Élcio Braga
RIO — O domingo de 3 de
fevereiro de 1974 prometia muitas alegrias para o estudante de Engenharia Jair
Presente. Ele havia saído de casa, onde morava com os pais e a irmã, para um
animado fim de semana com os amigos. Mas, o passeio terminaria em tragédia:
Jair morreria afogado na Praia Azul, em Americana, a 37 quilômetros de
Campinas. A história do rapaz, porém, não acabaria ali. Ele teria escrito 13
cartas após a morte, reproduzidas em psicografias do médium Chico Xavier.
Quarenta anos depois, uma pesquisa científica[2]
investigou o conteúdo das mensagens e comprovou a autenticidade das
informações. [assista o vídeo em: https://www.youtube.com/watch?v=UQgEn9Asa8Q
]
O resultado do trabalho foi
publicado pela revista científica “Explore”, da Editora Elservier, sediada em
Amsterdã, na Holanda.
– Estas cartas produzem
informações verificáveis. Não são informações genéricas. Trazem nomes de
pessoas, situações que aconteceram, e estas informações eram, de modo geral,
verídicas – observa o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, o diretor do Núcleo
de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de
Juiz de Fora, o orientador da pesquisa.
O estudo das cartas atribuídas a
Jair Presente é o primeiro de uma série realizada pelos pesquisadores Alexandre
Caroli Rocha e Denise Paraná, resultado do trabalho de pós-doutorado, parceria
entre a Universidade Federal de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF).
– A grande discussão que existe
no meio acadêmico é se estas cartas, efetivamente, proporcionam evidências,
informações verídicas, sobre a pessoa falecida, e se o médium não teria tido
acesso por meios normais. Esta é a grande pergunta – atesta Almeida, também
coordenador das seções de Espiritualidade e Psiquiatria da Associação Mundial
de Psiquiatria.
O médium Chico Xavier, que
morreu em 2002, chegou a ser acusado de infiltrar seguidores entre o público
durante as seções espíritas, justamente para conseguir informações essenciais e
inseri-las nas cartas. A acusação sempre foi refutada por admiradores do
médium.
– A grande limitação do estudo –
reconhece Almeida – é que estamos analisando fatos que aconteceram 20, 30 anos
atrás. É difícil ter certeza do grau de informações passadas para Chico Xavier.
A metodologia da pesquisa
incluiu entrevistas em profundidade com familiares e pessoas que tiveram acesso
aos fatos, além da checagem de recortes de jornal e de outros documentos.
– Houve casos, por exemplo, nos
quais nem as pessoas que foram obter a carta com Chico Xavier tinham aquela
informação que estava na mensagem, observa Almeida. Apenas posteriormente foi
feita uma investigação pelos próprios familiares para descobrir que aquelas
informações eram também verídicas.
A pesquisa, porém, não é a
comprovação de que as cartas foram mesmo escritas por alguém já morto, mas que
as informações ali contidas são verdadeiras. Os pesquisadores se preparam para
concluir as avaliações de conjuntos de mensagens de mais três casos
psicografados por Chico Xavier. O médium passou pelo primeiro teste.
[2] Pesquisa realizada pelo NUPES (Núcleo de Pesquisa em
Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juíz de Fora –MG.
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