Sandro Fontana
O passe praticado amplamente em
todo o meio espírita, ainda é envolto em alguns mistérios.
Além dessa característica, ainda
há uma grande discordância interna sobre o conceito e seus limites, aliás, onde
e quais são esses limites?
É isso que buscamos apontar
aqui, num breve artigo, interpretando uma das pesquisas mais importantes já
realizadas sobre esse tema.
Antes de iniciar a abordagem da
importante experimentação, é necessário trazer a tona algumas definições
fundamentais, algo que é pouco comentado no meio espirita em geral.
O passe, como é do conhecimento
de todos, surgiu a partir de Mesmer, no século XVIII. Esse importante
pesquisador acreditava, de início, que o magneto imã, ao ser passado pelo
corpo, geraria algo benéfico em seus pacientes. Algum tempo depois ele descobre
o magnetismo humano, empiricamente verificado (através de observações do
dia-a-dia) concluindo que não havia mais a necessidade de tal mineral ferroso,
bastando as mãos e energia do próprio manipulador.
Sua tese foi rechaçada na época,
pois as técnicas utilizadas acabavam gerando a hipnose em muitos de seus
pacientes.
Em seguida vem Kardec, que
aceita de início, o magnetismo de Mesmer como algo coerente e factível, dentro
dos conceitos do espiritismo.
Kardec dá uma passo à frente com
relação a tese dos magnetizadores tradicionais, haja visto que Kardec presume
que não somente o espírito da própria pessoa possa manipular tais energias, mas
outros espíritos desencarnados.
Devido muitos mesmeristas serem
de crença contrária a existência de espíritos, acaba ocorrendo uma quebra de
concordâncias, onde os efeitos se mantinham, mas a causa passava a ser
diferente. Esse foi apenas um dos pontos, o outro, mais complexo, envolvia um
entendimento dos seguidores de Mesmer que tal magnetização poderia colocar as
pessoas em estado sonambúlico, algo que também parecia ser mais um efeito do
que sua causa. Isso ficou demonstrado tempos depois, embora os efeitos
magnéticos ainda permanecessem “detectáveis” por médiuns, mas não como uma
causa.
Para complicar um pouco as
coisas, no espiritismo (antigo e atual), a todo momento surgem os “inventores”,
sim, aquelas pessoas de aparência sabia que criam novos gestos (publicam
livros) de “técnicas” de passe. Dentre essas “técnicas exclusivas”, algumas
ditas melhores do que outras há aqueles que acreditam que têm que se fazer o
passe de cima a baixo, com mãos em ziguezague, outros em formato de cruz,
outros que ainda precisam tocar na pele, e por ai vai.
Mas o que há de verdade sobre
essas técnicas?
Sobre tantos nomes envoltos em
misticismo e que atormentam até os espiritas mais sérios?
Antes de responder a essas
questões, temos que nos perguntar se o passe é algo exclusivo do espiritismo.
Será que alguém acha que sim?
Se o leitor pensou que sim,
então tem grandes chances de ter pensado errado. O termo passe, cunhado por
Mesmer, utilizado posteriormente por Kardec são meras formas de expor um
entendimento sobre um fato natural. Ou o leitor acredita que o Reiki, o Johrei,
a energia Ki (japonesa) ou a energia Chi (chinesa) e até mesmo a benção
católica e evangélica são outra coisa diferente?
Pensou-se que são coisas
diferentes, também continua mantendo a chance de estar profundamente enganado.
Para se ter ideia, um meio
centralizador de periódicos científicos médicos (PubMed), armazena centenas de
trabalhos relacionados ao mesmo tema, com nomes diferentes, mas todos apontam
na mesma direção, isto é: Alguma energia sai das mãos de algumas pessoas e fazem
com que outras (ao receberem a imposição) melhorem, se sintam bem e até ajudam
animais e plantas.
Dentre os diversos estudos,
selecionei um que considerei muito importante e ilustra grandes evidências de
que o espiritismo está correto nisso, mas traz também detalhes a serem pensados
e revisados pelos espíritas, assim como outros meios de crença sobre essa
temática (Ki).
Em 2005, um pesquisador japonês
chamado Tsuyoshi Ohnishi (e sua equipe), publicou um artigo científico
intitulado: Inibição do Crescimento de
Células de Carcinoma Cultivadas em Fígado Humano através da Energia Ki (Energia
Vital): Evidência Científica para efeitos de Ki sobre Células Cancerígenas[2] ou
do original, Growth Inhibition of
Cultured Human Liver Carcinoma Cells by Ki-energy (Life-energy): Scientific
Evidence for Ki-effects on Cancer Cells.
Em seu trabalho, eles resolveram
testar a eficácia na crença da existência da energia Ki e sua real aplicação
terapêutica. Em muitos estudos pregressos, essas evidências surgiam, mas sempre
havia a hipótese do efeito placebo[3] ,
uma vez que muitos dos experimentos (já existentes) se referenciavam à relatos
humanos.
Ao separar (em laboratório)
células cancerosas do fígado humano, sua equipe pode acompanhar, num estudo
profundo, várias nuances relacionados à aplicação do passe, ou da transmissão da
energia Ki. Para se obter mais garantia de sucesso, os pesquisadores convidaram
um manipulador de energia Ki famoso, este teria elaborado uma técnica
promissora e era professor deste exercício.
O experimento iniciou da
seguinte forma. Eles separaram as células cancerosas em três grupos de
amostragem, cada grupo possuía um número idêntico de células. Um seria o grupo
controle, outro seria um grupo que receberia a imposição de mãos por 5 minutos
e outro receberia a imposição de mãos por 10 minutos. Perceba que o experimento
já se ampliava, isto é, além de se testar se a imposição de mãos resultaria em
algo sobre as células doentes, poderia se verificar se o tempo faria alguma
diferença no tratamento.
Os resultados foram
surpreendentes. A imposição de mãos sobre células cancerosas reduziu a taxa de
crescimento das mesmas, convergindo para as conclusões de outros pesquisadores,
porém, neste caso, descartando totalmente o efeito placebo.
No final do artigo, os pesquisadores
sugerem que fosse estudado um tratamento da imposição das mãos em conjunto com
o tratamento tradicional, uma vez que a melhora poderia ser mais rápida e
ocorrer a chance do câncer não voltar.
Ok, essas informações são úteis
para a ciência em geral, principalmente para a comprovação da eficácia do
passe, mas o que mais o experimento nos traz de conhecimento?
A resposta é: muita coisa para
os espíritas que realmente desejam descobrir o que é crença e o que é fato de
verdade. Para se chegar a isso é necessário estudar o mecanismo que provoca o fenômeno
e é isso que irei abordar nos próximos parágrafos.
Tsuyoshi e sua equipe
constataram a presença de uma energia sutil saindo das mãos do passista.
Essa energia é chamada no atual
meio acadêmico-científico de biofótons.
Essa detecção não foi exclusiva de Tsuyoshi mas sim de inúmeros experimentos
pregressos ao dele, elaborados por diversos pesquisadores. Posteriormente a esse
experimento, continua-se detectando essa mesma energia em muitas pessoas, não
em todas e nem com a mesma intensidade.
O biofóton é uma reação
bioquímica comum nas células, mas então o que há de diferença nisso?
A diferença observada até o
momento é que algumas pessoas, em estado de transe ou intencional ao passe,
elevam essa energia de forma significativa (até 100 mil vezes), mas somente no
momento da sessão. Mesmo nessa concentração e intenção do passe de cura, esses
valores variam de pessoa para pessoa, algo previsto por Kardec em seus
escritos.
A equipe envolvida na pesquisa
resolveu aprofundar os experimentos. Uma vez que o biofóton é luz, será então
que alguns objetos podem impedir que o passe ocorra efetivamente?
Para obter essa resposta eles
resolveram repetir o experimento, mas desta vez utilizando uma tampa plástica
transparente e uma preta para verificar os resultados.
Impressionantemente, a tampa
preta, colocada entre a mão do passista e as células cancerosas resultou em
fator nulo para impedir o crescimento do câncer, em outras palavras, quando
bloquearam essa luz (biofótons), não houve diferença entre as células que não
receberam o passe e as que receberam.
Essa informação é de extremo
valor aos espiritas uma vez que o uso de luvas, por exemplo, pode impedir a
eficácia do passe.
Mas ficou outra questão: E o
corpo humano, faz alguma diferença? Ora, se o câncer estiver sob a pele, em
órgãos internos, essa energia sutil chegará até lá?
Para responder a essa questão, o
experimento foi refeito mais uma vez, colocando-se uma mão humana (de outra
pessoa - não passista) para bloquear essa energia. Em teoria, o efeito seria o mesmo
que a tampa preta, mas na prática isso não ocorreu, isto é, de alguma forma, o
corpo humano (também emissor de biofótons) se tornou um canal de
acesso/condutor da energia proveniente do passista, atingindo as células doentes
e impactando positivamente na redução do crescimento do câncer.
Outro detalhe importante
observado foi o tempo.
Enquanto as células que
receberam o passe por 5 minutos reduziram em 30% seu crescimento, as células
que receberam o passe por 10 minutos, reduziram em pouco mais de 40%, mostrando
que o tempo interfere no tratamento, porém não é diretamente proporcional.
Vale salientar também que
Tsuyoshi e sua equipe, repetiram os mesmos testes com uma pessoa não passista,
cujos resultados foram nulos.
Para finalizar, ficou evidente
que os movimentos de mãos não demonstraram diferença alguma, portanto se as
mãos ficarem paradas, o efeito final é o mesmo.
[1] Revista Ciência Espírita – Edição 13 –
Setembro/2017
[3] Efeito placebo é aquele em que o paciente apresenta
melhora por acreditar ou ser induzido a tal.
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