O Bandeirante do Espiritismo
(Rio de Janeiro, 22 de
setembro de 1868 - Matão, 30 de janeiro de 1938)
Foi grande divulgador do
Espiritismo. A sua missão na Terra foi das mais completas. Ele atuou no campo
da imprensa escrita e falada, escreveu e publicou livros, proferiu palestras e conferências
e, acima de tudo, soube exemplificar tudo aquilo que ensinava, pois, a caridade
presidia sempre seus atos.
Aos 17 anos de idade trabalhou
como prático de farmácia. Procurando emprego, ficou sabendo que em Matão não
havia farmácia e nem outra infraestrutura, tratou logo de montar uma,
denominando-a Farmácia Schutel.
Adentrou no campo da política,
fez de Matão um município, assumiu a prefeitura em 28/05/1899. Inaugurou um
programa de desenvolvimento, fazendo com que a cidade progredisse. Era um administrador
na verdadeira acepção da palavra. Era humanitário, probo, patriota.
Suspirou em conhecer algo novo,
o espiritismo, possuía um amigo que fazia algumas sessões, mas que estava
desanimado com as solicitações dos espíritos: queriam lhe pedir missas. Mas Cairbar
convenceu-o a realizar uma sessão para que ele pudesse conhecer. Seu amigo
Calixto concordou e assim se comunicaram muitos espíritos e finalmente ocorreu
uma importante e decisiva comunicação atribuída ao espírito de D. Pedro II,
último imperador do Brasil. Tratava- se de mensagem de alto nível. Esse
acontecimento fez com que Cairbar no dia seguinte solicitasse urgente O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos de Allan Kardec.
Aprofundou-se nos estudos,
analisou e comparou com outras religiões. Ele fez dos ensinamentos da Doutrina
Espírita a sua norma de conduta, compreendia que essa doutrina é a caridade em
ação. Foram inumeráveis os atos humanísticos que o apóstolo de Matão praticou,
tornando-se um paradigma para os espíritas do futuro. Ele tornou-se a
personificação da caridade para todos que buscavam, sequiosos de
esclarecimentos para a alma e de alívio para os problemas do corpo. Fundou em
15/07/1905 o “Centro Espírita Amantes da Pobreza”.
Foi perseguido pelo clero, mas
não deixou-se abater, lutou para que seu Centro Espírita continuasse
funcionando.
Cairbar Schutel era a caridade
em ação. Em sua residência, na farmácia, no Centro Espírita, ou em outro lugar
onde se achasse, praticava atos altruísticos sempre que necessários. Chegou a
merecer o cognome de “pai da pobreza” ou “pai dos pobres de Matão“. O preceito
cristão “amai ao vosso próximo como a vós mesmos” havia sido assimilado por ele
em toda a sua plenitude. Sua inteligência era grande, mas maior era seu
coração. Os próprios adversários do espiritismo não tinham coragem de atacá-lo,
tão grande era a sua projeção moral. E a grandeza da sua dedicação fazia que o
estimassem, cheios de respeito.
Lançou em 15/08/1905, o primeiro
número do Jornal “O Clarim”, um cometimento arrojado na época. Abriu uma
Editora onde passou a imprimir “O Clarim”, os próprios livros e de outros
autores.
Em 15/02/1925 lançou a “Revista
Internacional de Espiritismo”.
Em 1936 fez um programa
radiofônico espírita pela Rádio Cultura de Araraquara, PRD-4. Agigantou-se e
projetou- se como um dos mais lídimos missionários da Terceira Revelação.
São muitos os livros publicados:
·
“Espiritismo
e Protestantismo (1911)”;
·
“Histeria
e Fenômenos Psíquicos (1911)”;
·
“O
Diabo e a Igreja (1914)”;
·
“Espiritismo
para as Crianças (1918)”;
·
“Interpretação
Sintética do Apocalipse (1918)”;
·
“Médiuns
e Mediunidade (1923)”;
·
“Gênese
da Alma (1924)”;
·
“Materialismo
e Espiritismo (1925)”;
·
“Fatos
Espíritas e as Forças X… (1926)”;
·
“Parábolas
e Ensinos de Jesus (1928)”;
·
“O
Espírito do Cristianismo (1930)”;
·
“A
Vida no Outro Mundo (1932)”;
·
“Vida
e Atos dos Apóstolos (1933)”;
·
“Livro
de Preces (1936)”;
·
“Conferência
Radiofônicas (1937)”, além de Cartas a esmo e uma obra intitulada: “O Batismo”.
Era homem de fé, contou um amigo
o seguinte caso:
“Estando o Sr. Schutel atendendo
a uma criança pobre, já com aspecto cadavérico, tal o estado de desidratação,
pediu-me um vidro com água destilada e nele pingou gotas de homeopatia,
entregando depois o vidro à mãe e dando-lhe instruções sobre a alimentação do
bebê. Eu então perguntei ao Sr. Cairbar: — Mas esse remédio vai curar essa
criança? E ele respondeu: Esse remédio vai ajudar muito, mas o que cura virá lá
de cima, por isso, quando você manipular qualquer medicamento, tenha o
pensamento voltado para o Pai celestial, pois é de lá que vem a cura”.
Divulgava o espiritismo e
promovia intenso e persistente combate aos falsos cristãos.
Leopoldo Machado, em seu livro
“Uma Grande Vida“, discorre a personalidade de Schutel:
— “Irradiava simpatias. Sua presença
era um dínamo de animação e entusiasmo. Dir-se-ia que perto dele, amava-se o
trabalho não pelo próprio trabalho, mas pelos exemplos de Cairbar; que se amava
o sofrimento para imitá-lo. Amava-se a verdade e a sabedoria para segui-lo. É
que ele, sempre animadoramente, dava, como os recursos materiais de que
dispunha, o coração, a inteligência, mandava-se a seu contato. Os pobres
sentiam-se menos pobres, perante seu grande amigo. Os ignorantes sempre tinham
o que aprender. Os deserdados da sorte podiam contar com um inimigo. Os
indecisos com a decisão firme, com exemplos fortes de perseverança e fé”.
Aos 69 anos já era conhecido
como um dos mais respeitáveis espíritas do Brasil e internacionalmente.
Já acamado em 1938 e com muita
confiança num espírito conhecido por “pai João”, e este havia-lhe assegurado
que até o último Domingo de janeiro ele ficaria curado. O velho seareiro, no
entanto, estava mais propenso a acreditar que a tal prometida cura seria o seu
desenlace. E assim aconteceu.
O corpo do seareiro já estava na
urna funerária, quando o Espírito Cairbar fez um médium sentir suas influências
de modo muito mais intenso. Nova hesitação, mas o Espírito impeliu-o com
veemência e de forma irresistível, e deste modo, diante de seu próprio corpo, o
Espírito desencarnado teceu belíssima dissertação sobre a imortalidade da alma,
deixando bem claro que a alma não se encerra no túmulo. A comunicação
espiritual representou verdadeiro bálsamo suavizador para todos os presentes.
Cairbar colocava acima de tudo
os superiores interesses da Doutrina Espírita, por isso chegou a dizer certa
vez a José da Costa Filho, referindo-se aos seus bens materiais:
— “Se for preciso venderei tudo
isto para dar continuidade ao trabalho de divulgação do Espiritismo”. Foi na
realidade UMA GRANDE VIDA.
§
MACHADO, Leopoldo. Uma Grande Vida (1ª ed.). São
Paulo: Editora O Clarim, 1980.
§
GODOY, Paulo Alves; LUCENA, Antônio. Personagens
do Espiritismo (2ª ed.). São Paulo: Edições FEESP, 1990.
§
FONTE: BVEspirita
Nenhum comentário:
Postar um comentário