domingo, 3 de dezembro de 2017

NO QUE CONSISTE O NOSSO PLANEJAMENTO REENCARNATÓRIO[1]


 
Adriana Machado


Fazemos uma ideia muito errada sobre o que é o nosso planejamento reencarnatório. E nos equivocamos porque temos ideias muito deturpadas do que é sairmos vencedores, termos boas experiências, superarmos nossas dificuldades.
Enquanto não percebermos que a nossa existência não se resume a um punhado de experiências que nos farão sofrer, não compreenderemos a essência de nossa própria realidade.
E porque pensamos isso? Primeiro, porque muitos ainda acreditam que é pelo sofrimento que seremos felizes! Interpretamos, equivocadamente, que sendo a dor necessária para o nosso crescimento, o sofrimento também o será, como se um dependesse do outro, como fossem um só. Mas, hoje, mais do que nunca, esses conceitos estão sendo explicados de uma forma mais simples e libertadora: dor e sofrimento são dois aspectos de uma experiência, sendo que a primeira é a forma que encaramos a experiência em que vivemos e o segundo, como nos deixamos senti-la.
Quando é afirmado que a dor é necessária, está se dizendo, simplesmente, que a maioria de nós, seres terrenos, nesta etapa evolutiva, somente nos freamos quando algo “desagradável” aos nossos olhos nos acontece. Esse algo, normalmente, é um alarme que nos faz perceber que precisamos parar e descobrir, de uma forma mais racional e sem destemperos, qual o caminho que nos retirará daquela trajetória desastrosa que estávamos percorrendo. E por que digo “aos nossos olhos”? Porque tal circunstância pode ser horrível para nós e não ser para um outro alguém. Eu posso perder a paz em uma circunstância que outra pessoa a vivenciaria sem muitos tumultos... Por isso, a dor é subjetiva, da mesma forma que a intensidade de nosso sofrimento também é. Ambos, serão avaliados pelo indivíduo e dada a sua importância e intensidade segundo a sua forma de enxergar a vida.
Mas, o que isso tem a ver com a programação reencarnatória? Tudo, porque ambas serão produzidas pelo indivíduo segundo a sua noção consciente ou inconsciente de seus débitos e trabalhadas em suas existências materiais. Está muito claro para mim que, os nossos débitos são contraídos pelas nossas ações equivocadas, mas eles só são mantidos pela nossa consciência culpada. Mesmo quando pensamos naquele indivíduo que não tem noção exata de seus equívocos e é aprisionado pelos seus algozes no plano imaterial, isso só acontece porque ele, como qualquer um de nós, já “sabe” o que é certo e errado, e ele “vibra” conforme este entendimento. Desde a vinda dos grandes Mestres, incluindo Jesus, não podemos mais dizer que não sabemos onde erramos.
Por isso, quando participamos de nossa programação reencarnatória, temos em nossa mente o que queremos superar e se possível “pagar” para nos vermos livres de nossa consciência perturbada. Elegemos muitas possíveis experiências não especificadas[2], mas úteis para o nosso desabrochar e, na ilusão de um menino pequeno que acha que se esconde atrás de suas próprias mãos, enxergamos muita dor e empreendemos muito sofrimento nelas para nos vermos pagando por cada erro cometido.
Precisamos compreender que sermos vencedores em uma existência terrena, termos boas experiências e superarmos nossas dificuldades depende de como vemos o que recebemos da vida e estas podem ser por nós transmutadas para um olhar mais humano e caridoso para conosco. Se não aprendermos isso, ao acreditarmos que precisaremos padecer os horrores de uma doença terminal para nos livrarmos de nossos males, será isso que construiremos para nós ao final de nossa existência. Assim, atendendo ao nosso desejo, a vida nos dará a chave de nossa libertação (a doença terminal) para que alcancemos o objetivo de nossa programação reencarnatória que é, tão somente, alcançarmos a nossa felicidade espiritual.




[2] Em nosso planejamento, com raras exceções, não escolhemos passar especificamente por uma avalanche ou um tiroteio, uma queda de avião ou acidente de carro... Escolheremos, de uma forma geral, passar por uma experiência que nos ajudará a compreender o valor da vida, da família ou do emprego que nos sustenta... Daí, as circunstâncias serão construídas a partir de nossas ações, serão o resultado de nossas construções segundo as nossas escolhas de toda uma vida.

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