Y. Shimizu e S. Hashizume
Embora nascido em Araguari,
Estado de Minas Gerais, em 31 de maio de 1913, cedo se radicou na capital
paulistana, onde se graduou em engenharia na Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo. Pouco depois de formado, tornou-se engenheiro da Usina de Volta
Redonda. Retornando à metrópole paulistana, ingressou no Departamento de Águas
e Energia Elétrica do Estado de São Paulo, no qual fez carreira profissional
até se aposentar compulsoriamente aos 70 anos de idade como Diretor Setorial
desse organismo, em 31 de maio de 1983.
Casado com D. Cyomara de G.
Andrade teve quatro filhos, três engenheiros e uma psicóloga, foi um pai
prestimoso e esposo exemplar, e quem frequentou o seu domicílio sempre testemunhou
aquela imensa capacidade de compreensão e de diálogo, não apenas com os
familiares, mas também com os amigos e companheiros de Doutrina.
Tornou-se espírita aos 16 anos
de idade, atraído pela racionalidade e pela coerência dos postulados kardecistas.
Após estudar exaustivamente as obras clássicas da Doutrina (Delanne, Denis,
Bozzano, Flammarion, Crookes, Aksakoff, Richet, Crawford, Lombroso, de Rochas e
tantos outros) examinou os experimentos e teorias dos metapsiquistas e dos
parapsicólogos na busca da realidade e da essencialidade do espírito.
Possuía conhecimentos
aprofundados de Física e de diversos aspectos das Ciências Biológicas, da
Cosmologia, da Estatística e da Psicologia. Tinha apreciável domínio de várias
disciplinas filosóficas, principalmente aquelas mais relacionadas com a Ciência
(Lógica, Epistemologia, Metodologia da Pesquisa e Gnosiologia).
Era um motivador e emulador de
jovens que se iniciavam no estudo do aspecto científico do Espiritismo. O
signatário conheceu-o em 1956 e, desde essa época, cultivou sua amizade,
carinho e orientação até os derradeiros dias de sua existência terrena. Foi,
para muitos, um autêntico mentor encarnado. Nessa tarefa ministrou cursos,
seminários e palestras, orientou leituras, montagem de laboratório e roteiros
de experiências, incentivou a leitura de artigos em periódicos e livros.
Sua modéstia, integridade moral,
austeridade intelectual, prudência e sabedoria e, principalmente, sua
generosidade era incomparável. Cada visita em sua residência ou em sua instituição
era um momento de intensa aprendizagem e de atualização no que tange às
investigações dos fatos paranormais levados a efeito no País e no mundo,
porquanto mantinha correspondência assídua com dezenas de instituições e
cientistas.
Quantos autores de ensaios e
livros se beneficiaram dos textos de sua autoria ou de traduções de
pesquisadores estrangeiros, inclusive o signatário, para redigir seus artigos e
até capítulos inteiros de livros.
Com o objetivo de evitar o
preconceito existente nos meios da ciência acadêmica em relação ao Espiritismo,
deu o nome de Psicobiofísica, à
disciplina científica cujo objeto é o estudo dos fenômenos psíquicos,
biológicos e físicos em todas as suas manifestações, com ênfase nas de caráter
paranormal.
Segundo Hernani, a
Psicobiofísica parte dos seguintes princípios, cuja realidade é sobejamente
apoiada pelas evidências observacionais e experimentais:
1.
A existência do Espírito como realidade positiva
e demonstrável, ainda que não aceita pelo establishment
científico oficial;
2.
A existência dos fenômenos paranormais;
3.
A classificação desses fenômenos segundo as
categorias psíquica, biológica e física e a tentativa de explicá-los e a
descoberta de suas leis;
4.
Ao contrário da moderna Parapsicologia, aceita, a priori, a existência, a sobrevivência
do Espírito e a reencarnação, e admite a interação entre as matérias física e
espiritual.
Fundou, em 13 de dezembro de
1963, juntamente com outros estudiosos do aspecto científico da Doutrina, o
IBPP – Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, com sede em São
Paulo, do qual o signatário integrou o Conselho Superior em sua primeira
gestão.
Durante muitos anos efetuou
investigações sobre o fenômeno “psi”, segundo os cânones adotados pelo
norte-americano J. B. Rhine. Sobre reencarnação pelo método criado por Hemendra
Nath Banerjee e Ian Stevenson, sobre Poltergeist pelo processo por ele criado,
sobre Transcomunicação Instrumental (TCI) segundo os paradigmas adotados pelos
estudiosos europeus. Foi o primeiro brasileiro a projetar e construir uma
câmara de Kirlian para estudos da aura humana.
Há cerca de quarenta anos,
Hernani Guimarães Andrade encetou a pesquisa do hipotético campo de forças que,
supostamente, estaria implicado na ligação entre o Espírito (como substância) e
a matéria, no fenômeno da vida. A
abordagem desse enigmático tema iniciou-se de forma teórica com a publicação de
dois livros: “A Teoria Corpuscular do Espírito” e “Novos Rumos à Experimentação
Espirítica”.
A seguir, em outubro de 1961,
Andrade encetou a construção do primeiro aparelho destinado a verificar o
acerto ou a falácia de sua teoria, teoria esta que possuía os seus próprios
recursos para contradizê-la ou aprová-la por meios experimentais. Hernani
procurou equipar-se para a tarefa. Montou uma oficina mecânica na garagem da
casa em que residia. Devido à sua natural inexperiência, começou pelo caminho
mais dispendioso e difícil. Procurou construir um aparelho acionado a
eletricidade cuja elaboração tornou-se mais complicada e dispendiosa. O aparelho
denominado Tensionador Espacial Electromagnético (TEEM) começou a ser fabricado
por ele e seus três filhos, no dia 01 de outubro de 1961. Em 23 de outubro de
1966, o TEEM estava concluído e pronto para os primeiros testes de
funcionamento e ajustagens eletromecânicas.
Diz Andrade, “reconhecemos que a
nossa proposta poderá parecer excessivamente otimista ou mesmo ingênua.
Especialmente porque ela envolve um postulado ainda negado pela Ciência
oficial: a existência do Espírito”.
Dois anos antes de seu
desencarne, Andrade já passou a outros grupos o seu know-how. Agora resta
aguardar os resultados e o que a criatividade desses grupos irá produzir daqui
para frente.
Foi um incansável divulgador dos
estudos, teorias e pesquisas levadas a efeito no País e no exterior em livros e
em periódicos. Manteve durante vinte e sete anos a página “Espiritismo-Ciência”
no jornal Folha Espírita. Colaborou com numerosos artigos para outros
periódicos como: No Mundo Maior, Obreiros do Bem, Revista Internacional de
Espiritismo, Revista de Espiritismo, Planeta e Visão Espírita. Apresentou
comunicações em Congressos de âmbito nacional e internacional, com textos
inseridos em anais e “proceedings”. Participou de diversas antologias e
coletâneas de ensaios. Contou, em todo esse labor, com a inestimável
colaboração da professora Suzuko Hashizume, durante trinta e sete anos.
Coordenou e supervisionou a
tradução da obra Vinte Casos Sugestivos
de Reencarnação, (1970), de Ian Stevenson, dos fascículos sobre
Parapsicologia, elaborados por Elsie Dubugras, e do fascículo sobre “Efeito
Kirlian” publicado pela Editora Três e prestou assessoria científica na
elaboração do Dicionário de Parapsicologia,
Metapsíquica e Espiritismo, de autoria de João Teixeira de Paula. Seu nome
aparece como verbetes na Enciclopédia da Vida Após a Morte de autoria de James
Lewis, e seus trabalhos constituem a terceira parte (mais de cem páginas) dos
livros Flying Cow e Indefinity Boundary do pesquisador inglês Guy Lyon Playfair
(o primeiro traduzido para o vernáculo e publicado pela Editora Record sob o
título A Força Desconhecida). Em 2011 Guy Lyon Playfair publicou em Londres,
uma coletânea de pesquisas realizadas por Hernani com o título: Science & Spirit, pela Editora
Roundtable Publishing House Limited. Por
esta mesma editora a Sra. Elsa Rossi traduziu e publicou em Londres, em 2010 a
edição inglesa de Renasceu por Amor com o título Reborn for Love. Em 2010, por
iniciativa da Sra. Fernanda Marinho Göbel, residente na Alemanha também foi
publicada a edição alemã deste mesmo livro Renasceu por Amor.
Deixou as seguintes obras: A Teoria Corpuscular do Espírito (1958)
ed. autor; Novos Rumos à Experimentação
Espirítica (1960) ed. autor; Parapsicologia
Experimental (1967) ed. Calvário, SP; Caso
Ruytemberg Rocha (1971), ed. autor; A
Matéria Psi (1972), ed. O Clarim; Morte,
Renascimento, Evolução (1983), ed. Pensamento; Espírito, Perispírito e Alma (1984), ed. Pensamento; Psi Quântico (1986) ed. Pensamento; Reencarnação no Brasil (1988) ed. O
Clarim; Poltergeist (1989) ed.
Pensamento; Transcomunicação Instrumental
(1992) ed. Folha Espírita; Renasceu
por Amor (um caso que sugere reencarnação) (1995), ed.. Folha Espírita; Transcomunicação Através dos Tempos
(1997), ed. Folha Espírita; Morte, uma
Luz no Fim do Túnel (1999) ed. Folha Espírita; Parapsicologia – Uma Visão Panorâmica (2002), ed. Folha
Espírita; Você e a Reencarnação
(2003), ed. CEAC, A Mente Move a Matéria
(2004 publicada após seu desencarne pela Editora Folha Espírita) e Você, o Poltergeist e os Locais Mal-Assombrados (publicada pela Casa
Editora Espírita Pierre-Paul Didier, de Votuporanga, SP, em outubro de 2006,
também após sua morte).
Desencarnou no dia 25 de abril
de 2003, em Bauru, Estado de São Paulo, pouco mais de um mês antes do seu
nonagésimo aniversário, Hernani Guimarães Andrade, um dos mais conceituados
pesquisadores brasileiros do fenômeno paranormal, de renome internacional.