quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Estudo científico comprova informações reveladas em livro de André Luiz, 60 anos depois[1].


 
José Leonardo Rocha[2]

Londres, 09 de junho de 2010.


João Ascenso[3], psicólogo e pesquisador do Rio de Janeiro, ex-mestrando do King´s College de Londres, deu uma série de palestras em Londres e nos Estados Unidos, no mês de junho de 2010, sobre um estudo que traz prova científica sobre informações fornecidas no livro “NO MUNDO MAIOR”, de André Luiz. (Assista a palestra realizada no Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=qpucsDntmWc)

Na obra, publicada em 1947, o mentor de André Luiz, Calderaro, explica que o cérebro se divide, de acordo com suas funções, em três partes. A parte anterior, ligada à medula, guarda o arquivo do passado, das experiências acumuladas em sucessivas reencarnações. É a parte do cérebro responsável pelas funções instintivas, mais materiais.

A parte central é a que tem maior atividade. É o presente, onde se processam as informações necessárias para o agora, o aprendizado, o trabalho.

A parte da frente, posterior, é ativada quando temos sentimentos mais nobres, de caridade, amor, fé. Em suma, nosso cérebro guarda em si as experiências do passado, nos permite aprender e trabalhar no presente e abriga também os sentimentos mais nobres, que nos levam a um futuro de evolução espiritual.

Ascenso destacou em sua palestra que pouco ou nada se sabia em 1947 sobre as funções dessa parte posterior do cérebro. O próprio mentor Calderaro faz referência no livro psicografado por Chico Xavier ao desconhecimento da ciência da época sobre esse assunto. Pouco a pouco, as funções do cérebro foram sendo desvendadas, mas Ascenso diz que só no ano de 2006, quase 60 anos depois da obra de André Luiz, surgiu o primeiro estudo comprovando cientificamente o que havia sido revelado pela espiritualidade no pós-guerra.

João Ascenso estava nos Estados Unidos e tomou conhecimento do estudo, feito por um grupo de cientistas sem nenhum conhecimento espírita, entre eles o brasileiro Jorge Moll Neto. A experiência foi feita do seguinte modo: um grupo de voluntários foi submetido ao processo de ressonância magnética funcional do cérebro.

O que André Luiz e Calderaro conseguiam ver com sua visão aperfeiçoada – o funcionamento do cérebro – foi monitorado através da mais moderna tecnologia. Os voluntários responderam a três perguntas, apertando um botão para optar entre sim e não:

1 – Você gostaria de receber uma quantia em dinheiro, agora, de graça?  

2 – Você gostaria de fazer uma doação para instituição de caridade? Mas é uma doação só em intenção, só para fins deste estudo, você não vai precisar desembolsar o seu dinheiro.

3 – Você gostaria de fazer uma doação de verdade para instituição de caridade? O dinheiro (mais de US$ 100) vai ser retirado da sua conta.

Nos três casos, verificou-se que a parte do cérebro responsável pelo prazer sensorial (sexo, consumo de chocolate, café, drogas) dos voluntários que responderam “sim”, foi ativado. Ou seja, para o organismo não há diferença entre o prazer sensorial e o prazer espiritual. Ao fazer uma doação, você se sente tão bem do ponto de vista físico como ao ganhar dinheiro ou comer chocolate. No caso da doação formal, sem dispêndio, houve ativação no cérebro também de parte do cérebro ligada ao amor entre pais e filhos. O resultado surpreendeu os cientistas, que ofereceram a seguinte explicação: este é um sentimento de extensão do amor filial. Você ao ajudar alguém está de certa forma reproduzindo o sentimento de amor e apego pelos próprios filhos. Ascenso disse que esta descoberta é mais uma prova da beleza e acuidade científica dos ensinos de Jesus Cristo. É o amor universal, é o que Cristo queria dizer quando ensinou que devemos amar a todos como irmãos, que o amor não deveria ser exclusivo aos nossos familiares mais próximos. A parte final da pesquisa é a comprovação que faltava à ciência para os ensinamentos de Calderaro a André Luiz, na década de 40.

O estudo mostrou que a pessoa ao fazer uma doação à instituição de caridade, ao fazer o bem de verdade, tirando do próprio bolso, ativa a parte mais frontal do cérebro (além de ativar o centro de prazer e a parte relativa ao amor entre pais e filhos). A parte mais posterior do nosso cérebro é ativada, a parte relativa aos sentimentos mais nobres do ser humano. “É o que São Francisco de Assis quis dizer com sua máxima – é dando que se recebe. Ao doar, você se beneficia, se sente bem.” As descobertas do estudo foram publicadas em artigo na primeira página do conceituado jornal norte-americano, Washington Post, na ocasião. Só em 2006 a Ciência comprovou o que o Espiritismo revelou em 1947. João Ascenso explica que o Espiritismo tem três vertentes igualmente importantes, desde o seu nascimento: a parte religiosa (de fé em Deus), a filosófica e a parte científica.

Com o deslocamento, por assim dizer, do Espiritismo da França para o Brasil, houve desenvolvimento das duas primeiras. Mas o Brasil é um país sem nenhuma tradição científica. A parte científica do Espiritismo acabou não se desenvolvendo. Mas isto está mudando. Por isso é importante também que o Espiritismo cresça num país como a Grã-Bretanha, que tem grande tradição científica.

A Ciência mostra que, conforme revelado pelo Espiritismo 60 anos atrás, não devemos nos concentrar com excesso nem na parte anterior nem posterior do cérebro, embora não possamos desprezá-las. Quem se concentra na parte anterior, ligada à medula, vive no passado e tem tendência à depressão. Na parte central, está o trabalho, o agora. Só no presente podemos modificar nosso futuro, usando-se as experiências do passado e procurando-se também corrigir os vícios – que quase todos temos – de encarnações passadas. Mas quem vive só no presente, ativando só a parte central do cérebro, não planeja o futuro, não aprende com o passado, fica hiperativo e trabalha sem parar. Não consegue ser feliz. E quem só se preocupa com os sentimentos nobres, a parte frontal do cérebro, sem nada realizar – caso dos mosteiros da Idade Média – não contribui para a sociedade e não consegue modificar seu destino.
O que a Ciência revela agora é o que o Espiritismo vem mostrando há mais de cem anos: a importância do equilíbrio. O estudo com voluntários mostrou que não há diferença, para o corpo humano, entre o prazer dos sentidos e o prazer espiritual. Portanto, quando estamos ajudando e fazendo caridade, nos sentimos bem. A diferença está na intenção. A pessoa pode comer uma barra de chocolate para ter uma sensação de prazer. Mas ao fazer o bem, o prazer vem como consequência da ação. Você toma uma iniciativa, movido pelos sentimentos mais nobres, e como resultado, se sente bem, realizado.



[1] Palestra na BUSS, British Union of Spiritist Societies, no dia 9 de junho de 2010, Londres.
[2] Neto de Zequinha Ramos (Fundador do Centro Espírita “Francisco Caixeta", 1951).
[3] Trabalha no Rio de Janeiro com o Dr. Jorge Moll Netto, na Unidade de Neurociência Cognitiva e Comportamental da Rede D´Or. MOLL, J., KRUEGER, F., ZAHN, R., PARDINI, M., OLIVEIRA-SOUZA, R., GRAFMAN, J. Human fronto-mesolimbic networks guide decisions about charitable donation. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. v.103, p.15623;10.1073/p - 15628, 2006.

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