Nas fases de transição, como a
que estamos vivendo, surgem os mais curiosos problemas. Um deles, que já vem
encontrando repercussão no meio espírita (por estranho que pareça) é o
desaparecimento da família.
Um psiquiatra gaiato, em São
Paulo, fez uma investida contra a família pela televisão e lançou alguns livros
"libertários", mas atualmente se encontra em recesso. Talvez esteja
curtindo as reações do público para amadurecer depois de velhote. Os jovens
geralmente se entusiasmam com essas "novidades", pois não sabem que
são "novidades barbadas", tipo Papai Noel. Acreditam que são ideias
geniais, muito pra frente, nascidas na era cósmica.
A família, como todas as
instituições e como todas as coisas, sofre mudanças através do tempo. (Os
sociólogos atuais não gostam de falar em evolução, preferindo falar de mudanças...)
Da família edênica formada pelo par bíblico (o mito de Adão e Eva) até a
família poligâmica oriental (um homem com muitas mulheres) há uma numerosa sequência
de formas familiais. Da mesma maneira, da família patriarcal das civilizações
agrárias à família democrática da era industrial há toda uma variadíssima gama
a ser estudada. Mas há também, na História, civilizações quase antifamiliais,
como a de Esparta, na Grécia antiga, e civilizações rudimentares da
pré-história em que as hordas substituíam as famílias.
Num jornal de jovens espíritas,
em São Paulo, saiu recentemente pequeno artigo em que se preconiza a
"família coletiva", já em fase experimental em alguns países
escandinavos, segundo afirma o articulista. Essa é uma ideia anarquista, um
sonho de igualdade edênica do chamado socialismo utópico. As experiências dos
escandinavos são feitas também em muitos outros países, inclusive no nosso.
Nestes tempos de reviravolta ninguém e nenhum povo estão livres de maluquices.
Há também experiências de famílias (?) homossexuais, com várias duplas
convivendo numa só cama. (O prefixo grego homós de homossexual não quer dizer
homem, mas igual, de maneira que as duplas podem ser de homens ou de mulheres)
Mas isso já existiu em forma até
mais escandalosa, como as das comunidades religiosas edênicas que viviam em
mosteiros, em plena nudez, sem duplas, na promiscuidade paradisíaca do
futuro... Tinha razão o Eclesiastes: não há nada de novo sob o sol. Na fase final
da esplendente civilização grega o homossexualismo expandiu-se de tal forma que
chegou-se a organizar batalhões de duplas amorosas para a guerra. A teoria
novíssima daquele tempo era a seguinte : o amante não quer fazer feio diante do
amado, de maneira que esses batalhões deviam ser mais heroicos do que os
outros. A loucura do mundo não tem limites. E sempre existiu. É por isso que as
novidades de hoje nascem de barba branca.
Mas há sempre um jeito de
remoçar a loucura. Hoje os sociólogos e psicólogos novidadeiros apelam para a
evolução científica. Vestem de roupas novas as extravagâncias do passado. Dizem
que o progresso da genética e da embriologia determinará a extinção da família.
Podendo gerar embriões em laboratório os homens dispensarão o processo natural
de procriação. As maluquices nesse terreno vão ao infinito. O sociólogo
norte-americano Alvin Tofler publicou recentemente um artigo em que preconiza a
morte da paternidade e da maternidade, com "a produção de crianças em
laboratório".
Mas o pior é que, por conta
dessas e outras utopias, muitos jovens se atiram a experiências desastrosas.
Querem ser pra frente e caem nas mais tristes situações.
Em São Paulo, há algum tempo,
certo jornal publicou reportagem sobre experiências de seis casais de universitários
num apartamento da zona central da cidade. Em nome do futuro esses jovens
estavam regressando à promiscuidade pré-histórica. As consequências virão
depois. Não se trata de consequências físicas, já por si suficientes para criar
embaraços numerosos, mas principalmente de consequências morais. Esses jovens
acreditam numa nova moral, mas não sabem ainda que a Moral Nova do futuro não
se faz de retrocessos.
A família é a primeira forma de
sociabilidade do novo ser que vem ao mundo. É nela que ele se adestra para a
vida social. E é nela também que se processa o seu desenvolvimento afetivo, a
sua evolução moral, com o rompimento do egocentrismo. As relações familiais têm
uma finalidade essencial: a formação das novas condições emocionais das
criaturas reencarnadas para uma nova existência. Como ensina o Espiritismo, as
famílias terrenas são apenas reflexos das famílias espirituais. Nem jovens nem
velhos espíritas podem aceitar essas tolices do século, a menos que não
conheçam a sua própria doutrina ou não aceitem os seus princípios.
[1] O Homem Novo – J. Herculano Pires
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