segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Henry Slade[1]


Henry Slade
(1835–1905)
 
Célebre médium das escritas nas lousas foi exibido publicamente na América durante 15 anos. Em 1876 ele foi à Inglaterra, passando antes pela Rússia, a pedido da Mme. Helena Blavatsky e do Coronel Henry S. Olcott, escolhido que fora como médium notável, para fazer experiências sobre a veracidade dos fenômenos mediúnicos. Slade foi submetido a testes durante várias semanas por uma comissão de céticos que em seu relatório terminou por concluir:
“Eram escritas mensagens nas faces internas de duas lousas, por vezes amarradas e seladas juntas, quando postas sobre uma mesa, à vista de todos; acima das cabeças de membros da comissão; presas à parte inferior do tampo da mesa; ou, ainda, nas mãos de um membro da comissão, sem que o médium tocasse”.
Logo após a sua chegada a Londres, Slade começou a fazer sessões com imediato sucesso. Não só a escrita era obtida de modo evidente, sob fiscalização e com lousas dos próprios assistentes, mas a levitação de objetos e a materialização de mãos foram observadas sob intensa luz do dia. O redator do “The Spiritual Magazine” escreveu:
“Não hesitamos em dizer que o Mr. Slade é o mais notável médium dos tempos modernos”.
Tais sessões ocorriam durante o dia, a qualquer hora, em seus aposentos de pensão. Em certas ocasiões cobrava uma pequena quantia por sessão e preferia que apenas uma pessoa a assistisse. Assim que o visitante sentava começavam os incidentes e terminava em cerca de 15 minutos. Com Slade não havia preocupação com as condições ambientais e a observação dos fenômenos satisfazia inteiramente aos assistentes. Com ele tudo era rápido e preciso, pois os operadores invisíveis sabiam exatamente o que iam fazer em cada ocasião e o faziam com presteza e precisão.
A primeira sessão de Slade na Inglaterra foi realizada a 15 de julho de 1876. Em plena luz do dia o médium e os dois assistentes ocuparam os 3 lados de uma mesa comum de cerca de 3 pés de lado. Slade pôs um pedacinho de lápis, mais ou menos do tamanho de um grão de trigo, sobre uma ardósia e segurou esta por um canto com uma das mãos, encostando-a no tampo por baixo da mesa. Ouvia-se a escrita na lousa e, examinada, verificou-se que uma curta mensagem fora escrita. Enquanto isso acontecia, as 4 mãos dos assistentes e a mão livre de Slade eram agarradas no centro da mesa.
A cadeira vazia no quarto lado da mesa uma vez pulou no ar, batendo o assento na borda inferior da mesma. Duas vezes uma mão com a aparência de vida passou em frente a Mr. Blackburn (eminente espiritista), enquanto ambas as mãos de Slade eram observadas. O médium segurou um acordeom de baixo da mesa e, enquanto se via claramente a outra mão sobre a mesa, foi tocada a “Home sweet home“. Finalmente os presentes levantaram as mãos cerca de 30 centímetros acima da mesa e esta ergueu-se até, tocar as suas mãos. Em uma outra sessão no mesmo dia uma cadeira ergueu-se cerca de um metro e vinte, quando ninguém a tocava e, quando Slade tinha uma mão no espaldar da cadeira de Blackburn, a mesma elevou-se cerca de meio metro acima do solo. Durante 6 semanas Slade deixou Londres curiosa e agitada, até que um fato lamentável viria a interromper suas sessões.
No começo de setembro de 1876 o professor Ray Lankester, com o Dr. Donkin tiveram duas sessões com Slade e, na segunda, tomando uma lousa, encontraram-na escrita, quando se pensava que nada tivesse sido produzido. Ele era absolutamente inexperiente em pesquisas psíquicas, do contrário saberia que é impossível dizer o momento exato em que se dá a escrita nessas sessões. Ocasionalmente uma folha inteira parecia precipitada num instante, enquanto de outras vezes o autor ouvia claramente o ruído do lápis, linha por linha.
Para Ray Lankester, entretanto, pareceu um caso típico de fraude e ele escreveu uma carta ao Jornal The Times denunciando Slade e o perseguiu por tomar dinheiro de modo fraudulento. Foram publicadas cartas em resposta a Lankester pelo Naturalista Alfred Russel Wallace, pelo Prof. William Barrett e outros. O Sr. Wallace chamou atenção para o fato de que o relato do Dr. Lankester daquilo que acontecera era extremamente diferente do que lhe ocorreu durante a sua visita ao médium, bem como o registro das experiências de Serjeant Cox, do Dr. Carter Blake e muitos outros, de modo que o podia considerar como um notável exemplo da teoria do Dr. Carpenter, sobre as ideias preconcebidas. Disse ele:
“O professor Lankester foi com a firme convicção de que tudo que ia assistir era impostura e, assim, pensa que viu imposturas”.
Apesar do testemunho de muitos admiradores e também de cientistas já conhecedores da problemática mediúnica, o julgamento de Slade se deu na Corte de Polícia de Bow Street. A acusação esteve a cargo de Mr. George Lewis e a defesa foi feita por Mr. Munton. As provas sobre a autenticidade da mediunidade de Slade foram dadas pelo Sr. Alfred Wallace, por Serjeant Cox, pelo Dr. George Wild e outros, mas só 4 testemunhas foram permitidas.
O magistrado classificou a prova testemunhal como “esmagadora” dada a evidência dos fenômenos, mas no julgamento excluiu tudo, exceto a acusação de Lankester e de seu amigo Dr. Donkin, dizendo que era obrigado a basear a sua decisão em “interferências deduzidas dos conhecidos fatos naturais”. Uma declaração feita pelo conhecido mágico Maskelyne de que a mesa usada por Slade era preparada para truques, foi desmascarada pelo testemunho do carpinteiro que a tinha feito.
Apesar disso, Slade foi condenado nos termos da lei contra a vagabundagem a três meses de prisão com trabalhos forçados. Os espíritas e espiritualistas em geral mostraram muita energia na defesa de Slade. Protestos, memoriais a ministros, Fundos de Defesa, solicitação à Câmara dos Comuns e até cópias de protesto foram enviadas à rainha. Houve apelo e ele foi solto sob fiança. Slade, cuja saúde ficou seriamente afetada com a prisão, deixou a Inglaterra dois dias depois.
Passado o episódio, após sessões de êxito em Haya, Slade foi a Berlim onde despertou o mais vivo interesse. Dizia-se que ele não sabia alemão, mas apareceram mensagens nessa língua sobre as lousas e escritas em caracteres do século XV. O Jornal Berliner Fremdenblatt publicou o seguinte:
“Desde a chegada de Mr. Slade ao Hotel Kronprinz, uma grande parte do mundo culto de Berlim vem sofrendo de uma epidemia que podemos chamar de febre espírita”. Slade começou por converter o proprietário do hotel, usando suas próprias lousas e mesas. O chefe de Polícia e muitas pessoas eminentes de Berlim testemunharam a veracidade dos fenômenos espíritas, persuadidas da ausência de fraudes.
Seguiu-se uma visita à Dinamarca e em dezembro começaram as históricas sessões com o professor Zollner, em Leipzig. Um relato completo encontra-se na obra de Zollner, “Física Transcendental”. Nessas experiências estiveram outros homens de ciência, inclusive William Edward Weber, professor de Física; o prof. Scheibner, ilustre matemático; Gustave Theodore Fechner, professor de Física e eminente filósofo naturalista, todos perfeitamente convencidos da realidade dos fatos observados, inclusive de que não havia impostura ou prestidigitação.
Entre os fenômenos contavam-se os nós dados em uma corda sem fim, o rompimento das cortinas do leito do prof. Zollner, o desaparecimento e imediato aparecimento de uma pequena mesa, descendo do teto em plena luz, notando-se a aparente imobilidade de Slade durante essas ocorrências.
Na Rússia, depois de uma série de êxitos nas sessões de São Petersburgo, Slade retornou a Londres por alguns dias e então dirigiu-se à Austrália. Um interessante relato do seu trabalho nesse último país foi o livro de James Curtis “The Rustlings in the Golden City“. Então voltou à América.
Em 1885 compareceu perante a Comissão Seybert, em Filadélfia, e em 1887 visitou novamente a Inglaterra sob o nome de Dr. Wilson. Na maioria de suas sessões Slade demonstrou possuir clarividência e as mãos materializadas eram coisa familiar. Na Austrália, onde as condições psíquicas eram boas, obteve materializações mais amplas.
Slade foi um médium perseguido pelos detratores do Espiritismo. Com tantos testemunhos memoráveis, com o excesso de provas materiais de sua honestidade, mesmo com a ostensividade exagerada dos componentes invisíveis, demonstrando inequívocas provas de suas existências e atuações, muitos por pura inveja, despeito ou mesmo maldade, o atacavam em sua honra. Mas, preconceito e ignorância são armas usuais no cotidiano dos fanáticos, dos acomodados e dos presunçosos. Armas frágeis, pois a ciência com o seu avanço contínuo as derreterão no ardente fogo da comprovação dos fatos mediúnicos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário