Divaldo Pereira Franco[2]
Aumenta, consideravelmente, em
nossa cultura, a separação conjugal, a desunião matrimonial, a indiferença no
relacionamento afetivo.
A solidão toma conta das
criaturas tornando-as fantasmas atormentados.
Os sonhos de uma afetividade
repleta de bênçãos, constituindo uma família harmônica, cedem lugar a
verdadeiros combates domésticos, que culminam em separações lamentáveis.
As facilidades de
relacionamentos sexuais descomprometidos, a ausência de pudor que predomina em
quase todas as esferas sociais, tornaram o amor descartável, de breve duração e
sem maturidade para suportar os desafios existenciais.
É surpreendente a ocorrência,
quando sucede em uniões aparentemente seguras e estáveis, com existência de
longo prazo, apresentando-se como falta de amor, desaparecimento da empatia e
do interesse afetivo na comunhão conjugal.
Dilaceram-se famílias, criam-se
traumas de difícil solução em filhos imaturos que não compreendem os problemas
dos pais, nem são devidamente informados, muitas vezes lançados pela
imprevidência de um deles contra o outro. E passam a conviver com pessoas
estranhas, que substituem provisoriamente aqueles que eram o sustentáculo da
sua vida, o amor das primeiras horas, o anjo abençoado dos seus dias.
É certo que uma separação
pacífica é muito melhor do que uma convivência litigiosa. A verdade, porém, é
outra...
As separações nascem, quase
sempre, de falsa necessidade de novos parceiros, de prazeres fáceis e ligeiros,
de fazer-se parte das redes sociais...
A decadência moral que se
avoluma, assustadora, prognostica um futuro sem família, filhos órfãos de pais
vivos, desinteressados, uma sociedade sem raízes afetivas, assinalada pelos
transtornos afetivos e desajustes emocionais.
Um pouco mais de maturidade
psicológica e de amor real poderiam modificar esse comportamento, quando as
criaturas se dispam do egoísmo, do direito de posse sobre o outro, dando-lhe o
direito de ser humano e agir como tal.
[2] Artigo publicado no Jornal A Tarde, na coluna Opinião,
de 3.11.2016.
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