Hugo Lapa
Marília era uma pessoa muito
infeliz e frustrada.
Tinha um filho que se chamava
Bernardo. Muitas vezes Marília se irritava com uma série de situações e
descontava no filho. Por muitas vezes o menino sofreu com as agressões da mãe.
Desde os sete anos de idade, apanhou muito em várias ocasiões. Acabou se
tornando uma pessoa revoltada.
Bernardo cresceu e teve filhos.
Por conta das surras que levava, ficou deprimido e não conseguiu realizar o que
desejava em sua vida. Assim, seguiu o mesmo caminho de sua mãe e começou a
agredir os próprios filhos. Batia neles sem dó e seguiu esse padrão até a sua
morte. As mesmas agressões que ele sofreu de sua mãe ele impunha aos seus
próprios filhos.
Bianca era uma menina doce e
delicada, que apresentava dificuldades escolares. Ela estudava, estudava, mas
não conseguia obter a média suficiente para passar de ano. Uma das professoras
da escola não gostava da menina e começou a persegui-la. Sempre que Bianca
apresentava um bloqueio na aprendizagem, a professora ficava com má vontade e
expunha a menina diante de toda a classe. Algumas vezes a professora dizia, na
frente da menina, que todos deveriam estudar para não ficar como a Bianca.
Foram muitas perseguições e humilhações.
Bianca cresceu e se tornou uma
pessoa deprimida e melancólica, que não acreditava em si mesma. Estudou e
conseguiu se tornar uma professora da rede pública. Percebeu que existiam
alguns alunos que eram tal como ela foi sua infância. Ao invés de ajuda-los,
ela começou a persegui-los e a expor cada um deles, da mesma forma que sua
professora da escola fazia. Bianca tinha aversão do que ela foi em sua idade
escolar. Por esse motivo, ao ver um dos alunos semelhantes a ela, tinha a mesma
atitude da professora que a colocava pra baixo. Bianca foi maltratada em sua
infância e acabou seguindo o mesmo comportamento com alguns de seus alunos.
Guilherme era um menino tímido e
meio desajeitado. Os colegas da escola viviam fazendo bullying[2]
nele, dando vários apelidos, chamando-o de torto, esquisito e burro. Guilherme
cresceu ouvindo essas ofensas e sofrendo um terrível bullying de seus colegas, que o faziam de bode expiatório e não
poupavam o garoto.
Cresceu e se tornou um
empresário de sucesso, porém uma pessoa cheia de feridas de uma infância
marcada pelo bullying. Tornou-se um
homem arrogante e revoltado. Por isso, muitas vezes tratava mal seus
empregados: não pagava direito seus salários, exigia muito deles, brigava,
ameaçava, praticava assédio moral etc.. Guilherme fazia um verdadeiro bullying em seus funcionários, o mesmo
que ele havia sofrido em sua época de escola.
Esses casos nos mostram um
padrão muito comum que algumas pessoas adotam em suas vidas.
Temos alguém que foi gravemente
ferido, humilhado, agredido e enganado durante uma parte de sua vida. Em outro
momento, essa pessoa acaba reproduzindo esse mesmo comportamento. Podemos dizer
que esses indivíduos foram maltratados e depois acabam se tornando exatamente
como quem os maltratou. Eles foram molestados, atormentados e depois cuidam de
molestar e atormentar outras pessoas.
Por isso alertamos a todos: não
se transforme no mal que fizeram a você. Ou, como diz a máxima, “Não se torne
jamais aquilo que te feriu”. Cuide de aprender com as más experiências, com os
sofrimentos e procure não repetir esse mesmo padrão com outras pessoas. Não é
porque te maltrataram, que você também tem que maltratar; não é porque te
humilharam, que você também deve humilhar os outros; não é porque te bateram e
te enganaram, que você deve fazer o mesmo.
Faça uma reflexão profunda e
procure descobrir se você não acabou se transformando no mal que alguém impôs a
você. Pessoas que foram agredidas, podem começar a agredir; pessoas que foram
destratadas, podem começar a destratar; pessoas que receberam uma educação fria
podem se tornar pessoas frias; pessoas que foram rejeitadas podem querer
rejeitar outros; qualquer mal que alguém te fez, você pode desejar fazer a
outrem, mas não faça isso. É muito importante que todos possam seguir algumas
orientações na vida: quando alguém te fizer mal, não se torne tal como o mal
que te fizeram.
Aprenda com essa experiência e
faça diferente. Torne-se aquilo que você gostaria que tivessem feito com você.
[2] É um anglicismo utilizado para descrever atos de
violência física ou psicológica intencional e repetidos, praticados por um
indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia e sendo executadas
dentro de uma relação desigual de poder. O bullying
é um problema mundial, sendo que a agressão física ou moral repetitiva deixa
sequelas psicológicas na pessoa atingida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário