sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Sexualidade[1]


Cairbar Schutel
 

Por que unir sexo, amor e reforma íntima? Porque o relacionamento sexual deve ser conhecido e vivenciado no contexto do amor e, portanto, da reforma íntima.
Sexualidade serve de prova para o encarnado. Pode conter alguns fatores que levam a períodos de expiação, mas não deve navegar pelo sofrimento. Se, por conta do sexo, o ser humano sofrer, é porque ainda não aprendeu a amar.
Controlar a sexualidade, assim como manter o domínio sobre os demais desvios de conduta, é um dever do encarnado.
Do mesmo modo que relacionamento sexual traz alegria e prazer ao espírito e ao corpo, pode conduzir à tristeza e à angústia. Sexo não deve ser o centro das atenções do ser, nem tampouco o ponto de convergência dos interesses. É parte do amor, verdadeira meta a ser alcançada na sua plenitude.
Pratica-se, idealmente, entre homem e mulher. Tem um sentido de troca positiva de sensações e vibrações carnais e fluídicas. Está no contexto da relação conjugal permanente e fiel. Ao largo dessa premissa, torna-se um desvio de comportamento.
Não é preciso ser utilizado somente para procriar, ainda que seja instrumento ideal para tanto. Sexo, havendo amor, pode e deve ser desfrutado quando possível e desejável.
Por que não no cenário das relações instáveis e como mero prazer carnal? Porque, nesse prisma, não difere dos demais desvios que o encarnado adota para a satisfação artificial, portanto material, de suas necessidades. Porque pode estar — o que ocorre na maioria dos casos — no contexto do materialismo puro.
A falta de preparo e evolução para a compreensão do verdadeiro significado do amor, como sentimento maior, induz o encarnado a tratar o sexo como um instrumento ilusório — porque não tocante ao imo da alma — de prazer.
Praticar o ato sexual fora do contexto ideal é o mesmo que cultivar um desvio, que pode tornar-se um vício.
É certo que, como prova, o sexo trará a muitos as mesmas agruras dos demais desvios de conduta. Como expiação pode também transformar-se em linha de negativismo, caso não saiba o encarnado lidar, resignado, com tal obstáculo.
O indicado é captar sua real dimensão, não permitindo que seja um instrumento de desatino espiritual, trazendo, assim, mais dívidas a quitar no futuro.
As pessoas na crosta terrestre relacionam-se positivamente através do amor material — entendido como atração física que causa prazer à carne — e do amor espiritual — relação superior, que preenche a alma e regozija o ser, pois completa-lhe a essência. O sexo lida com as duas formas.
Há amor material por excelência, pelo contato físico que proporciona. Há também amor espiritual porque contenta o íntimo do ser, neste caso quando exercido a nível ideal e cristão.
Pode não ser obrigatório no casamento? Desde que o casal assim acorde, mútua e espontaneamente, por conveniências íntimas e pessoais, prevalecendo na relação o amor espiritual.
Exercitá-lo ou não implica sempre numa decisão responsável.
O amor espiritual envolve o material que envolve o sexo. Portanto, sexo sem amor espiritual é corpo sem cabeça.
Confunde o encarnado sentimento com instinto ou sensação, manifestações mais rudes do espírito. Animais têm instintos, assim como o homem os tem. Mas animais não têm sentimentos desenvolvidos, o que o homem possui. Tratar o relacionamento sexual meramente no campo instintivo — ou mesmo no da sensação, algo intermediário entre instinto e sentimento, mas ainda rudimentar — é empobrecê-lo.
Praticar o ato sexual por instinto ou por sensação de prazer, sem sentimento, é animalizá-lo. Compreensível que muitos, ainda por parca evolução espiritual, o façam. Desejável, entretanto, não é.
Afagar a mente, através da leitura de um livro com belas mensagens, pode dar maior prazer ao espírito mais evoluído do que uma noite de sensações libidinosas representa a outro, menos desenvolvido.
Soluções existem. Passam pela reforma íntima. Não prescindem da reformulação interior do ser.
Há uma falsa ideia que torna bestial o resultado adotado pela humanidade, conforme a época e o lugar do Globo, que é considerar o desvio sexual de qualquer ordem pior, ou melhor, que outros desvios de conduta.
Assim, desmandos e atrocidades são cometidos contra o encarnado que, desviando-se no contexto do instinto sexual, comete algum ato não ideal ou menos cristão. São períodos negros da história do ser humano. Sexo e sentimento devem ter noções inseparáveis. Ainda que leve algum tempo para que a humanidade disso se aperceba, é esse o ideal cristão a ser perseguido.
Eis por que o melhor contexto para o desempenho dos atos consentâneos é na união familiar entre o homem e a mulher.
Existem uniões passageiras entre encarnados que levam ao seu exercício pela mera sensação de prazer. É fato e contra fatos não há negativas. Com o passar do tempo, no entanto, haverá um aprimoramento espiritual suficiente que conduzirá os seres à percepção da razão verdadeira do amor e, consequentemente, dos fundamentos reais da sexualidade. Nessa ocasião, sexo e amor estarão indissociavelmente unidos; amor e união familiar, também. Logo, sexo e união familiar será um binómio natural e pacificamente aceito por todos.
Não se retira do ato sexual, com isso, o seu característico de prazer. É prazer e continuará sendo no mundo material. Deve ser, inclusive para justificar e incentivar a sua prática. Não é fonte exclusiva para a procriação, mas sobretudo para a troca de energias e sentimentos entre os seres que se unem para um consórcio de vida, permutando experiências e desenvolvendo projetos
No plano físico, elementos que para o desencarnado tornam-se supérfluos, para os encarnados são fundamentais e sustentam suas sensações de deleite e satisfação. Aí onde estão incluídas todas as funções fisiológicas também está a sexualidade.
Sexualidade não deve ser um tabu, mas também não significa libertinagem. Sua finalidade é proporcionar aos encarnados sensações de prazer através do exercício do sentimento amor.
Servindo, ainda, de prova ou de expiação, conduz o encarnado à senda dos acertos e, portanto, do progresso, ou dos erros e, consequentemente, dos débitos.
Prática sexual pode ser vício, quando se torna busca incessante de prazer imotivado e não sentimental.
Sexo pode ser símbolo de materialismo. Utilizando-o para conquistas interesseiras, forma de sustento ou mesmo instrumento de prazer desenfreado, o encarnado ingressa no cenário do materialismo, afastando-se do ideal.
Quando exercido o ato respectivo por mera obrigação, na relação conjugal, pode ser útil ou não. Melhor agir com amor. Sempre. Não sendo possível, o casal pode praticá-lo como meio de satisfação das necessidades físicas. Ainda que não seja o ideal, é melhor do que ir buscá-lo extra maritalmente.
Como mencionado em item precedente, não se nega a existência da sua prática fora da união familiar, porque é um fato — e corriqueiro na atualidade. Mas, buscando a sua evolução, voltado para o futuro, visando a atingir um estágio superior de depuração, deve o encarnado saber que a sexualidade tem uma finalidade diversa daquela para a qual se volta a maioria da sociedade no presente, por ignorância ou por falta de preparo espiritual para aceitar a realidade. Para tanto, incide o esclarecimento.
Sexo — e a repetição nesse contexto não é demasia ‒ significa instrumento de realização de um sentimento nobre, que é o amor. Aliás, uma das formas de exercitar o amor.
Há outras, até mais profundas e satisfatórias que o sexo — depende da evolução do espírito para aperceber-se disso.
Sendo instrumento de amor e sendo este sentimento por excelência desfrutado no núcleo familiar, base fundamental de evolução de todo ser humano, destina-se o seu exercício à intimidade conjugal. Idealmente nem antes, nem fora dela
Como fazer para contê-lo no tocante àqueles que ainda não conseguem assim aceita-lo? Como todo vício, o melhor caminho é operacionalizar a reforma íntima. Através dela, o encarnado começará, ainda que timidamente, a mudar os seus hábitos e, com o passar do tempo, a compreender a desvantagem do papel do sexo fora da relação conjugal.
Fazendo-se um paralelo com um vício qualquer, a melhor forma para extirpá-lo é a diminuição lenta, gradativa e permanente dos atos erroneos que compõem o quadro vicioso.
Portanto, quem não consegue conter a sua sexualidade de forma natural, nesse contexto, deve encarar o seu problema como um desvio de conduta e, conforme o caso, como um vício. A partir daí, combater o mal torna-se uma peregrinação difícil, mas possível de ser realizada, utilizando como instrumento o processo decrescente e permanente fiscalização de suas próprias atitudes. Haverá dia em que o triunfo será alcançado.
 
Homossexualidade
Significa atração sexual por pessoa do mesmo sexo.
Pode advir de uma inadaptação do Espírito ao corpo que lhe foi destinado; vale dizer: desejava nascer homem e nasceu mulher ou vice-versa. Porta para a irresignação contra Deus, portanto, desvio de conduta, uma vez que não consegue suportar sua prova.
Pode resultar de influenciações provenientes do meio social ou fruto da descuidada educação familiar. Neste caso, mais fácil se torna reverter o desvio. No outro, bem mais complexo e difícil.
Quando irresignado com a prova que lhe foi destinada, o encarnado, em maior ou menor escala (eis porque as várias gradações que passam pelo transexual, pelo bissexual e pelo homossexual propriamente dito), cultiva, no espírito, o desejo de pertencer ao sexo oposto ao seu.
A prática sexual é uma das formas mais visíveis e satisfatórias de encontro do trinômio "mente-sensualidade-prazer", assim, na forma material que encontra satisfação para o seu lado sensual, buscando o prazer sexual racionalmente (o sentimental, que envolve o coração, fica fora desse contexto), o encarnado procura o contato homossexual para amenizar o seu inconformismo latente, às vezes silencioso, mas presente no mais profundo do seu âmago.
Como se disse, reverter essa tendência é difícil. Quando se trata da irresignação espiritual, o processo é lento e necessita, de forma absoluta, do processo de reforma íntima. Quando se trata do homossexualismo resultante de influenciações sociais ou má educação familiar, mais fácil reverter o quadro, ainda que precise, de maneira mais branda, da reforma íntima.
A influência do meio e a educação dada pela família, por serem geralmente estranhas ao âmago do ser, podem ter o condão de adulterar o comportamento do encarnado, mas não conseguem transformá-lo na sua essência. Logo, mais fácil, vindo a conscientização, o próprio ser humano toma rumo diverso, abandonando a anterior ínfluenciação e afastando-se dos maus princípios educativos que o conduziram até então.
Tratando-se da irresignação do espírito, pode levar toda uma jornada para que o encarnado compreenda a sua atitude equivocada. Pode necessitar para isso de mais de um estágio na Crosta. Enfim, somente com uma eficaz reforma íntima é reversível tal tendência.
Sem admitir, no entanto, o erro, jamais conseguirá empreendê-la (a reforma íntima nesse campo). Portanto, manter-se em atividade homossexual , crendo ser algo natural e finalístico, impossível e desnecessário de ser evitado, é encobrir o próprio desvio ou vício e, com isso, impedir o processamento da reforma íntima, única saída para sanar a irresignação indevida.
Como todos os demais desvios de comportamento, que precisam ser combatidos pelos encarnados, o homossexualismo é mais um deles.
Pode parecer inócuo repetir o óbvio, mas não é. Essa repetição tem por fim demonstrar que não podem as pessoas, jamais, discriminar o homossexual de forma alguma. Conferir-lhe tratamento diferenciado e mais rígido do que o encarnado faz com outros desvios de conduta é parte da ignorância, do mero e abjeto preconceito e, sobretudo, de conduta também fruto do desvio.
O homossexualismo é um desvio de conduta. Deve ser combatido. O instrumento para tanto é a reforma íntima. Leve pouco ou muito tempo, não é impossível tal embate, nem tampouco as chances de sucesso.
Apesar disso, não deve ser julgado, nem tampouco condenado por quem desse desvio não padece. Afinal, quem está isento de um desvio de conduta, possui outros. Não possuísse seria perfeito. Sendo-o, não estaria em um planeta de expiação e provas.




[1] Fundamentos da Reforma Íntima - Abel Glaser/ Cairbar Schutel (Espírito)

Nenhum comentário:

Postar um comentário