segunda-feira, 24 de abril de 2017

CORNÉLIO PIRES[1]


 

Nascido na cidade de Tietê, Estado de S. Paulo, no dia 13 de julho de 1884, e desencarnado em São Paulo, no dia 17 de fevereiro de 1958.
Ainda bastante jovem, com apenas 17 anos de idade, veio de Tietê para São Paulo, com a esperança de poder participar de um concurso para admissão na Faculdade de Farmácia. Não conseguindo realizar o seu intento, dedicou-se à carreira jornalística, passando a trabalhar na redação do jornal "O Comércio de São Paulo", quando experimentou todas as dificuldades inerentes aos que se iniciam nessa carreira. Posteriormente passou a trabalhar no jornal "O São Paulo", tendo ocupado também o cargo de revisor de "O Estado de São Paulo", tradicional órgão da imprensa paulista. No ano de 1914 passou a dar a sua contribuição ao jornal "O Pirralho".
Escrevendo "A Vida Pitoresca de Cornélio Pires", escreveu Joffre Martins Veiga: "Ninguém amou tanto sua gente como Cornélio Pires; ninguém se preocupou tanto com seus semelhantes como esse homem, que foi, antes de tudo, um bom".  O célebre poeta Martins Fontes, por sua vez, escrevendo sobre ele, afirmou: "é um bandeirante puro, um artista incansável, enobrecedor da Pátria e enriquecedor da língua".
Aconselhado pelo grande jornalista Amadeu Amaral, Cornélio Pires resolveu tornar-se escritor regionalista, salientando-se então como um dos maiores divulgadores do folclore brasileiro.
Pelos idos de 1910, lançou "Musa Caipira", livro que foi saudado pela crítica, devido ao seu conteúdo tipicamente brasileiro.
Sílvio Romero, crítico dos mais preeminentes do Brasil, em carta dirigida ao poeta exprimiu-se da seguinte forma: "Apreciei imensamente o chiste, a cor local, a graça, a espontaneidade de suas produções que, além do seu valor intrínseco, são um ótimo documento para o estudo dos brasileirismos da nossa linguagem...”.
Abandonando a carreira jornalística, Cornélio Pires tomou a decisão de viajar pelo interior do Estado de São Paulo e de outros Estados brasileiros, estreando na condição de caipira humorista.
Alguns anos mais tarde chegou a organizar o "Teatro Ambulante Gratuito Cornélio Pires", perambulando de cidade em cidade, tornando-se admirado por toda a população brasileira.
Alguns anos antes da sua desencarnação voltou para Tietê, comprou uma chácara nas adjacências da cidade e fundou a "Granja de Jesus", lar destinado à criança desamparada, tendo desencarnado sem poder ver a conclusão de sua obra.
Quando de sua desencarnação, já espírita convicto, trabalhava na preparação da "Coletânea Espírita". Nessa época já havia publicado duas obras de fundo nitidamente espírita: "Onde estás, ó morte?" e "Coisas do Outro Mundo", o que fez nos anos de 1944 e 1947.
Narrou Cornélio Pires que, no ano de 1901, começou a frequentar a Igreja Presbiteriana, entretanto, não conseguiu conciliar os ensinamentos dessa igreja com o seu modo de pensar.
As ideias das penas eternas e da preferência de Deus por membros de determinadas religiões, não encontraram guarida em seu coração. Não conseguindo extrair dos Evangelhos os ensinamentos segundo o bafejo do Espírito, mas apegando-se mais ao formalismo da letra que mata, acabou quase descambando para o materialismo.
Nessa época não conhecia ainda o Espiritismo, porém, quando começou a fazer viagens para o interior, aconteceram com ele vários fenômenos mediúnicos, que muito o impressionaram, principalmente algumas comunicações recebidas do Espírito Emílio de Menezes.
Interessando-se por essa Doutrina, passou a ler os livros de Allan Kardec, Léon Denis, Stainton Moses, Albert de Rochas, os livros psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier e outros.
Dali por diante integrou-se resolutamente no Espiritismo, interessando-se particularmente pelos fenômenos de efeitos físicos e materializações, tendo mesmo publicado no livro acima "Onde Estás, ó morte?", várias fotografias de Espíritos desencarnados.
De sua vasta bibliografia destacamos: "Musa Caipira", "Versos Velhos", "Cenas e Paisagens de Minha Terra", "Monturo", "Quem Conta um Conto", "Conversas ao Pé do Fogo", "Estrambóticas Aventuras de Joaquim Bentinho, o Queima Campo", "Tragédia Cabocla", "Patacoadas", "Seleta Caipira", "Almanaque do Saci", "Mixórdias", "Meu Samburá", "Sambas e Cateretês", "Tarrafadas", "Chorando e Rindo", "De Roupa Nova", "Só Rindo", "Tá no Bocó", "Quem Conta um Conto... e outros Contos...", "Enciclopédia de Anedotas e Curiosidades", além dos dois livros espíritas já citados.
Foi um humorista em sua mais elevada expressão, empolgando as plateias com seu gênero característico, cativando a simpatia de todos os brasileiros.
Num dos seus escritos sobre a Doutrina Espírita, dizia ele: "O Espiritismo, mais cedo ou mais tarde, fará aos católicos romanos, aos protestantes e aos adeptos de outros credos, a caridade de robustecer-lhes a Fé, com os fatos que provam a imortalidade da alma, que se transforma em Espírito ao deixar o invólucro material." E, mais adiante: "Como religião o Espiritismo nos religa a um Pai que é AMOR e não chibata, e que, sendo Amor não iria matar seu próprio Filho Jesus em benefício de uma Humanidade perversa. O Espiritismo nos proporciona a FÉ RACIOCINADA, nos arrebata ao jugo do dogma e nos ensina a compreender DEUS como Ele é".




[1] Personagens do Espiritismo - Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy

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