Manoel Philomeno de Miranda
Na psicopatologia das
personalidades múltiplas ou anômalas, não podemos descartar a realidade
espiritual do próprio paciente.
Espírito eterno, herdeiro das
ações transatas, ei-lo que marcha mediante as etapas reencarnacionistas,
acumulando experiências e somatizando problemas que, a contributo do amor — na
realização edificante, ou na dor, expungindo delitos — alcança a plenitude da
sua realidade: a destinação feliz para a qual foi criado!
Evidentemente, os conflitos e
traumas da infância, que dão origem às personificações parasitárias, são de
relevância em tal problemática. Mesmo aí defrontamos, no lar difícil, nas
agressões da família, nos vários distúrbios domésticos, a mão da justiça
infalível estabelecendo os mecanismos corretivos para o infrator libertar-se
dos débitos, sob a injunção de fugas espetaculares, as quais dão surgimento às
construções de variantes personagens que assomam do inconsciente, em processos
de defesa do ser frágil e tímido, aflito e receoso...
Bem sabemos que as agressões da
brutalidade à criança, da violência sexual, do temor sistemático, geram
conflitos e aspirações libertáveis que, na impossibilidade de agir com a
energia própria, dão nascimento a entidades que assomam, dominando o
Inconsciente e realizando-se além das conjunturas impiedosas dessas frustrações
de impotência moral, social, econômica ou psíquica.
A criança é mais do que um ser
em formação. Trata-se de um universo individualizado, um somatório de valores
que aos pais e educadores cabe penetrar para bem desenvolver e conduzir.
O pavor que se lhe insufla, o
desamor de que se sente objeto, as ofensas não digeridas que sempre lhe são
atiradas como calhaus e chuvas de humilhação terminam por produzir tormentos
asfixiantes, dando gênese aos seres que a dominarão ao largo dos tempos,
tornando-a venal, fingida ou igualmente violenta, rebelde, desagregada Somente
o amor possui os ingredientes de correção destes equipamentos do inconsciente,
geradores dos distúrbios alienadores da pessoa.
A terapia especializada, ao
largo dos anos, consegue reintegrar as diversas personificações na identidade
do eu consciente, libertando o paciente da perturbadora situação.
Vezes, porém, ocorrem, nas
quais, além das personificações construídas pelo inconsciente predominam
entidades conscientes de outra dimensão, que obsediam e atormentam aqueles a
quem odeiam ou supõem lhes devam compreensão e amor.
A psicoterapia dos passes, da
renovação moral do paciente e do esclarecimento da personalidade subjugadora,
conseguem liberar a vítima, que deverá passar a envidar esforços para
conquistar um elenco de recursos morais, nos quais estejam luzindo a caridade e
a compaixão.
A obsessão sutil e perigosa
grassa dominadora, e, na área das enfermidades mentais de todo porte, o doente
é sempre o réu na consciência culpada, reparando os gravames das vidas passadas
e erigindo a sua realidade moral, com a qual o pensamento e a ação se conjugam
para a elevação e a saúde real, que somente são possíveis através da
consciência asserenada, sem culpa nem rebeldia.
[1] SOS Família – Divaldo P. Franco e Espíritos Diversos
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