Nascido em Loures (Portugal), a 6
de agosto de 1865, e desencarnado no Rio de Janeiro, a 7 de agosto de 1918.
Fernando Augusto de Lacerda e
Melo foi célebre médium português, que desenvolveu apreciável esforço em favor
da disseminação do Espiritismo.
Aos 25 anos de idade, ingressou
no quadro do funcionalismo público de Portugal, entrando, no ano de 1894, na
corporação da polícia, onde galgou a posição de subinspetor, cargo que soube
desempenhar com inusitada probidade e competência.
Com a queda da monarquia, em
1910, e a consequente proclamação da República, Lacerda foi admoestado no
sentido de que não poderia por mais tempo desempenhar aquele cargo.
As rivalidades políticas
fervilhavam em Portugal. O famoso caudilho Fernão Boto Machado, moveu intensa
campanha jornalística contra o médium. Embarcou para o Brasil, no dia 10 de
julho de 1911, onde, ao chegar, recebeu a notícia de que havia sido exonerado
de suas funções.
Diante do fato consumado,
deliberou fixar sua residência no Rio de Janeiro, onde mereceu generosa
acolhida.
A sua mediunidade era notável.
Desde outubro de 1906 vinha recebendo várias produções oriundas do plano
espiritual, todas elas transmitidas por famosos escritores e homens famosos no
mundo social, já desencarnados.
Segundo sua própria narração,
certa noite ouviu uma voz emanada de uma entidade invisível, informando que
desejava transmitir uma mensagem a uma personalidade importante no mundo das
letras. A voz insistiu: Tem paciência, levanta-te e vai escrever. Obedecendo ao
Espírito, dirigiu-se ao seu escritório, tomou do lápis e de pronto recebeu
belíssima mensagem de Camilo Castelo Branco, dirigida ao seu amigo encarnado,
Antônio José da Silva Pinto, vigoroso polemista e escritor de renome, que,
diante dos fatos incontestáveis, posteriormente abandonou as ideias
materialistas que esposava, abraçando as verdades novas trazidas pelo
Espiritismo.
Fernando de Lacerda recebeu, via
mediúnica, uma série de quatro livros, editadas em língua portuguesa com o
título "Do País da Luz". Muitos Espíritos de grandes vultos da
literatura, da política e da religião, se comunicaram por seu intermédio, podendo-se
destacar Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Heliodoro Salgado, Castilho,
Herculano, João de Deus, Antônio Vieira, Bertholet, Victor Hugo, Napoleão,
César Cantu, Latino Coelho, Leão XIII, Bartolomeu dos Mártires, Teresa D'Ávila,
Allan Kardec, Emile Zola, Pedro D'Alcântara, Artur de Azevedo e o Visconde de
Ouro Preto. Todas essas mensagens estão contidas na obra acima citada.
É assaz interessante de se
constatar que todos os escritos recebidos pela psicografia de Fernando de
Lacerda traduzem os mesmos ideais esposados por esses personagens durante a vida
terrena, os seus estilos, assinaturas, conselhos de relevante alcance e ensinos
bastante edificantes.
Deve-se esclarecer que o médium,
quando recebia as mensagens, permanecia em estado de vigília, de completa
alheação ao que ia escrevendo. As ideias transmitidas coordenavam-se de maneira
rápida e imprevista, surgindo a circunstância de aparecerem palavras de todo
estranhas ao médium, bem como revelações inéditas, fatos por que ignorados,
diversidade de opiniões e ideias conflitantes com o seu modo de pensar.
De modo geral, ele sentia a
aproximação do Espírito que desejava se comunicar e, reiteradamente, via a
entidade comunicante.
Também ouvia, com bastante
frequência, as palavras que uma segunda personalidade lhe queria ditar. No
desabrochar de sua mediunidade, no ano de 1889, durante largo tempo ele teve o
seu braço dominado e controlado por uma entidade que na Terra ele conhecera e
que do outro lado ressurgia com a mesma letra e a mesma assinatura que tivera
em vida, para escrever palavras sarcásticas e injuriosas contra o próprio médium.
Lacerda conversava com as
pessoas presentes, enquanto o lápis corria celeremente, enchendo laudas e mais
laudas de papel.
Certa vez, estando junto com
outro médium, ambos começaram a psicografar ao mesmo tempo. Recebiam estância
de seis versos. No final, quando se procurou coordená-las para comporem uma
poesia, chegou-se à conclusão de que haviam recebido duas poesias, e que
enquanto um deles escrevera as sextilhas, o outro escrevera os pares.
Consta que esse famoso médium
conseguia receber duas mensagens simultaneamente, fazendo uso de suas duas
mãos.
Ele trabalhava arduamente na
psicografia do quarto volume de Do País da Luz, quando seu Espírito emigrou
para o mundo imponderável. Um seu amigo retomou os originais que deixara e
conseguiu publicar esse importante volume daquela série de quatro.
[1] Personagens do
Espiritismo - Antônio de Souza Lucena
e Paulo Alves Godoy
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