quinta-feira, 30 de março de 2017

PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA VINHA[1]

 


“O Reino do céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. Como era o costume, ele combinou com eles o salário de uma moeda de prata por dia e mandou que fossem trabalhar na sua plantação.
Às nove horas, saiu outra vez, foi à praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: Vão vocês também trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo. E eles foram.
Ao meio-dia e às três horas da tarde fez a mesma coisa com outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando o dono da plantação voltou à praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?
É porque ninguém nos contratou, responderam eles.
Então ele disse: Vão vocês também trabalhar na minha plantação.
No fim do dia, ele disse ao administrador: Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por último e terminando pelos primeiros.
Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então os que foram contratados primeiros pensaram que iam receber mais, porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo: Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós aguentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!
Aí o dono disse a um deles: Escute amigo, eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?
E Jesus terminou dizendo:
Assim, aqueles que são os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros.
Mateus XX: 1 – 16
 
As condições essenciais para os trabalhadores são: a constância, o desinteresse, a boa vontade e o esforço que fazem no trabalho que assumiram. Os bons trabalhadores se distinguem por estes característicos.
O mercenário trabalha pelo dinheiro; seu único fito, sua única aspiração é receber o salário. O verdadeiro operário, o artista, trabalha por amor à Arte. Assim é em todas as ramificações dos conhecimentos humanos: há os escravos do dinheiro e há o operário do progresso. Na lavoura, na indústria, como nas Artes e Ciências, destacam-se sempre o operário e o mercenário.
O materialismo, a materialidade, a ganância do ouro arranjaram, na época em que nos achamos, mais escravos do que a Vinha arranjou. Por isso, grande é a seara e poucos são os trabalhadores!
Na Parábola, pelo que se depreende, não se faz questão da quantidade do trabalho, mas sim da qualidade, e, ainda mais, da permanência do obreiro até o fim. Os que trabalharam na Vinha, desde a manhã até à noite, não mereceram maior salário que os que trabalharam uma única hora, dada a qualidade do trabalho.
Os que chegaram por último, se tivessem sido chamados à hora terceira teriam feito, sem dúvida, o quádruplo do que fizeram aqueles que a essa hora foram para o serviço. Daí a lembrança do Proprietário da Vinha de pagar primeiramente os que fizeram aparecer melhor o serviço e mais desinteressadamente se prestaram ao trabalho para o qual foram chamados.
Esta Parábola, em parte, dirige-se muito bem aos espíritas. Quantos deles por aí andam, sem estudo, sem prática, sem orientação, fazendo obra contraproducente e ao mesmo tempo abandonando seus interesses pessoais seus deveres de família, seus deveres de sociedade!
Na Seara chega-se a encontrar até os vendilhões que apregoam sua mercadoria pelos jornais como o mercador na praça pública, sempre visando bastardos interesses. Ora são médiuns mistificadores que exploram a saúde pública, ora são “gênios” capazes de abalar os céus para satisfazerem a curiosidade dos ignorantes. Enfim são muitos os que trabalham, mas poucos os que ajuntam, edificam, tratam como deve a Vinha que foi confiada à sua ação.
Há outra ordem de espíritas que nenhum proveito tem dado ao Espiritismo. Encerram-se entre quatro paredes, não estudam, não leem, e passam a vida a doutrinar espíritos.
Não há dúvida de que trabalham estes obreiros; mas, pode-se comparar a sua obra com a dos que se expõem ao ridículo, ao ódio, à injúria, à calúnia, no largo campo da propaganda? Podem-se comparar os enclausurados numa sala, fazendo trabalhos secretos e às mais das vezes improfícuos, com os que sustentam, aqui fora, renhida luta e se batem, a peito descoberto, pelo triunfo da causa que desposaram?
Finalmente, a Parábola conclui com a lição sobre os olhos maus: os invejosos que cuidam mais de si próprios que da coletividade; os personalistas, os egoístas que veem sempre mal as graças de Deus em seus semelhantes, e a querem todas para si.
Na História do Cristianismo realça a Parábola da Vinha com os característicos dos seus obreiros. “O que era é o que é”, diz o Eclesiastes; e o que se passou é o que se está passando agora com a Revelação Complementar do Cristo.
Há os chamados pela madrugada, há os que chegaram à hora terceira, à hora sexta, a nona e a undécima. Na verdade estamos na hora undécima e os que ouvirem o apelo e souberem trabalhar como os da hora undécima de outrora, serão os primeiros a receber o salário, porque agora como então, o pagamento começará pelos últimos.
Ai dos que clamarem contra a vontade do Senhor da Vinha! Ai dos malandros, dos mercenários, dos inscientes!



[1] Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel
 

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