segunda-feira, 9 de outubro de 2017

DR. SILVINO CANUTO ABREU[1]


 

Nascido em Taubaté, Estado de São Paulo, no dia 19 de janeiro de 1892, e desencarnado em São Paulo, no dia 02 de maio de 1980.
Formou-se em Farmácia aos 17 anos de idade, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na qual também concluiu, em 1923, o curso de Medicina. Bacharelou-se em Direito pela antiga Escola de Ciências Jurídicas e Sociais, depois Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, no ano de 1916.
No campo jurídico, começou a advogar aos 22 anos de idade, no contencioso do Banco Hipotecário do Brasil e da "Caísse Commerciale et Industrielle de Paris". Especializou-se em Direito Comercial, Assuntos Bancários e Econômicos, trabalhando no Banco do Brasil e outros até 1932. Desempenhou vários encargos particulares do Governo Federal. Esteve no Extremo Oriente cerca de um ano, estudando in loco assuntos pertinentes à imigração oriental para o Brasil. Foi autor do projeto do Banco do Brasil "Comissão do Açúcar", mais tarde transformada no "Instituto do Açúcar".
No campo da Medicina, cuja ciência sempre estudou e amou, escreveu inúmeros artigos publicados entre 1925 e 1930, emitindo ideias com referência à Medicina Social. Foi fundador e presidente da Associação Paulista de Homeopatia. Como clínico, jamais aceitou qualquer retribuição direta ou indireta de seus serviços médicos.
Foi membro de várias entidades assistenciais e vicentinas, dedicou-se com afinco ao trabalho em prol da criança abandonada.
Fundou no Rio de Janeiro, com outros beneméritos, alguns orfanatos. Tornou-se colaborador a partir de 1934, quando passou a residir em São Paulo, da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, uma das mais antigas instituições de assistência à infância em nosso Estado (fundada em 1901 por Anália Franco). Juntamente com a Diretora Geral, Cléo Duarte, empreendeu reformas e construções importantes, fazendo dos internatos, Anália Franco para meninos e Eleonora Cintra para meninas, dois estabelecimentos únicos com capacidade para mais de 300 crianças.
Na vida econômica se fez por si. Foi sempre progressista, orientado pelo idealismo de bem servir à coletividade. Em São Paulo, associou-se a José Baptista Duarte, nas Indústrias J.B. Duarte, sendo seu presidente.
Na esfera teológica, empolgado desde os 18 anos pelos estudos bíblicos, empreendeu entre outros trabalhos, a versão direta dos Evangelhos gregos, tomando por base o mais antigo manuscrito do Novo Testamento, até a época. Pesquisou nas Bibliotecas do Museu Britânico, Biblioteca do Vaticano, Biblioteca Nacional de Paris. Profundo conhecedor da História do Espiritismo no Brasil e no mundo, escreveu, em 1936, quando ainda circulava a revista "Metapsíquica", órgão da Sociedade Metapsíquica de São Paulo, vários artigos abordando fatos ocorridos no Brasil até o ano de 1895, detendo-se com profundeza de detalhes na atuação do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes à frente do movimento espírita em nosso país. Estes artigos foram publicados, em 1950, em forma de opúsculo, por ocasião da realização do 2° Congresso Espírita do Estado de São Paulo.
As "Edições FEESP" lançaram estes escritos em forma de livro, em agosto de 1981, quando se comemorou o sesquicentenário de nascimento do Dr. Bezerra de Menezes.
No ano de 1953, deu início, pelas colunas do jornal "Unificação", órgão da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, à publicação de uma série de artigos sob o título "O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária", o que fez até junho de 1954. Estes artigos, de suma importância, deveriam ser publicados em livro, o qual não chegou a sair a lume. Em abril de 1957, no evento das comemorações do I Centenário de lançamento de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, o Dr. Canuto Abreu, que fazia parte da comissão organizadora das festividades do centenário, fez publicar, em edição bilíngue, nos idiomas francês e português, o "Primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec", reproduzindo o famoso livro na forma em que foi lançado pelo Codificador, no dia 18 de abril de 1857, traduzindo-o também para o vernáculo.
Como se sabe, aquela obra básica do Espiritismo foi sensivelmente refundida pelo próprio autor, quando da publicação da sua segunda edição, em 18 de março de 1860, a qual se tornou definitiva.
O Dr. Canuto foi Diretor Geral da Sociedade Metapsíquica de São Paulo, entidade que posteriormente se fundiu na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Foi expositor da Primeira Turma da Escola de Aprendizes do Evangelho, da mesma Federação, tendo tomado parte na elaboração de alguns dos livros usados naqueles cursos.
Ao longo de sua vida laboriosa e de suas numerosas viagens ao Exterior conseguiu amealhar livros e documentos raros, formando imensa biblioteca. Durante a II Grande Guerra Mundial, quando os exércitos alemães invadiram a França, tornou-se depositário de alguns documentos históricos que estavam em poder da sociedade que dirigia os destinos do Espiritismo naquela importante nação europeia.
O Dr. Canuto passou seus últimos anos de vida entre seus livros e documentos, sempre ativo e interessado em tudo. O Espiritismo muito lhe deve, pelo muito que fez em favor da divulgação dos seus postulados e pelo incomparável esforço em favor das pesquisas que formam parte da história da doutrina, no Brasil e no mundo.




[1] Personagens do Espiritismo - Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy

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