quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O DIREITO À EVOLUÇÃO[1]


 
Armando Correa de Siqueira Neto[2] - 12/06/2017


A Lei de Atração entre os seres humanos demonstra ser a evidência acerca da qualidade do estado em que nos encontramos no gráfico evolutivo, pois, ao que tudo indica, somos todos seres inferiores. Se os holofotes dos fatos incidem sobre o considerável volume de transgressões existente na atualidade — da mentira prejudicial à violência que traumatiza ou extingue —, por mais que tantos padeçam pelo conflitante medo e inquietante mal-estar da convivência tão marcada por extremos de mentalidades, ainda assim nos encontramos na mesmíssima escola, e o que varia, observa-se, é o grau de avanço no qual se situa cada aluno.
Embora existam fileiras iniciais na classe, é na equivalente coexistência que o pessoal do fundão busca, mesmo sem o perceber, dar novos passos em direção aos confins da espiritualidade à luz da consciência; esta, caríssima de se obter por sua natureza transformadora, cuja exigência impõe colossal esforço, além de dedicação por incontável tempo.
Os espíritos, sempre estudantes na escola da vida, mantêm-se inquietos e provocadores uns aos outros, sobretudo àqueles em que os graus de desenvolvimento são distantes e aversos, aproximando-se, no movimento inverso, quando a sutil atração faz encontrar seus pares naturais mediante a similaridade pertinente. Exemplo interessante, o Brasil e seu descontrole relacionado aos crimes de toda ordem, manifesta forte atração pelo ingresso reencarnatório de espíritos significativamente atrasados, cuja moral lhes escapa com facilidade desde a infância, dificultando a luminosidade ética adulta de se instalar com a devida lucidez, restando, pois, a obscura ignorância como obstinada companhia e a deficiente educação a corroer as oportunidades. Ainda que outros países denominados de primeiro-mundistas possam revelar o seu quinhão no submundo do atraso ao baixar as guardas da vigilância, a sua maioria populacional contida, e ajustada aos moldes civilizatórios, impede o volumoso fluxo de renascimentos de tais entidades que abundam em oportunidades espirituais e geográficas qual o mapa brasileiro.
Todavia, a visão global pode nos contemplar com importantes aspectos neste panorama de apreensões, os avanços tecnológicos, quais os remédios cujas substâncias químicas tomaram o lugar da fé de outrora (não houve soma, só subtração), debilitando o uso de “poderes” naturais interiores, enfraquecendo, assim, os “milagres” de cura e de apoio mútuo às necessidades que também aproximam (e influenciam o desenvolvimento) uns aos outros. E, ainda, os avanços materiais relacionados ao conforto e as facilidades, mas, de irremediável priorização quanto ao status, à absurda competição além da conta, e da ilusória e desmedida ganância para atingi-los em nome do ego que tanto busca o troféu da importância própria diante do vazio que as relações humanas, grosso modo, atingiram em tempos de inebriante superficialidade e falta de profundo propósito.
Ainda, a explosão demográfica que concentrou gente demais em grandes centros e regiões e ofereceu recursos naturais de menos (e sua disputa mundial), a não ser através das gigantescas corporações comerciais que se aglutinam e se tornam cada vez mais tão poderosas quão assustadoras, no controle da qualidade de seus produtos, notadamente os alimentícios, e na quantidade que teima em não chegar aos subnutridos, uma massa humana que assusta ao vociferar seus gementes números: mais de um bilhão ao redor do triste planeta, segundo dados da ONU – a Organização das Nações Unidas. Salve-se quem puder…
São medonhas notícias, mas elas talvez carreguem uma inevitabilidade em seu bojo? Por ventura não é em meio à tamanha agitação social e caótico vendaval psicológico que os espíritos encontram terreno fértil para evoluir mais do que o comum? Quanto pior, maior a possibilidade de evoluir? Provas difíceis atestam maior honraria aos estudantes zelosos, e os promovem aos vizinhos e prósperos passos? Quem quer aproveitar a ocasião? E, ao desfrutá-la, quem estenderá a mão ao próximo, para que ele também se adiante e enriqueça a teia comum que nos une, fazendo ganhar ainda mais mutuamente? Contudo, e se estiver muito difícil para renovar o fôlego, imprescindível semente que faz florescer o jardim da perseverança?
Na intolerância de tal convívio (não nos esqueçamos do débito cármico ao qual estamos cativos e somos direcionados naturalmente), a saída estratégica, pergunta-se, não é se distanciar no que for possível, e sacudir as nossas sandálias que eventualmente carreguem o pecaminoso pó de qualquer resquício culpável? Vale o provérbio “os incomodados que se retirem”, em certos casos, defensivamente — quem não há de tirar o espinho que por ventura tenha entrado no dedo? A afronta, sob o manto do desejo de encarcerar ou de exterminar o lado que se opõe, a despeito de ser uma resposta defensiva ao temor, é fruto de rebelde cegueira daquele que “se esquece” que já esteve em tal posição um dia, e que, com toda justiça que nos cerca, merece as chances de tentar progredir, cuja centelha espiritual, sempre disponível em potência, permite alcançar o sagrado momento do ato, em repetidas inspirações de descoberta pessoal evolutiva.
Compartilhar do mesmo educandário, ainda que ligados a divergentes consciências e riscos, portanto, é um direito assegurado pela amorosa e paciente lei evolutiva, dado que sempre estaremos, com as nossas patinadas estudantis, um nível abaixo de um próximo já ocupado na escalada de tantos espíritos que, por seu mérito (não obstante terem de conviver com outros de peculiaridade inferior), também servem de exemplo e podem influenciar e atrair ao crescimento através de tais relações essenciais.




[2] Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e mestre em liderança - armandocsn@ig.com.br

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