Londres, 09 de junho
de 2010.
João Ascenso[3],
psicólogo e pesquisador do Rio de Janeiro, ex-mestrando do King´s College de
Londres, deu uma série de palestras em Londres e nos Estados Unidos, no mês de
junho de 2010, sobre um estudo que traz prova científica sobre informações
fornecidas no livro “NO MUNDO MAIOR”, de André Luiz. (Assista a palestra
realizada no Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=qpucsDntmWc)
Na obra,
publicada em 1947, o mentor de André Luiz, Calderaro, explica que o cérebro se
divide, de acordo com suas funções, em três partes. A parte anterior, ligada à
medula, guarda o arquivo do passado, das experiências acumuladas em sucessivas
reencarnações. É a parte do cérebro responsável pelas funções instintivas, mais
materiais.
A parte
central é a que tem maior atividade. É o presente, onde se processam as
informações necessárias para o agora, o aprendizado, o trabalho.
A parte da
frente, posterior, é ativada quando temos sentimentos mais nobres, de caridade,
amor, fé. Em suma, nosso cérebro guarda em si as experiências do passado, nos
permite aprender e trabalhar no presente e abriga também os sentimentos mais
nobres, que nos levam a um futuro de evolução espiritual.
Ascenso
destacou em sua palestra que pouco ou nada se sabia em 1947 sobre as funções
dessa parte posterior do cérebro. O próprio mentor Calderaro faz referência no
livro psicografado por Chico Xavier ao desconhecimento da ciência da época
sobre esse assunto. Pouco a pouco, as funções do cérebro foram sendo
desvendadas, mas Ascenso diz que só no ano de 2006, quase 60 anos depois da
obra de André Luiz, surgiu o primeiro estudo comprovando cientificamente o que
havia sido revelado pela espiritualidade no pós-guerra.
João Ascenso
estava nos Estados Unidos e tomou conhecimento do estudo, feito por um grupo de
cientistas sem nenhum conhecimento espírita, entre eles o brasileiro Jorge Moll
Neto. A experiência foi feita do seguinte modo: um grupo de voluntários foi
submetido ao processo de ressonância magnética funcional do cérebro.
O que André
Luiz e Calderaro conseguiam ver com sua visão aperfeiçoada – o funcionamento do
cérebro – foi monitorado através da mais moderna tecnologia. Os voluntários
responderam a três perguntas, apertando um botão para optar entre sim e não:
1 – Você
gostaria de receber uma quantia em dinheiro, agora, de graça?
2 – Você
gostaria de fazer uma doação para instituição de caridade? Mas é uma doação só
em intenção, só para fins deste estudo, você não vai precisar desembolsar o seu
dinheiro.
3 – Você
gostaria de fazer uma doação de verdade para instituição de caridade? O
dinheiro (mais de US$ 100) vai ser retirado da sua conta.
Nos três
casos, verificou-se que a parte do cérebro responsável pelo prazer sensorial
(sexo, consumo de chocolate, café, drogas) dos voluntários que responderam
“sim”, foi ativado. Ou seja, para o organismo não há diferença entre o prazer
sensorial e o prazer espiritual. Ao fazer uma doação, você se sente tão bem do
ponto de vista físico como ao ganhar dinheiro ou comer chocolate. No caso da
doação formal, sem dispêndio, houve ativação no cérebro também de parte do
cérebro ligada ao amor entre pais e filhos. O resultado surpreendeu os
cientistas, que ofereceram a seguinte explicação: este é um sentimento de
extensão do amor filial. Você ao ajudar alguém está de certa forma reproduzindo
o sentimento de amor e apego pelos próprios filhos. Ascenso disse que esta
descoberta é mais uma prova da beleza e acuidade científica dos ensinos de
Jesus Cristo. É o amor universal, é o que Cristo queria dizer quando ensinou
que devemos amar a todos como irmãos, que o amor não deveria ser exclusivo aos
nossos familiares mais próximos. A parte final da pesquisa é a comprovação que
faltava à ciência para os ensinamentos de Calderaro a André Luiz, na década de
40.
O estudo
mostrou que a pessoa ao fazer uma doação à instituição de caridade, ao fazer o
bem de verdade, tirando do próprio bolso, ativa a parte mais frontal do cérebro
(além de ativar o centro de prazer e a parte relativa ao amor entre pais e
filhos). A parte mais posterior do nosso cérebro é ativada, a parte relativa
aos sentimentos mais nobres do ser humano. “É o que São Francisco de Assis quis
dizer com sua máxima – é dando que se recebe. Ao doar, você se beneficia, se
sente bem.” As descobertas do estudo foram publicadas em artigo na primeira
página do conceituado jornal norte-americano, Washington Post, na ocasião. Só
em 2006 a Ciência comprovou o que o Espiritismo revelou em 1947. João Ascenso
explica que o Espiritismo tem três vertentes igualmente importantes, desde o
seu nascimento: a parte religiosa (de fé em Deus), a filosófica e a parte
científica.
Com o
deslocamento, por assim dizer, do Espiritismo da França para o Brasil, houve
desenvolvimento das duas primeiras. Mas o Brasil é um país sem nenhuma tradição
científica. A parte científica do Espiritismo acabou não se desenvolvendo. Mas
isto está mudando. Por isso é importante também que o Espiritismo cresça num
país como a Grã-Bretanha, que tem grande tradição científica.
A Ciência
mostra que, conforme revelado pelo Espiritismo 60 anos atrás, não devemos nos
concentrar com excesso nem na parte anterior nem posterior do cérebro, embora
não possamos desprezá-las. Quem se concentra na parte anterior, ligada à
medula, vive no passado e tem tendência à depressão. Na parte central, está o
trabalho, o agora. Só no presente podemos modificar nosso futuro, usando-se as
experiências do passado e procurando-se também corrigir os vícios – que quase
todos temos – de encarnações passadas. Mas quem vive só no presente, ativando
só a parte central do cérebro, não planeja o futuro, não aprende com o passado,
fica hiperativo e trabalha sem parar. Não consegue ser feliz. E quem só se
preocupa com os sentimentos nobres, a parte frontal do cérebro, sem nada
realizar – caso dos mosteiros da Idade Média – não contribui para a sociedade e
não consegue modificar seu destino.
O que a Ciência revela
agora é o que o Espiritismo vem mostrando há mais de cem anos: a importância do
equilíbrio. O estudo com voluntários mostrou que não há diferença, para o corpo
humano, entre o prazer dos sentidos e o prazer espiritual. Portanto, quando
estamos ajudando e fazendo caridade, nos sentimos bem. A diferença está na
intenção. A pessoa pode comer uma barra de chocolate para ter uma sensação de
prazer. Mas ao fazer o bem, o prazer vem como consequência da ação. Você toma
uma iniciativa, movido pelos sentimentos mais nobres, e como resultado, se sente
bem, realizado.
[1] Palestra na BUSS, British Union of Spiritist Societies,
no dia 9 de junho de 2010, Londres.
[2] Neto de Zequinha Ramos (Fundador do Centro Espírita
“Francisco Caixeta", 1951).
[3]
Trabalha no Rio de Janeiro com o Dr. Jorge Moll
Netto, na Unidade de Neurociência Cognitiva e Comportamental da Rede D´Or. MOLL, J., KRUEGER,
F., ZAHN, R., PARDINI, M., OLIVEIRA-SOUZA, R., GRAFMAN, J. Human
fronto-mesolimbic networks guide decisions about charitable donation.
Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of
America. v.103, p.15623;10.1073/p - 15628, 2006.
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