Jorge Hessen
Atualmente paira sobre as
famílias modernas uma grave ameaça em torno da cultura do prazer. O instituto
familiar necessita de grande choque de modelo e, sobretudo, de muito apoio
religioso para alcançar seu equilíbrio moral. Infelizmente, muitos pais querem
que os filhos tenham prazer sem responsabilidade.
O estudo realizado pelo Serviço
de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL) aponta que a maioria das mães não resiste às solicitações dos
filhos quando eles exigem a compra de brinquedos, roupas e doces. A rigor,
muitas crianças tem noção sobre quais astúcias utilizar para persuadir seus pais
a comprarem o que elas querem.
Muitas vezes, os rogos
“ingênuos” aparecem em forma de pirraça, intimidação, choradeira, induzindo
alguns pais à sujeição. Contudo, ceder a todas as vontades dos filhos (no caso
das compras) pode não apenas desequilibrar o orçamento familiar e levar os pais
a contrair dívidas, porém também pode contribuir para instalar nas crianças uma
série de comportamentos inadequados e tornar os filhos manipuladores e menos
tolerantes à frustração, prejudicando seu desenvolvimento e suas relações
sociais presentes e futuras.
Concordamos que uma das
estratégias para evitar contendas com os filhos durante as compras pode ser
combinar regras sobre o que poderá ou não ser comprado antes do passeio. Para
que essa solução seja eficiente, a mãe deve ser clara e firme na hora do
acordo. Os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as
atitudes dos pais, tanto as boas quanto às más, manifestadas na intimidade do
lar. Por esta razão, os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente,
buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo, amando-os,
independentemente, de como se situam na escala evolutiva. Devemos transmitir
segurança aos filhos através do afeto e do carinho constantes. Afinal, todo ser
humano necessita ser amado, gostado, mesmo tendo consciência de seus defeitos,
dificuldades e de suas reais diferenças.
A regra é clara, ninguém em casa
pode fazer aquilo que não se pode fazer na sociedade. É preciso impor a
obrigação de que o filho faça isso, deste modo, cria-se a noção de que ele tem
que participar da vida comunitária. Um detalhe é muito importante: os espíritas
sabem que a fase infantil, em sua primeira etapa (dos 0 aos 7 anos), é a mais
importante para a educação, e não podemos relaxar na orientação dos filhos, nas
grandes revelações da vida. Sob nenhuma hipótese, essa primeira etapa
reencarnatória deve ser enfrentada com indiferença e ou insensibilidade.
Principalmente a mãe que “deve
ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os
sacrifícios pela paz da família. A mãe terrestre deve compreender, antes de
tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus. Desde a infância,
deve prepará-los para o trabalho e para a luta que os espera. Desde os
primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade,
controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois essa é
a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. Ensinará a
tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja necessária no
processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das tendências e a
diversidade dos temperamentos[2]”.
Para Emmanuel a mãe “não deve
dar razão a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso
das questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que
estacionem na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do
mundo. Na hipótese de fracassarem todas as suas dedicações e renúncias, compete
às mães incompreendidas entregar o fruto de seus labores a Deus, prescindindo
de qualquer julgamento do mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar
os seus sacrifícios e abençoará as suas penas, no instituto sagrado da vida
familiar[3]”.
Os filhos rebeldes são filhos de
nossas próprias obras, em vidas anteriores, cuja Bondade de Deus, agora,
concede a possibilidade de se unir a nós pelos laços da consanguinidade,
dando-nos a estupenda chance de resgate, reparação e os serviços árduos da
educação. Dessa forma, diante dos filhos insurgentes e indisciplináveis,
impenetráveis a todos os processos educativos, “os pais depois de movimentar
todos os processos de amor e de energia no trabalho de orientação deles, é
justo que esperem a manifestação da Providência Divina para o esclarecimento
dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar
através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo
da compreensão e do sentimento[4]”.
Os pais, após esgotar todos os
recursos a bem dos filhos e depois da prática sincera de todos os processos amorosos
e enérgicos pela sua formação espiritual, sem êxito algum, “devem entregá-los a
Deus, de modo que sejam naturalmente trabalhados pelos processos tristes e
violentos da educação do mundo. A dor tem possibilidades desconhecidas para
penetrar os espíritos, onde a linfa do amor não conseguiu brotar, não obstante
o serviço inestimável do afeto paternal, humano. Eis a razão pela qual, em
certas circunstâncias da vida, faz-se mister que os pais estejam revestidos de
suprema resignação, reconhecendo no sofrimento que persegue os filhos a
manifestação de uma bondade superior, cujo buril oculto, constituído por
sofrimentos, remodela e aperfeiçoa com vistas ao futuro espiritual[5]”.
O Espiritismo não propõe
soluções específicas, reprimindo ou regulamentando cada atitude, nem dita
fórmulas mágicas de bom comportamento aos jovens. Prefere acatar, em toda sua
amplitude, os dispositivos da lei divina, que asseguram, a todos, o direito de
escolha (o livre-arbítrio) e a responsabilidade consequente de seus atos. Por todas
essas razões, precisamos aprender a servir e perdoar; socorrer e ajudar os
filhos entre as paredes do lar, sustentando o equilíbrio dos corações que se
nos associam à existência e, se nos entregarmos realmente no combate à deserção
do bem, reconheceremos os prodígios que se obtêm dos pequenos sacrifícios em
casa por bases da terapêutica do amor.
Em últimas instancias quando os
filhos são rebeldes e incorrigíveis, impermeáveis a todos os processos
educativos, “os pais, depois de movimentar todos os processos de amor e de
energia no trabalho de orientação educativa dos filhos, sem descontinuidade da
dedicação e do sacrifício, que esperem a manifestação da Providência Divina
para o esclarecimento dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa
manifestação deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a
semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão e do sentimento[6]”.
Site: A Luz na Mente
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