Adriana Machado
“Me sinto sozinho (a)”! “Ninguém
liga para mim”, “Não posso contar com ninguém”, “Não sou ninguém”... Não nos
enganemos pensando que essas são frases faladas, pensadas e sentidas por quem
só quer chamar a atenção. Muitos de nós as pensamos a todo momento, de forma
consciente ou não.
Estamos o tempo todo nos
colocando à prova sobre as nossas necessidades e sentimentos e, por um motivo
ou outro, podemos entrar num turbilhão de emoções que nos levam a acreditar que
estamos “sozinhos no mundo”!
E esse sentimento é real ou
falso? Antes de responder a essa pergunta, gostaria de levantar outra: eu tenho
a exata noção do quanto eu me valorizo nesta vida?
Bem, como eu disse acima, muitos
de nós pensamos dessa forma a todo momento. E pensamos, na maioria das vezes,
sem nos apercebermos disso. Vivenciamos uma tristeza, uma inadequação e não nos
damos conta que o que acontece tem origem no nosso mundo interior por não nos
apreciarmos o suficiente para aceitarmos que os outros podem gostar de nós; que
a nossa presença é apreciada, não por todos, mas por muitos, o que é
perfeitamente natural porque não conseguiremos agradar a todos. Se nem Jesus
agradou!
Isso se dá porque, em razão de
pensarmos da mesma forma, nos fixamos somente em quem não nos aprecia e
deixamos de valorizar quem naturalmente nos ama e nos quer bem.
Se não conseguimos enxergar esse
processo interno, tampouco estas pessoas preciosas em nosso viver, teremos um
sentimento muito real de inadaptação e ele será mais do que palpável. Quem se
convence que ninguém o ama, se sentirá só e estará só, mesmo que viva no meio
de uma multidão de amigos, parentes e amores. A pessoa não se enxergará amada,
não se enxergará objeto e alvo de atenção, não se sentirá capaz, não se
enxergará merecedora de nada, absolutamente nada.
Sem querer julgar, mas tentando
achar uma das respostas para essa visão da “falta” de amor, acredito que muitos
daqueles que se sentem assim supervalorizam à opinião alheia, tendo-a como um
norteador perigoso. Por exemplo: eu só me sinto competente se os meus colegas
de trabalho me elogiarem. Se eles nada disserem, começo a me sentir inseguro (a)
e até sem criatividade. Sem perceber, eu deixo de usar algo que eu já possuo
por acreditar que me falta o combustível (opinião alheia) que me alimentaria a
capacidade de fazer bem feito.
Se fazemos isso no âmbito
profissional, imagina o que não fazemos quando é de cunho pessoal!
Nenhum desconforto íntimo deve
ser ignorado porque ele se agrava gradativamente. A solidão, quando sentida com
intensidade, nos torna cegos. Não enxergamos caminhos a serem trilhados; nos
tornamos escravos dos conceitos equivocados que vamos abraçando sobre nós
mesmos; e, encarcerados a estas falsas impressões, tomamos atitudes drásticas
para nos vermos livres dos grilhões da dor que nos sufocam.
Quando chegamos a este estado, o
sentimento de inadequação é muito doloroso. Para aquele que o porta, o auxílio
vindo somente de si deixa de ser suficiente e há a necessidade de uma ajuda
externa para reconquistar o seu equilíbrio emocional. Acredito, piamente, que a
associação do entendimento espiritual (seja de qual religião ou postural moral
adotada for) com o auxílio profissional (terapias, tratamentos médicos) seja a
resposta para um “navegar” a “portos” emocionais mais seguros. Em ambos os
casos, tais ajudas levarão ao “solitário” maior capacidade para conhecer a si
mesmo e, por consequência, enxergar melhor a realidade que o cerca.
Se alguém que amamos está
passando por isso, mesmo que não entendamos o que está acontecendo com ele, não
devemos deixar de ajudá-lo. Sem culpá-lo ou criticá-lo, percebamos que cada um
de nós é passível de passar por isso em algum momento.
Assim, mais chances aquele com
quem nos importamos chegará a sua autodescoberta e mais rápido poderá voltar a
sorrir, não mais sentindo-se só.
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