Cairbar Schutel
Por que cultivar abnegação,
afabilidade, bem-querer, benevolência, bondade, brandura, caridade, carinho,
clemência, compaixão, confiança, coragem, desprendimento, devotamento,
disciplina, doçura, esperança, fé, flexibilidade, generosidade, gratidão, humildade,
indulgência, lealdade, justiça, mansuetude, misericórdia, modéstia, otimismo,
paciência, pacificidade, perseverança, piedade, pureza de coração, resignação,
responsabilidade, simpatia, simplicidade, sinceridade, solidariedade, ternura?
Porque são modos positivos de
sentir o mundo ao redor e deixar fluir o âmago cristão, conforme recomendado
por Jesus.
São as chaves do progresso do
espírito e os bálsamos que aplacam as chagas do mal; constituem o mais eficaz
remédio contra o sofrimento e a oportunidade maior que o encarnado possui de
atingir a paz interior, sublime, mansa e benéfica.
Egoísmo
Lança penetrante que fere
mortalmente o coração dos homens, atirando-os às trevas do malquerer e
conduzindo-os ao holocausto das sensações, como se estivessem sem salvação, nem
possuíssem qualquer esperança.
Reduz-se no indivíduo pensar em
si mais do que pensa nos outros, sejam estes de que relacionamento forem.
A simplicidade da definição do
egoísmo é tão singela quanto a dificuldade que as inteligências humanas têm
para entendê-lo e até olhar para si mesmo em primeiro lugar, agir em benefício
próprio acima de tudo, voltar os interesses para o epicentro do seu, 'eu' e
tudo estará girando em torno do egoísmo.
É chaga porque vitima os bons
sentimentos, afastando-os um a um conforme a intensidade da vibração egoística,
conduzindo o encarnado à senda do mal.
É base de todas as imperfeições
do ser humano. Representa o princípio elementar de toda doença sentimental,
emocional e psicológica. É fonte dos males que abraçam a humanidade.
Dele todo o mal deriva.
Suas diferentes gradações, para
mais ou para menos, não invalidam seu simplificado conceito.
Orgulho
Filho do egoísmo, mas
primogênito da prole, é o sentimento e o estado de espírito de quem se
considera, de qualquer modo, a qualquer tempo, superior ao seu semelhante.
A igualdade é princípio
universal, imutável e absoluto.
Não há seres — Espíritos e
encarnados — superiores uns aos outros na órbita do amor de Deus.
Diferenças na escala evolutiva
existem; Espíritos Superiores e entidades inferiores também. Entretanto, no
amor do Pai, a igualdade é plena; como lhes são absolutamente equânimes as
oportunidades de progresso.
Mais tempo de trajetória é o que
possui o Espírito Superior; menor prazo enfrentou o inferior. Ambos são irmãos,
semelhantes, iguais, filhos de Deus.
Inexiste nos valores
autenticamente cristãos espaço para o orgulho.
Tem ele, no entanto, suas
ramificações nefastas que também conduzem o ser humano à desgraça moral e ao
desatino espiritual.
Pode ter variáveis gradações,
mas sempre será negativo.
Egoísmo e orgulho são os
inimigos da evolução; ainda estão fortes e presentes no coração e nas atitudes
da maioria dos encarnados.
Derivados do Egoísmo
e do Orgulho
Por que evitar amargor,
antipatia, arrogância, avareza, ciúme, cólera, comodismo, covardia, cupidez,
deslealdade, desprezo, desumanidade, dissimulação, falsidade, futilidade,
ganância, impiedade, indisciplina, individualismo, inflexibilidade, ingratidão,
insensibilidade, inveja, ira, irresponsabilidade, libertinagem, luxúria,
maldade, malquerer, materialismo, melancolia, narcisismo, ódio, pessimismo,
preguiça, prepotência, raiva, rancor, rebeldia, ressentimento, teimosia,
torpeza, vaidade, vingança?
Porque são modos de ser, sentir
e estar que não possibilitam a harmonia maior com o lado cristão do espírito,
não conduzem a Jesus, não permitem a felicidade, não fazem progredir e afastam
o ser da busca da perfeição.
Infaustas ações são aquelas que
tiverem por fundamento quaisquer desses males da alma.
Majoritária comunidade habita a
Crosta manifestando ao seu semelhante as mais diversas e indistintas formas de
egoísmo.
Abraçando o orgulho,
menosprezando o próximo, termina o ser afastando-se do Plano Superior e
deixando de auferir o lenitivo do coração, que é o bom envolvimento dos
emissários divinos.
Necessidade da
Reforma íntima
O processo de reforma íntima
desgasta e fere o pundonor[2] do
encarnado, transformando-o em joguete da falência da garbosidade de seu
sentimento de superioridade, inato, natural e, por vezes, inconsciente.
Não deixa ela de ser, por isso,
essencial e crucial na jornada por que passa o Espírito no plano físico.
Seu lado amistoso e geralmente
desconhecido é constituído da purificação do âmago do indivíduo e da
possibilidade dele sentir a felicidade tão almejada em esfera tão precária.
São os pensamentos do encarnado
que o aproximam ou o afastam de Deus, em maior ou menor grau, com maior ou
menor duração.
Quanto maior sua paz interior,
enorme a possibilidade de estar harmonizado com a Superioridade Divina; quanto
maiores forem os seus distúrbios psicológicos ou as perturbações
psicossomáticas, crescentes lhe serão as influências negativas do plano
inferior da vida.
Higidez [3]física
e mental: meta do ser humano.
O equilíbrio é indispensável
para que o encarnado, devedor que é por natureza, enfrente os obstáculos da sua
trilha no plano físico e seja bem sucedido na sua oportunidade reencarnatória.
Para alcançar a reforma íntima,
deve o ser humano cultivar a vontade firme e consciente de que ela é o melhor
instrumento que possui para ser mais feliz e vencer tanto na caminhada material
quanto na espiritual, paralelas que são.
O livre-arbítrio é o artífice do
seu empreendimento, mestre dos seus passos, mentor do seu discernimento. Pode
ser herói ou vilão, salvador ou algoz, benéfico ou maligno.
Por isso é livre e para tal é
arbítrio. É o comando de vida entregue por Deus nas mãos de cada homem.
Dificuldades na
Prática da Reforma íntima
Lutar ou não? Essa indagação
muitos encarnados se fazem a fim de avaliar a utilidade do complexo
empreendimento da reforma íntima.
O sofrimento lhes será
inevitável, pois os seus conflitos internos estarão em ebulição e não bastará a
aparência para concretizar verdadeiramente qualquer modificação substancial.
Um dos primeiros entraves a ser
removido é a ausência ou a dormência da autocrítica. As pessoas, de um modo
geral, julgam-se isentas de avaliações ou se concedem o benefício da dúvida, o
que dificulta ou impede o reconhecimento dos seus erros e dos desvios de toda
ordem, muitas vezes a movimentá-las com frequência no cotidiano.
Não que todos os seres humanos
considerem-se perfeitos. Expressam aos outros que não o são, por certo;
intimamente, porém, acham que são menos errados que o seu vizinho, portanto,
mais perfeitos que o próximo. Aí está a chave inicial do insucesso na reforma
íntima.
A persistência do indivíduo no
descobrimento dos próprios defeitos ampliará consideravelmente o âmbito de
possibilidades de êxito. Somente quem sabe os males que possui, pode curá-los.
A ignorância é um sério entrave na renovação interior.
Forças negativas produzem
reações similares. Cultivar maus sentimentos, portanto, cria um universo
contraproducente ao encarnado.
Abrindo o coração para o bem,
estará tecendo condições para um envolvimento positivo e, com isso, surgirá a
possibilidade de ouvir críticas e estabelecer o diálogo acerca dos problemas
que cercam sua personalidade e seu modo de agir.
Após ter assimilado o processo
de autocrítica, o segundo passo será agir com sinceridade. De nada adianta
enganar-se na reforma íntima, porque se assim o fizer ela não será autêntica.
A sinceridade prevê a vontade de
ouvir críticas para poder solucionar problemas, não com o sentido de retorsão [4]ou
revanche.
Quem critica pode estar ou não
no mesmo processo. Se estiver, sua censura será fraterna, com o objetivo de
esclarecer e não de ferir, tendo por pressuposto a mansuetude e o amor, principio
dos sentimentos cristãos. Caso não esteja, ainda assim, será a objeção recebida
com naturalidade e incidirá o perdão sobre aquele que não soube expressar-se ou
mesmo assacou[5]
uma inverdade.
Uma terceira dificuldade a ser
enfrentada é a bagagem secular de erros e mazelas que o Espírito traz consigo
ao longo do seu processo evolutivo. São fatores determinantes para a sua maior
ou menor resistência ao processo de reforma íntima.
Não se trata de uma desculpa,
nem de uma justificativa excludente, mas somente de mais um entrave na sua luta
por um progresso interior.
Obstáculo implacável constitui o
maior ou menor desapego aos valores cristãos. Sem fé, não há força interna que
seja capaz de levar o encarnado ao áspero combate que irá travar consigo mesmo,
visando produzir, com eficácia, a sua reforma íntima.
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