sábado, 26 de novembro de 2016

O Desligamento



Richard Simonetti
 

A desencarnação, a maneira como o Espírito, com seu revestimento perispiritual, deixa o corpo, é inacessível à Ciência da Terra, em seu estágio atual de desenvolvimento, porquanto ocorre na dimensão espiritual, que nenhum instrumento científico, por mais sofisticado, tem conseguido devassar.
Ficamos, portanto, circunscritos às informações dos Espíritos, que esbarram nas dificuldades impostas por nossas limitações (algo como explicar o funcionamento do sistema endócrino a uma criança), e pela ausência de similitude (elementos de comparação entre os fenômenos biológicos e os espirituais).
Sem entrar, portanto, em detalhes técnicos, poder-se-ia dizer que o desencarne começa pelas extremidades e vai se completando na medida em que são desligados os cordões fluídicos que prendem o Espírito ao corpo.
Sabe-se que o moribundo apresenta mãos e pés frios, um fenômeno circulatório, porquanto o coração enfraquecido não consegue bombear adequadamente o sangue. Mas é também um fenômeno de desligamento. Na medida em que este se desenvolve, as áreas correspondentes deixam de receber a energia vital que emana do Espírito e sustenta a organização física.
No desdobramento desse processo, quando é desligado o cordão fluídico que prende o Espírito ao corpo, à altura do coração, este perde a sustentação perispiritual e deixa de funcionar. Cessa, então, a circulação sanguínea e a morte se consuma em poucos minutos.
A medicina dispõe hoje de amplos recursos para reanimar o paciente quando o coração entra em colapso. A massagem cardíaca, o choque elétrico, a aplicação intracardíaca de adrenalina, têm salvado milhares de vidas, quando aplicados imediatamente, antes que se degenerem as células cerebrais por falta de oxigenação.
Tais socorros são eficientes quando se trata de mero problema funcional, como o enfarte, um estrangulamento da irrigação sanguínea em determinada área do coração, em virtude de trombo ou de estreitamento da artéria. O enfarte pode implicar em desencarne, mas nem sempre significa que chegou a hora da Morte, tanto que são frequentes os casos em que a assistência médica recupera o paciente.
Se, entretanto, a parada cardíaca for determinada pelo desligamento do cordão fluídico, nenhum médico, por mais hábil, nenhum recurso da Medicina, por mais eficiente, operará o prodígio de reanimá-lo. O processo se torna irreversível.
 

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