sábado, 17 de março de 2018

SOLIDÃO, SENSAÇÃO DEVASTADORA[1]


Adriana Machado


“Me sinto sozinho (a)”! “Ninguém liga para mim”, “Não posso contar com ninguém”, “Não sou ninguém”... Não nos enganemos pensando que essas são frases faladas, pensadas e sentidas por quem só quer chamar a atenção. Muitos de nós as pensamos a todo momento, de forma consciente ou não.
Estamos o tempo todo nos colocando à prova sobre as nossas necessidades e sentimentos e, por um motivo ou outro, podemos entrar num turbilhão de emoções que nos levam a acreditar que estamos “sozinhos no mundo”!
E esse sentimento é real ou falso? Antes de responder a essa pergunta, gostaria de levantar outra: eu tenho a exata noção do quanto eu me valorizo nesta vida?
Bem, como eu disse acima, muitos de nós pensamos dessa forma a todo momento. E pensamos, na maioria das vezes, sem nos apercebermos disso. Vivenciamos uma tristeza, uma inadequação e não nos damos conta que o que acontece tem origem no nosso mundo interior por não nos apreciarmos o suficiente para aceitarmos que os outros podem gostar de nós; que a nossa presença é apreciada, não por todos, mas por muitos, o que é perfeitamente natural porque não conseguiremos agradar a todos. Se nem Jesus agradou!
Isso se dá porque, em razão de pensarmos da mesma forma, nos fixamos somente em quem não nos aprecia e deixamos de valorizar quem naturalmente nos ama e nos quer bem.
Se não conseguimos enxergar esse processo interno, tampouco estas pessoas preciosas em nosso viver, teremos um sentimento muito real de inadaptação e ele será mais do que palpável. Quem se convence que ninguém o ama, se sentirá só e estará só, mesmo que viva no meio de uma multidão de amigos, parentes e amores. A pessoa não se enxergará amada, não se enxergará objeto e alvo de atenção, não se sentirá capaz, não se enxergará merecedora de nada, absolutamente nada.
Sem querer julgar, mas tentando achar uma das respostas para essa visão da “falta” de amor, acredito que muitos daqueles que se sentem assim supervalorizam à opinião alheia, tendo-a como um norteador perigoso. Por exemplo: eu só me sinto competente se os meus colegas de trabalho me elogiarem. Se eles nada disserem, começo a me sentir inseguro (a) e até sem criatividade. Sem perceber, eu deixo de usar algo que eu já possuo por acreditar que me falta o combustível (opinião alheia) que me alimentaria a capacidade de fazer bem feito.
Se fazemos isso no âmbito profissional, imagina o que não fazemos quando é de cunho pessoal!
Nenhum desconforto íntimo deve ser ignorado porque ele se agrava gradativamente. A solidão, quando sentida com intensidade, nos torna cegos. Não enxergamos caminhos a serem trilhados; nos tornamos escravos dos conceitos equivocados que vamos abraçando sobre nós mesmos; e, encarcerados a estas falsas impressões, tomamos atitudes drásticas para nos vermos livres dos grilhões da dor que nos sufocam.
Quando chegamos a este estado, o sentimento de inadequação é muito doloroso. Para aquele que o porta, o auxílio vindo somente de si deixa de ser suficiente e há a necessidade de uma ajuda externa para reconquistar o seu equilíbrio emocional. Acredito, piamente, que a associação do entendimento espiritual (seja de qual religião ou postural moral adotada for) com o auxílio profissional (terapias, tratamentos médicos) seja a resposta para um “navegar” a “portos” emocionais mais seguros. Em ambos os casos, tais ajudas levarão ao “solitário” maior capacidade para conhecer a si mesmo e, por consequência, enxergar melhor a realidade que o cerca.
Se alguém que amamos está passando por isso, mesmo que não entendamos o que está acontecendo com ele, não devemos deixar de ajudá-lo. Sem culpá-lo ou criticá-lo, percebamos que cada um de nós é passível de passar por isso em algum momento.
Assim, mais chances aquele com quem nos importamos chegará a sua autodescoberta e mais rápido poderá voltar a sorrir, não mais sentindo-se só.




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