A propósito de uma questão a respeito de um
artigo do jornal Matin (3 de Outubro de 1926) anunciando a descoberta de certas
radiações do espaço.
Esta descoberta ou experiência é
apenas uma orientação, porque deveis, do ponto de vista psíquico, receber os
ensinamentos gradualmente a fim de não ficardes perturbados.
Já os Druidas conheciam estas
ondas. No meio da natureza as paixões materiais não exerciam uma influência
parasitária.
O Druida era iniciado com vista
a deixar à história futura documentos que se aproximariam um dia das doutrinas
científicas. Podiam assim servir para a elaboração de fórmulas, constituindo no
seu conjunto, um ensino superior idealista (alusão às Tríades).
O Druida recebia intuitivamente
eflúvios vindos de seres e de origens superiores, e isso através das ondas. Mas
seriam necessários séculos para que o ser humano, pelo seu trabalho pessoal,
pela sua adaptação científica, pudesse assimilar todas as consequências de fenômenos
que não teriam podido ser admitidos na época druídica. Era necessário
entretanto que a doutrina pura fosse registada pelo ser humano vivendo nessa
época no meio da natureza, e conservada através das eras, a fim de que, num
certo momento, comparando a doutrina ideocéltica e a doutrina ideocientífica
moderna encontrássemos entre elas uma ligação imperecível.
Cedo veremos produzirem-se fenômenos
extremamente curiosos para os não iniciados e fascinantes para os iniciados. Se
os diferentes ciclos da doutrina Céltica representam diferentes escalões na
ascensão da vida espiritual, a descoberta das diversas espécies de ondas
concretizar-vos-á a composição dos diferentes meios e chegará um dia em que
recebereis, por uma linguagem conveniente, gamas de cores semelhantes à dos
pensamentos.
Quanto mais o meio vibratório
for estudado e analisado, mais tereis a possibilidade de conhecer e de captar
as forças exteriores ao vosso globo.
Nós mesmos, que estamos no
espaço, concebemos a marcha da vida de uma maneira muito diferente da vossa.
Sabemos que as vibrações vos são transmitidas, que o vosso ser humano as
recebe, armazena algumas, mas que os vossos sentidos específicos são demasiado
inferiores para permitir-vos exteriorizá-las. O campo magnético vibratório vai
revelar-se-vos pouco a pouco. Não é necessário que procureis apreender a chave
do problema de só um golpe, porque o vosso cérebro físico desagregar-se-ia. O
Druida, imunizado até certo ponto, estava em relação quase direta com as forças
superiores que, nessa época, tinham um afluxo maior do que nos tempos modernos.
Era preciso que nesse momento a vida fosse simples, rústica e que a base
espiritual se estabelecesse firmemente a fim de que gradualmente a arte e a
ciência viessem ajudar-vos a desenvolver a matriz que vos mostra alguns lados
da organização universal.
A ciência não podia existir sem
que a centelha geradora tombasse do alto já que todo o problema artístico ou
científico, tem como base uma parte de intuição, sendo esta última de ordem
divina.
O Druida respirou a atmosfera
pura no meio da floresta, o cimo das árvores atraía as camadas vibratórias que
cercavam e cercam o vosso planeta. Em frente da floresta, havia o mar que
servia de condutor ao outro polo magnético, ou seja do ponto de vista psíquico
para reforçar e estabilizar o conjunto. Era necessário por outro lado que a
grande massa fluídica encontrasse o seu equilíbrio sobre a terra e sobre as
águas.
O Druida, quando olhava o mar,
era por sua vez banhado pelas ondas vindas da floresta e refletindo-se como um
espelho sobre a toalha líquida. É assim que a intuição lhe veio da existência
dos ciclos que conheceis. Resumindo, sabeis que a onda é uma sucessão de
círculos do ponto de vista vibratório.
Ser-vos-á dito um dia porque
razão o Druida tinha esta intuição e porque na obra divina ela não se
concretizou senão vários milhares de anos mais tarde. Podereis observar que o
movimento céltico por um lado, os movimentos cristão e budista-hindu por outro
surgiram em países ao mesmo tempo montanhosos, arborizados e vizinhos do mar.
Se o Druida amava a floresta, o
Cristo amava a colina. Por isso, podeis daí deduzir o fenómeno científico real
de que a onda se presta melhor à captação num meio elevado que nos baixos, e, que
a vizinhança do mar ajuda fortemente à sensação das camadas vibratórias. A água
capta o pensamento e depois transmite-o, é necessária à fecundação da terra, é
um fato que considerais do ponto de vista material e nós, do ponto de vista
espiritual.
As forças vindas dos espaços são
absorvidas pela vossa terra graças aos lençóis de água, a à vegetação
luxuriante, as montanhas, as colinas, as planícies e cada ser humano pode ser
impressionado por estas ondas.
Haveis tido disso o testemunho
estudando de perto a doutrina céltica.
Falei-vos dos raios que vieram
banhar a lande e a floresta bretã, raios, toalhas de ondas que igualmente se
espalharam sobre diferentes partes da vossa terra. Mas devo acrescentar que a
vossa raça francesa deve em grande parte a sua orientação às camadas de ondas
recebidas no oeste do vosso país.
O Druida pelos seus
encantamentos, pela forma do seu culto atraía as forças invisíveis e sentia os
seus efeitos sob a forma de toques fluídicos.
Hoje, esta sensibilidade
desapareceu para a maioria dos humanos. É necessário encontrar-se, em condições
especiais para poder, como o Druida, sentir o afluxo exterior.
Podeis dizer que a palavra
Celtismo representa, para o homem moderno, a forma concreta de uma doutrina
tendo por base a assimilação, a concentração, o desenvolvimento e a erupção de
forças, formando parte integral do movimento cósmico.
Vivi nessa época e posso
afirmar-vos que nos tempos druídicos o ser humano sentia esta força radiante
que na sequência dos séculos foi preciso adaptar cientificamente – só possuo
esta palavra - ao seu envoltório carnal. Podia assim aprender a ler, a analisar
e a dissociar as partes impalpáveis e vibratórias suscetíveis de dar-lhe alguns
esclarecimentos sobre o mistério da criação. O Druida, pela sua iniciação era
capaz de compreender o papel das camadas de ondas, mas, tinha em redor dele uma
massa humana primitiva muito pouco evoluída para perceber a sua ação. De acordo
com a vontade superior convinha nessa época depositar uma centelha que, nos
Druidas, se traduzia pela compreensão da evolução universal. E gravando-se
inicialmente e com profundidade a majestade desta evolução, a essência da
doutrina permaneceria latente através dos séculos. Esse era o objetivo do
Druidismo que devia ser o detentor do conhecimento das forças superiores.
Restava propagar, por entre o
maior número possível de humanos, a autenticidade desta revelação. Dois fatores
ajudaram à sua difusão: a teoria das existências sucessivas e as perturbações
materiais e morais que se repartem através da vida dos seres e dos mundos.
Atualmente, haveis visto no
decurso da história as paixões nascerem, crescerem e diminuírem consoante as
alternativas de progressão e de regressão e através dela o ser humano elevar-se
do estado selvagem ao estado atual.
As artes floresceram, mas o seu
desenvolvimento foi obstruído pela atrocidade das guerras. Resumidamente, após
os inúmeros fluxos e refluxos conseguis hoje fazer penetrar em certos cérebros
a ideia de que a natureza e o ser humano são campos de observação magnética
que, em certas condições, vibram e comandam no sentido em que são as máquinas
estáticas da ordem universal.
O homem moderno evoluído
retirará as suas conclusões partindo da ação das forças superiores e
tornar-se-á comparável à antena das vossas telegrafias sem fios. Não está longe
o dia em que ficareis convencidos de que o infinito é o próprio Deus e de que a
vida universal circula por toda a parte, sendo os espaços unicamente campos
vibratórios radiantes.
ALLAN KARDEC
29 de Outubro de 1926
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