Nascido em Edimburgo,
Inglaterra, a 22 de maio de 1859, e desencarnado em Cowborough (Sussex), no
mesmo país, no dia 07 de julho de 1930.
Dada a projeção de seu nome em
todo o mundo, Arthur Conan Doyle tornou-se um dos mais renomados espíritas do presente
século, devendo-se a ele apreciável parcela da penetração que o Espiritismo
alcançou em muitos países de fala inglesa, principalmente nos anos que se
seguiram à grande catástrofe que foi a I Grande Guerra de 1914/18.
Muito pouco se sabe sobre a sua
ascendência, entretanto, seu avô era o famoso caricaturista John Doyle. Seu
pai, Charles Doyle, era um artista, possivelmente "Sir" Francis
Hastings Charles Doyle, poeta nascido no Condado de York, em 1810 e desencarnado
em 1888.
Arthur Conan Doyle fez sua
educação no Stonyhurst College, na Alemanha, e na Universidade de Edimburgo,
onde, em 1881, terminou o curso de medicina (M.B.) e quatro anos mais tarde o
doutorado em medicina (M.D.).
Ainda bastante jovem, encetou
numerosas viagens pelas regiões árticas e costa ocidental da África. Nessa
época escreveu "A Study in Scarlet", publicada em 1887, quando já
estava clinicando em Southsea. No ano seguinte fez editar "Micah Clarck".
A história da rebelião de Monmouth. "The sign of Four", em 1889 e em
1891 — "The White Company", que alcançou grande sucesso.
Nesse mesmo ano de 1891,
conquistou enorme popularidade com as "Aventuras de Sherlock Holmes",
que apareciam em "The Strand Magazine". Com a criação do genial
Sherlock Holmes, cujas primeiras aventuras apareceram em "A Study in Scarlet",
a prática da medicina de "Sir" Arthur Conan Doyle foi relegada a
plano secundário, à medida que avançou a fama do escritor. Em 1893 reaparece o
genial detetive nas "Memórias de Sherlock Holmes", seguidas de
"O Cão de Baskervilles", em 1902 e de "A Volta de Sherlock
Holmes", em 1905.
Ele não se limitou a esse gênero
literário. Já em 1896 publicava alguns estudos históricos, dentre eles "As
Explorações do General Gerard". Foram também de sua autoria "A História
de Waterloo", "The Fires of Fate", "The House of Temperley"
e "The Poison Belt".
Nos momentos críticos a sua pena
esteve a serviço da Inglaterra.
Ele não procurou servir a grupos
isolados, mas tão somente à sua Pátria, fazendo-o com honestidade e elegância.
Desta forma, em defesa do
Exército Britânico na África do Sul, publicou em 1900, "The Great Boer
War" e, dois anos depois, um estudo mais minucioso dessa guerra,
intitulado "The War in South África; its Causes and Conduct".
Nessa época Conan Doyle já havia
sido agraciado pelo governo inglês com o título de "Sir".
Pouco antes já havia publicado
"The Tragedy of the Korosko", em 1898, uma pequena história do Sudão
anglo-egípcio e "The Green Flag", que aborda assuntos de origem
africana.
Nesse mesmo grupo se inclui a
sua obra-prima "Sir Nigel". Publicou, ainda, de 1894 a 1912, oito
obras abordando assuntos diversos, dentre elas alguns romances.
De 1915 a 1920, dentre outros
trabalhos destacam-se "Cause and Conduct of the World War", que
logrou traduções em doze idiomas, e "History of the British Campaign in
France and Flanders", que representou a sua última contribuição para a sua
terra e para a sua gente no setor político.
O recurso de que era dotado para
exteriorizar a sua imaginação, secundado pela comunicabilidade do seu estilo e
a espontaneidade do seu poder criativo, fizeram dele um escritor de renome
mundial, admirado por todos os povos.
O insigne novelista foi, em
decorrência, um precursor dos métodos científicos de pesquisa policial e
admirável historiador.
Falemos agora de "Sir"
Arthur Conan Doyle espírita. Nos últimos anos do século passado, grandes
médiuns ingleses, norte-americanos e de outros países haviam chamado a atenção
de figuras de renome do mundo científico inglês. Os fenômenos eram patentes em
toda a parte. Era o advento do novo-espiritualismo, provocando polêmicas,
controvérsias, críticas e entusiasmos.
Em 1882 foi fundada a
"S.P.R." (Sociedade de Pesquisas Psíquicas), da qual grandes vultos
da ciência se tornaram associados.
No dia 2 de julho de 1887, a
revista inglesa "Light", publicou a célebre carta de Conan Doyle,
dirigida ao seu diretor delineando as razões da sua conversão ao Espiritismo.
Essa mesma carta foi reproduzida na adição de 27 de agosto de 1927, da mesma
revista. O conhecido pioneiro espírita brasileiro Cairbar Schutel, também
publicou sua tradução, na edição de 15 de julho de 1929, da "Revista
Internacional de Espiritismo". Nessa carta ele manifesta a sua profunda
compreensão dos postulados da Terceira Revelação, e essa confissão de fé
espírita representa valioso documento da História do Espiritismo.
São também de sua autoria as
obras ."História do Espiritismo" e "A Nova Revelação",
ambas já vertidas para o português, e "A Mensagem Vital" e
"Memórias e Aventuras".
Conan Doyle engrossava as
fileiras dos materialistas-deístas, quando teve a oportunidade de presenciar as
primeiras sessões realizadas com a mesa "pé-de-galo", e de ler as
"Memórias do Juiz Edmonds". A curiosidade predominava então em seu
Espírito, o qual demonstrava nítida propensão para o ceticismo, entretanto, não
deixava de ler todos os livros que abordavam problemas psíquicos que surgiam no
mercado livreiro.
No ano de 1891, a
"Sociedade Dialética de Londres" publicou extenso relatório que muito
o impressionou, levando-o a ingressar no quadro de associados daquela douta
organização.
A sua conversão definitiva para
o Espiritismo concretizou-se em sua plenitude quando leu a obra "A
Personalidade Humana", de Frederich Myers, obra essa que teve o mérito de receber
dele os mais francos encômios.
Nessa altura escreveu ele:
"Enquanto considerei o
Espiritismo como ilusão vulgar de ignorantes, tratei-o com desprezo, mas quando
o vi apoiado por sábios como Crookes, o maior químico inglês, por Wallace, o
rival de Darwin, e por Flammarion, o mais conhecido dos astrônomos, não pude
mais desprezá-lo".
Sua esposa, após ter-se
comunicado com o Espírito de um seu irmão desencarnado em Mons, tornou-se a sua
mais eficiente assessora, passando a acompanhá-lo em um número incontável de
viagens de propaganda, encetadas à África do Sul, Cabo da Boa Esperança,
Rodésia e Nairóbi, onde teve a oportunidade de falar a um auditório de 10.000
pessoas, sendo sempre ouvido com inusitado interesse e admiração, o que o levou
a afirmar:
"Em três anos de
seguidas conferências, durante as quais visitei quase todas as nossas grandes
cidades, nunca fui interrompido e tenho a convicção de jamais haver maçado os ouvintes".
Conan Doyle havia se convencido
de ser o Espiritismo uma nova revelação, de suma importância não só para a
ciência, para a medicina e para a criminologia, mas também destinada a penetrar
fundo no campo da filosofia e da religião.
Quando se cogitou de elevá-lo a
Par do Reino Unido da Grã-Bretanha, que é a mais relevante distinção que um
homem pode ambicionar na Inglaterra, o fato significou o reconhecimento tácito
do seu valor moral e intelectual. Uma condição surgiu, no entanto, deveria
abjurar as suas ideias espíritas. Essa exigência encontrou nele a mais franca
repulsa, embora sabendo com antecipação que a sua fidelidade ao Espiritismo
significava a perda daquela excepcional oportunidade, além de perder numerosos
amigos apegados a sectarismos e preconceitos. Ele, no entanto, situou a verdade
acima de tudo, preferindo continuar a apregoar uma mensagem nova repleta de
amor e paz para o gênero humano.
A sua recusa em trocar a glória
de um título mundano pelo abandono de uma ideia libertadora, que ele reputava
ser a lídima expressão da verdade, acarretou-lhe muitos detratores, porém, ele
não os combateu, reconhecendo ser homens bitolados pelas mais variadas formas
de observância de meros tradicionalismos.
[1] Personagens do
Espiritismo - Antônio de Souza Lucena
e Paulo Alves Godoy
Nenhum comentário:
Postar um comentário