terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Personalidades Parasitas[1]



Manoel Philomeno de Miranda


Na psicopatologia das personalidades múltiplas ou anômalas, não podemos descartar a realidade espiritual do próprio paciente.
Espírito eterno, herdeiro das ações transatas, ei-lo que marcha mediante as etapas reencarnacionistas, acumulando experiências e somatizando problemas que, a contributo do amor — na realização edificante, ou na dor, expungindo delitos — alcança a plenitude da sua realidade: a destinação feliz para a qual foi criado!
Evidentemente, os conflitos e traumas da infância, que dão origem às personificações parasitárias, são de relevância em tal problemática. Mesmo aí defrontamos, no lar difícil, nas agressões da família, nos vários distúrbios domésticos, a mão da justiça infalível estabelecendo os mecanismos corretivos para o infrator libertar-se dos débitos, sob a injunção de fugas espetaculares, as quais dão surgimento às construções de variantes personagens que assomam do inconsciente, em processos de defesa do ser frágil e tímido, aflito e receoso...
Bem sabemos que as agressões da brutalidade à criança, da violência sexual, do temor sistemático, geram conflitos e aspirações libertáveis que, na impossibilidade de agir com a energia própria, dão nascimento a entidades que assomam, dominando o Inconsciente e realizando-se além das conjunturas impiedosas dessas frustrações de impotência moral, social, econômica ou psíquica.
A criança é mais do que um ser em formação. Trata-se de um universo individualizado, um somatório de valores que aos pais e educadores cabe penetrar para bem desenvolver e conduzir.
O pavor que se lhe insufla, o desamor de que se sente objeto, as ofensas não digeridas que sempre lhe são atiradas como calhaus e chuvas de humilhação terminam por produzir tormentos asfixiantes, dando gênese aos seres que a dominarão ao largo dos tempos, tornando-a venal, fingida ou igualmente violenta, rebelde, desagregada Somente o amor possui os ingredientes de correção destes equipamentos do inconsciente, geradores dos distúrbios alienadores da pessoa.
A terapia especializada, ao largo dos anos, consegue reintegrar as diversas personificações na identidade do eu consciente, libertando o paciente da perturbadora situação.
Vezes, porém, ocorrem, nas quais, além das personificações construídas pelo inconsciente predominam entidades conscientes de outra dimensão, que obsediam e atormentam aqueles a quem odeiam ou supõem lhes devam compreensão e amor.
A psicoterapia dos passes, da renovação moral do paciente e do esclarecimento da personalidade subjugadora, conseguem liberar a vítima, que deverá passar a envidar esforços para conquistar um elenco de recursos morais, nos quais estejam luzindo a caridade e a compaixão.
A obsessão sutil e perigosa grassa dominadora, e, na área das enfermidades mentais de todo porte, o doente é sempre o réu na consciência culpada, reparando os gravames das vidas passadas e erigindo a sua realidade moral, com a qual o pensamento e a ação se conjugam para a elevação e a saúde real, que somente são possíveis através da consciência asserenada, sem culpa nem rebeldia.



[1] SOS Família – Divaldo P. Franco e Espíritos Diversos

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