quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Poltergeist[1]


 

Marcos Paterra[2]


Na parapsicologia fenômeno Poltergeist ou RSPK (Recurrent Spontaneous Psychokinesis - Psicocinesia Espontânea Recorrente) é conhecido como  Macro-PK caracterizado principalmente por barulhos, movimentos de objetos, efeitos elétricos e mecânicos sem uma causa conhecida.
Para se entender melhor o  Poltergeist podemos traduzi-lo  do alemão  Polter =  Ruído e  Geist =  Espírito. Esta designação originou-se da crença de que os fenômenos observados seriam provocados por espíritos de desencarnados.
 O fenômeno poltergeist foi estudado por diversos cientistas de renome, tanto da área parapsicológica quanto da área espírita, e suas observações diversas vezes se convergiam para nomes como Hernani Guimarães Andrade, Carl Gustav Jung, Ernesto Bozzano, Charles Richet, William MC Douall e outros.
Como agem esses  espíritos sobre a matéria?  A resposta esta no capitulo IV[3], no item 77 de O Livro dos Médiuns:
Assim, quando um objeto é posto em movimento, levantado ou atirado para o ar, não é que o Espírito o tome, empurre e suspenda, como o faríamos com a mão. O Espírito o satura, por assim dizer, do seu fluido, combinado com o do médium, e o objeto, momentaneamente vivificado desta maneira, obra como o faria um ser vivo, com a diferença apenas de que, não tendo vontade própria, segue o impulso que lhe dá a vontade do Espírito.
Pois que o fluido vital, que o Espírito, de certo modo, emite, dá vida factícia e momentânea aos corpos inertes; pois que o perispírito não é mais do que esse mesmo fluido vital, segue-se que, quando o Espírito está encarnado, é ele próprio quem dá vida ao seu corpo, por meio do seu perispírito, conservando-se unido a esse corpo, enquanto a organização deste o permite. Quando se retira, o corpo morre. Agora, se, em vez de uma mesa, esculpirmos uma estátua de madeira e sobre ela atuarmos, como sobre a mesa, teremos uma estátua que se moverá, que baterá, que responderá com os seus movimentos e pancadas. Teremos, em suma, uma estátua animada momentaneamente de uma vida artificial. Em lugar de mesas falantes, ter-se-iam estátuas falantes.
Sobre essa ótica conclui-se que os fenômenos “Macro-PK” são em sua maioria Medianímicos[4]; Ernesto Bozzano defenderia mais tarde esta tese em “Animismo e Espiritismo”, assim como em seu livro “Fenômenos de Bilocação”[5] (Desdobramento).  Os golpes vibrados, o deslocamento de objetos sem contato (telestesia), os fenômenos de “poltergeist” e outros fenômenos físicos de natureza semelhante são produzidos por um “corpo astral”, confirmando a presença de espíritos no fenômeno; num sentido mais amplo, Hernani G. Andrade em suas pesquisas revela:
Os poltergeists revelam muitas coisas [...] Alguns deles fornecem evidências de que seres incorpóreos e inteligentes podem, em certas circunstâncias, atuar fisicamente na matéria. Há casos em que deixam marcas indeléveis da sua atuação, produzindo, por exemplo, a combustão espontânea de objetos inflamáveis. Esses agentes normalmente são invisíveis à maioria das pessoas, mas podem ser percebidos por certos sensitivos. Seus efeitos revelam características típicas de seres inteligentes e até maliciosos. Parecem habitar espaços paralelos ao nosso e dão a impressão de que podem transitar do seu espaço próprio para o de cá, e vice-versa.[6]
Na parapsicologia a ação dos espíritos é denominada “Fenômenos Psi-Theta”[7], e são esses seres que através de contato mental  com um  ser humano conseguem  manifesta-se através dos sons, e movimento de objetos.
Entre esse e outros dados Carl Gustav Jung desenvolveu o conceito de inconsciente, desdobrando-o em inconsciente pessoal e inconsciente coletivo, a partir de suas experiências e observações. Descobriu e estudou os arquétipos do inconsciente coletivo, material que verificou ser comum aos seres humanos; e foi com esses estudos que analisou fenômenos paranormais:
Já observei a movimentação de objetos sem que fossem tocados diretamente e sob condições cientificamente satisfatórias. Poderíamos dizer que se trata de levitação, se considerarmos que as coisas se movimentam por si mesmas. Mas isto parece não ser o caso, pois todos os corpos aparentemente automovidos moveram-se como se tivessem sido levantados, sacudidos ou atirados por alguma mão.
Nessa série de experimentos eu, com outros observadores mais, vimos uma mão e sentimos sua pressão aparentemente, foi esta mão que causou todos os outros fenômenos desse tipo. Esses fenômenos não têm nada a ver com “vontade”, pois só aconteciam quando o médium estava em transe e não comandava sua vontade. Parecia que estavam na categoria das manifestações poltergeist. As experiências que mencionei aqui foram realizadas na clínica de Burghölzli e não na Eidgen. Techn. Hochschule (ETH)[8].
Conforme o  Dr. Pedro Antonio Grisa[9], criador do “Sistema Grisa”[10],  tudo é ocasionado pela Mente Humana,  quando o indivíduo vivencia grave ameaça à sua Sobrevivência, desencadeia poderosa Energia. Exemplos: Fenômenos de “Poltergeist” ou das casas consideradas Mal-Assombradas, pessoas que parecem estar com espíritos; analisando essas informações sobre a ótica espírita encontramos no livro “Libertação” (p. 223), referencias a casos de auto-obsessão.
Contando o caso de um  escritor atormentado pelas próprias criações mentais negativas e destrutivas que criou em seus livros. Os personagens voltam, sob a forma de ideoplastias[11] ou formas-pensamento, para atormentá-lo. Esse processo pode se dar no mundo espiritual ou durante a encarnação, especialmente, na fase da senectude, quando a alma se torna mais vulnerável.
Abrindo assim também espaço para as respostas das casas Mal-Assombradas, e também levantando outra questão que tem ação nos fenômenos poltergeist  é a  do uso de “Formas Pensamentos”[12],  assunto que  é amplamente abordado por Ernesto Bozzano em seu livro   “Pensamento e Vontade” :
O que denomino espírito do magnetismo não são espíritos que nos venham do céu e muito menos do inferno, mas provenientes de um princípio inerente à criatura humana, tal como a faísca que da pedra se desprende. Graças à vontade, o organismo também pode desprender uma pequena parcela de espírito, que reveste forma determinada, transformando-se em “ser ideal”. A partir desse momento, esse espírito vital se torna em coisa como que intermediária do ser corpóreo e dos seres incorpóreos. Assim é que pode locomover-se à vontade, não mais submisso às limitações de tempo e espaço[13].
 A Doutrina Espírita nos esclarece sobre a alma e seus atributos, mostrando sua natureza e suas possibilidades de ascender a planos mais elevados de esclarecimento, e prova-nos que para afastar esses fenômenos  é necessário  conhecimento sobre suas causas, em muitos casos o arrependimento é quase sempre mudança de comportamento, tanto do espírito desencarnado quanto do encarnado.
Aprendemos com os benfeitores espirituais que a maldade deliberada é moléstia da alma e a modificação no plano mental das criaturas jamais pode ser imposta; é, antes, fruto de tempo, de esforço e de evolução[14].




[1] Artigo Publicado na RIE de Janeiro de 2013.
[2] Marcos Paterra (João Pessoa/PB) é membro da Rede Amigo Espírita, é articulista e membro do movimento espírita paraibano, colaborador de diversos sites e jornais espíritas.  marcos.paterra@gmail.com  
[3] Cap. IV ‒ Da Teoria das Manifestações Físicas/ Tópico XXV.
[4] Força do espírito do médium combinada com a do espírito desencarnado.
[5]Termo usado pelos teólogos e que sintetiza as manifestações multiformes ditas de “desdobramento fluídico”, correspondente às outras expressões de  “corpo etéreo”, “corpo astral”, “perispírito”.
[6] ANDRADE, Hernani G. Poltergeist. Algumas de suas Ocorrências no Brasil. São Paulo: Pensamento. 1989.
[7] Fatos Relacionados com a Morte - são aqueles fatos em que os mortos parecem se manifestar para os vivos. Na Doutrina Espírita, muitos desses fenômenos seriam efetivamente manifestações de seres humanos desencarnados.
[8] JUNG, Carl Gustav. Cartas de C. G. Jung, Volume III p. 319 – 1956-1961 – Editora Vozes. 2003.
[9] Mestre da Parapsicologia independente.
[10] O SISTEMA GRISA compreende as dificuldades vivenciadas pelo ser humano como advindas de sua história de vida, cujos registros ficam gravados em seu subconsciente.
[11] Fenômeno psicológico transformar-se em fisiológico; o pensamento pode fotografar-se e concretizar-se em materialização plástica, tanto quanto criar um organismo vivo.
[12] BOZZANO, Ernesto. Pensamento e Vontade Cap. As forças ideoplásticas p3. FEB.
[13] Formas-Pensamentos: "elementos artificiais ou formas de pensamentos, assim chamadas porque são formas dadas a uma porção de essência dementai pelos pensamentos da Humanidade e podem operar sobre o homem de maneira benéfica ou maléfica, segundo a natureza de tais formas mentais ".(Glossário Teosófico)
[14] XAVIER, Francisco Cândido. No Mundo Maior, pp. 16 ,17 e 44, FEB-RJ.

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