Antônio Carlos Navarro[2]
Não vamos aqui entrar na discussão sobre a existência ou não
dos espíritos.
Vamos, a partir da crença
generalizada mundialmente, há milênios, de que não só existem, mas que são as
almas dos homens que já viveram na Terra. Ou seja, nós os encarnados, também o
somos.
Allan Kardec, o Codificador da
Doutrina Espírita, sistematizou o conhecimento da realidade, e a respeito do
Espírito propôs algumas perguntas aos Espíritos Superiores.
O que é o Espírito?
– Espírito é o princípio
inteligente do universo[3].
Somos o Ser Pensante, que tem
como atributo essencial a capacidade mental de raciocinar, de planejar,
resolver problemas, abstrair e compreender ideias e linguagens, e ainda,
aprender.
Qual é a natureza íntima do
Espírito?
– Não é fácil explicar o
Espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele não é nada, visto que o Espírito
não é algo palpável, mas para nós é alguma coisa[4].
Para nós, os encarnados,
acostumados com o mundo das dimensões físicas, não é muito fácil tratar da
subjetividade do espírito, e por isso Kardec continua:
Que definição se pode dar
dos Espíritos?
– Pode-se dizer que os
Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o universo, fora do
mundo material[5].
Com essas definições dadas pelos
responsáveis pela implantação do Consolador, prometido por Nosso Senhor Jesus
Cristo[6],
Kardec aprofunda a questão em torno da condição existencial do Espírito no
Mundo Espiritual.
Os Espíritos têm uma forma
determinada, limitada e constante?
– Aos vossos olhos, não;
aos nossos, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão ou uma
centelha etérea[7].
Essa chama ou centelha tem
uma cor qualquer?
– Para vós, ela varia do
escuro ao brilho do rubi, conforme seja o Espírito mais ou menos puro[8].
Lembra-nos Allan Kardec em
comentário à questão acima:
“É costume representarem-se os
gênios com uma chama ou uma estrela sobre a fronte. É uma alegoria que lembra a
natureza essencial dos Espíritos. Coloca-se no alto da cabeça, porque é aí a
sede da inteligência.”
Tratando sobre a aparência do
Espírito, pergunta o Codificador:
O Espírito, propriamente
dito, não tem nenhuma cobertura, ou como pretendem alguns, é envolvido por
alguma substância?
– O Espírito é envolvido
por uma substância vaporosa para vós, mas ainda bem grosseira para nós; é
suficientemente vaporosa para poder se elevar na atmosfera e se transportar
para onde quiser [9].
Para deixar as coisas mais
claras possíveis, Kardec, que foi um exímio educador, comenta a questão acima:
“Assim como nas sementes o germe
do fruto é envolvido pelo perisperma, do mesmo modo o Espírito, propriamente
dito, é revestido de um envoltório que, por comparação, pode-se chamar
perispírito”.
E continua a perguntar:
De onde o Espírito tira seu
envoltório semimaterial?
– Do fluido universal de
cada globo. É por isso que não é igual em todos os mundos. Ao passar de um
mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como trocais de roupa[10].
Assim, quando os Espíritos
que habitam os mundos superiores vêm até nós, revestem-se de um perispírito
mais grosseiro?
– É preciso que se revistam
de vossa matéria, como já dissemos[11].
O envoltório semimaterial
do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível?
– Sim, tem a forma que lhe
convém. É assim que se apresenta, algumas vezes, nos sonhos, ou quando estais
acordados, podendo tomar uma forma visível e até mesmo palpável[12].
Com base nas questões acima
podemos facilmente chegar a algumas deduções.
A nossa coloração, enquanto
espíritos, é consequência da nossa condição moral. É por isso que se diz que
alguém é espírito de luz. A esse respeito o Senhor Jesus falou que:
“A candeia do corpo é o olho.
Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se
for mau, também o teu corpo será tenebroso. Vê, pois, que a luz que em ti há
não sejam trevas[13]”.
A forma como olhamos o mundo
está relacionada à nossa moralidade. Se formos simples de coração e bondosos, a
luminosidade de nosso espírito será cada vez mais brilhante e saudável, e, ao
contrário, sustentando a maldade no coração, nossa luminosidade será mais e
mais opaca e escura, e por isso mesmo prejudicial.
Essa luminosidade parte do
espírito, passa pelo perispírito formando, no seu limiar, o que se conhece por
“Aura”, e como o perispírito é que dá a forma ao corpo físico, transmite-lhe
toda a energia luminosa para os órgãos físicos, seja boa ou seja má.
Como o perispírito, embora
invisível é matéria, tem, portanto, peso. Isso significa que quando deixarmos o
corpo físico pelo processo da desencarnação estaremos sujeitos a Lei de
Gravidade, que nos situará de acordo com a leveza da luz que há em nós, ou
junto dos espíritos mais apagados e presos nas proximidades do mundo material,
ou próximo daqueles que brilham a luz do amor já em paragens superiores.
[2] Antônio Carlos Navarro
é membro da Rede Amigo Espírita, estudioso e palestrante espírita.
Trabalhador do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier em São José do Rio
Preto - SP. e-mail: antoniocarlosnavarro@gmail.com
[3] O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, questão 23
[4] Idem, questão 23-a
[5] Idem, questão 76
[6] João 14:26
[7] O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, questão 88
[8] Idem, questão 88
[9] O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, questão 93
[10] O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, questão 94
[11] O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, questão 94-a
[12] O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, questão 95
[13] Lucas 11:34,35
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