma vez que o uso
sucessivo da substância impede o rendimento, além de provocar desordem mental,
falta de coordenação, problemas de memória e de aprendizado. Consequentemente,
esse processo resulta também em dores de cabeça, alteração do ciclo natural do
sono, da fala e do equilíbrio.
A dependência ao álcool pode ser
hereditária, havendo uma predisposição orgânica do indivíduo para o seu
desdobramento, no qual o Espírito imortal traz em seu DNA perispiritual as
marcas e consequências do vício em outras experiências reencarnatórias, sendo
compreensível, então, que o alcoolismo seja transmissível de pais para filhos.
As matrizes dessas disfunções estão no passado, seja de forma hereditária ou
espiritualmente, em decorrência de experiências infelizes, remanescentes de
pregressas existências.
Segundo André Luiz, “ao reencarnarmos trazemos conosco os
remanescentes de nossas faltas como raízes congênitas dos males que nós mesmos
plantamos, a exemplo, da Síndrome de Down, da hidrocefalia, da paralisia, da
cegueira, da epilepsia secundária, do idiotismo, do aleijão de nascença desde o
berço [3]”.
“O corpo perispiritual, que dá forma aos
elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento
básico de equilíbrio do corpo perispiritual [4]”.
Em “Evolução em dois Mundos” o mesmo autor espiritual revela-nos que “os neurônios guardam relação íntima com o
perispírito [5]”.
Portanto, a ação do álcool no psicossoma é letal, criando fuligens venenosas
que saturam no corpo psicossomático, danificando tanto as células
perispirituais quanto as células físicas.
As substâncias dos alcoólicos
ingeridos caem na corrente sanguínea, daí chegam ao cérebro, atacam as células
neuronais; estas refletirão nas províncias correlatas do corpo perispiritual em
configuração de danos e deformações apreciáveis que, em alguns casos, podem
chegar até a desfigurar a própria feição humana do perispírito.
Infelizmente a liberalidade de
muitas famílias com o álcool é um dos maiores problemas para a prevenção: é
mito considerar que maconha leva os jovens a outras drogas. São as bebidas
alcoólicas que fazem esse papel. Nefastamente é a azada família que estimula a
ingestão dos “inofensivos destilados e/ou fermentados”. Não são poucos que
começaram a beber quando o patriarca (pai), orgulhoso do filho que virava
homem, os atraía para os drinques dos “machões”.
O vício de beber cria rotinas
que envolvem cúmplices encarnados e desencarnados que compartilham do mesmo
hábito e manias. Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais e avenidas
estão repletos de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e
abertamente, das tragédias engarrafadas ou enlatadas. A instalação do
alcoolismo envolve três características: a base genética, o meio e o indivíduo.
Filhos de pais alcoólatras podem ser geneticamente diferentes, porém só
desenvolverão a doença se estiverem em um meio propício e/ou características
psicológicas favoráveis.
Os infelizes “canecos carnais”
não só desfiguram e arrasam o corpo como agridem e violentam o caráter e
deterioram o psicossoma através das obsessões, acendidas por espíritos beberrões
que compartilham junto do bêbado os mesmos vícios e se alimentam através dos
vapores alcoólicos expelidos pelos poros e boca numa simbiose mortificante. É
precisamente esse vampirismo incorpóreo que ilustra o motivo de o alcoolismo
ser avaliado como moléstia progressiva e de certo modo incurável. É verdade!
Parar de beber, dizem membros do AA’s (Alcoólicos Anônimos), é a vitória maior
para o dependente, mas a doença não acaba. Se ele voltar a dar uns goles, em
pouco tempo recupera um ritmo igual ou até maior do que o mantido antes da
pausa. “Não existe ex-alcoolista nessa história”, sustentam os frequentadores
dos AA’s.
Essas são razões suficientes
para que nas celebrações e festejos com amigos nos bares da vida, fugir do
compromisso da vã tradição da bebedeira a fim de divertir-se. O oceano é
constituído de pequenas moléculas de H2O, e as praias se formam com incontáveis
grânulos de areia. É indispensável, portanto, desatar-se daquele clichê do “é
só hoje”, e quando arrastados a comportamentos para “distrair”, não se deve
aceitar a perigosíssima escapadela do “só um golinho”, até porque não se pode
esquecer que uma miúda picada de cobra peçonhenta, conquanto em acanhada
porção, pode produzir a morte imediata, portanto ao invés de se distrair vai se
destruir.
Sem dúvida que mais fácil é
evitar-lhes a instalação do que lutar depois pela supressão do vício (como
dizem os membros dos AA’s: não há ex-alcoólatra). A questão assenta raízes
densas na sociedade, provocando medidas curadoras e profiláticas nos círculos
religiosos, médicos, psicológicos e psiquiátricos, necessitando de imperiosa
assistência de todos os segmentos sociais para (quem sabe!) minimizar seus
efeitos flagelantes. Destarte, faz-se urgente assentar a questão da alcoolfilia
no foco dos debates públicos. Até porque o problema da consumação alcoólica
precisa ser atacado sem trégua, a fim de que sejam encontradas soluções para a
complexa epidemia do “tóxico legal”.
Para todos jugulados pelos vícios recomendamos Jesus. Sim!
O Messias que prometeu:
“vinde a mim, todos
os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu
jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis
descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve [6]”.
Fonte: A Luz na Mente
[3] Xavier, Francisco Cândido. Nos domínios da mediunidade,
ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 2000, p.139-140.
[4] Xavier, Francisco Cândido. Missionário da Luz, ditado
pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 2001.
[5] Xavier, Francisco Cândido. Evolução em, Dois Mundos,
ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed. FEB, 2003.
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