Hugo Lapa
Para se entender com maior profundidade a
origem do amor é necessário contextualizá-lo dentro da teoria da palingenesia,
ou reencarnação. Um amor não nasce de simples semelhanças de modos de ser e de
interesses comuns, ele é o resultado de um longo processo de dezenas ou mesmo
centenas de vidas passadas em que duas almas conviveram juntas. Nestas
experiências conjuntas, ambas foram passando por circunstâncias juntos,
enfrentando desafios, superando obstáculos, atravessando todas as dificuldades,
e envolveram-se em laços afetivos e amorosos um com o outro, brotando daí uma
profunda identificação e um sentimento verdadeiro.
Muitas pessoas me perguntam como podemos
descobrir se alguém que muito amamos fez parte do nosso passado de outras
vidas. A resposta a essa pergunta é bem simples: se você ama verdadeiramente
essa pessoa, e a conhece a pouco tempo, então vocês já viveram, sem sombra de
dúvida, experiências mútuas em vidas passadas. Isso significa que o amor
verdadeiro, aquele que reside numa esfera muito íntima do nosso ser, não pode
ser desperto em apenas uma vida. Os laços do amor real são tão fortes, que
apenas experiências milenares podem despertar em nós um amor que é quase
divino, que nasce do infinito e que se manifesta no ser humano como a expressão
do sentimento mais puro que o homem da face da Terra pode ter acesso: o amor
incondicional.
Em nossos estudos com terapia de vidas
passadas chegamos a conclusão, tal como centenas de terapeutas ao redor do
mundo, que todos os seres se agrupam naquilo que se convencionou chamar de
“família de almas” ou “grupo anímico”. Além de nossa família consanguínea, que
forma indivíduos com laços de sangue comuns, todos os seres possuem uma família
espiritual, que é bem maior do que a nossa família genética atual. Ela é
composta por centenas de espíritos que tiveram milhares de experiências conosco
em vidas passadas; são espíritos que nos conhecem há milênios, e todo esse
arcabouço de experiências coletivas os liga por laços de amizade, carinho,
amor, cooperação, compaixão, e outros. Como tudo na vida tem dois polos, as
experiências negativas também fazem parte destes laços, sendo comuns
sentimentos de ódio, raiva, antipatias, rejeição, ojeriza, malquerença,
amargor, mágoa etc.. Toda essa mistura de sentimentos, tanto os positivos
quanto os negativos, podem se expressar em nossas relações, e na maioria das
vezes nem desconfiamos que eles vêm de vidas passadas, e não da vida atual.
Dentre nossa família de almas, há aqueles
espíritos que cada um de nós guarda uma afeição mais profunda. Esses geralmente
oscilaram, nos diversos papéis de vidas passadas, sendo nossos filhos, amigos,
marido, esposa, pai, mãe, avô, avó, irmão ou irmã. A proximidade do parentesco
físico não é definitiva para indicar o grau de afeição entre duas almas. Por
exemplo, um filho pode amar mais a avó do que a própria mãe, pois seus laços
espirituais podem ter sido mais estreitos em diversas vidas passadas. Um pai
pode amar mais um filho do que o outro: embora muitos pais neguem essa
diferença afetiva, sabemos que isso existe e é perfeitamente normal, já que um
pai pode ter mais experiências amorosas pretéritas com um filho do que com o
outro.
Algumas vezes as experiências traumáticas do
passado podem abafar um amor entre duas almas. Por exemplo: uma mãe que matou
seu filho numa vida passada, quando eles eram irmãos que disputavam algo. O
filho pode carregar essa recordação inconsciente dentro de si e expressa-la em
forma de rejeições, afastamento, ojeriza e até uma raiva inconsciente pelo que
foi feito. É preciso lembrar sempre que esses traumas, apesar de terem sido
esquecidos entre uma vida e outra, não apagam os sentimentos, sejam eles
positivos ou negativos. A falta de memória não destrói as emoções que guardamos
dos espíritos que fizeram parte do nosso histórico encarnatório.
Dessa forma, a família de almas é nossa
família espiritual e vale muito mais do que nossa família física. Um bom
exemplo é observar o comportamento afetivo das pessoas. Algumas podem gostar
mais de um amigo do que de um parente próximo, como pai, mãe ou irmão. Esse
amigo, apesar de não fazer parte de sua família consanguínea, pode ser um
membro próximo de nossa família espiritual, e um amor muito grande pode estar
presente na relação de ambos. Assim, a família espiritual transcende nossa
família de sangue e demonstra a existência de laços muito maiores, mais sutis e
imensamente mais antigos do que os laços consanguíneos.
Cada família espiritual é parte de uma família
ainda maior, que pode nem sequer viver atualmente no planeta Terra. Há pessoas
que sentem internamente, com grande certeza íntima, de que seus amigos
verdadeiros e sua família não são deste planeta. Esse é o caso de muitas
pessoas que foram exiladas de seu planeta de origem e estão aqui na Terra há
algumas vidas tentando transmutar uma parcela do karma que ainda as prende nos
grilhões terrestres. Alguns sentem isso tão forte que sequer conseguem manter
laços afetivos na Terra, tal é o seu grau de apego a sua família espiritual
extraterrestre. Alguns podem imaginar que isso representa uma evolução e que é
uma indicação de superioridade espiritual, mas não é bem assim. Essa recusa em
se viver a realidade atual implica num forte apego a um estado arcaico de
existência, e esse apego pode aprisionar o espírito muito fortemente dentro de
limites muito reduzidos, o que abafa a natureza essencial daquela alma e pode
degradar seus sentimentos, pensamentos e comportamentos. O apego é um sinal
claro de atraso espiritual e deve ser objeto de um esforço no sentido da
libertação do cárcere terrestre. Se estamos vivendo aqui na Terra, precisamos
da Terra para atingir esse desprendimento; de nada adianta desejar sair daqui
para uma condição externa melhor e mais elevada. O universo é perfeita harmonia
e inteligência, e nada ocorre por acaso. Quem está aqui, precisa das
experiências terrestres para seu desenvolvimento espiritual.
Um fenômeno interessante que pode ocorrer é a
inversão de papel. Uma mãe, que teve experiências afetivas de marido-esposa
muito fortes com seu filho atual, pode sentir desejos inconscientes de
experimentar novamente o amor de marido-mulher. Alguns pais conseguem
desapegar-se disso e viver a condição da atual encarnação dentro da função de
pai e filho. Outros, no entanto, cedem a essas tendências e podem ser levados
até mesmo, em última instância, a molestar seus filhos. Todo pai que sinta essa
inversão de papel deve lutar contra essa tendência, esse apego, pois só assim
poderá viver com mais intensidade a relação atual de pai-filho. Isso ocorre
também entre irmãos, que no passado foram marido e mulher e hoje sentem vontade
de ter carinhos mais próximos, que extrapolam a relação fraterna natural.
Outro exemplo são marido e mulher atual, que
numa outra existência (ou existências) foram irmãos e acabam depois se tornando
amigos, ou têm dificuldades de manter relações sexuais por conta das lembranças
inconscientes de vidas como irmãos. Há muitos outros exemplos dessa inversão de
papel; o mais importante aqui é entender que o passado não deve interferir em
nossas relações atuais da forma que elas se apresentam hoje: se hoje sou pai da
minha filha, devo trata-la como filha e deixar de lado os sentimentos típicos
de marido e mulher que tivemos em vidas passadas.
Outro fenômeno que pode ocorrer, esse não
muito comum, é quando duas almas muito próximas, e que se amam muito, se
reencontram, querem viver juntas, mas ambas são do mesmo sexo. Eles podem viver
como bons amigos, ou podem desejar, se o apego for grande, viverem juntas como
companheiros. Se forem dois homens, podem ceder aos desejos sexuais e iniciarem
uma relação que vai além da amizade, passando a viver como amantes; se forem
duas mulheres, podem fazer o mesmo e até casarem. O mais interessante é que,
mesmo sem existir um histórico de homossexualidade, essas almas podem decidir
estreitar os laços dentro de um contexto amoroso e sexual. Já vi casos como
esse, e as pessoas envolvidas me garantiram que nunca tiveram desejos
homossexuais, e o que sentiam uma pela outra só servia para essa pessoa em
específico, e para nenhuma outra.
Por exemplo, uma das meninas gosta de outra
menina e quer ficar com ela, mas nunca havia se relacionado com outras mulheres
e garante não sentir qualquer tipo de desejo sexual por outras mulheres,
somente por aquela que se torna sua companheira. Esse é um caso típico de apego
a condição anterior em vidas passadas. Ninguém pode julgar se isso é correto ou
não; a escolha, neste caso, é da própria pessoa e só a ela compete avaliar a
qualidade de suas relações. Repudiamos aqui o preconceito a homossexualidade e
somos favoráveis a liberdade de expressão da sexualidade. Advertimos, porém,
que qualquer excesso nessa área, seja com heterossexuais ou homossexuais, pode
implicar em efeitos graves e num karma negativo, com severas complicações
futuras, na vida atual ou em vidas futuras.
Quando duas almas que se amam muito estão em
planos diferentes, isso pode se tornar um problema. É o caso de pessoas que
nascem no plano físico, e que sonham ou sentem a presença de espíritos que não
estão em corpo físico. Essa pessoa ama o espírito, e deseja ficar com ele, mas
como essa alma não se encontra encarnada, ela nada pode fazer. É possível
encontros em projeção astral, quando dormimos a noite e nosso corpo espiritual
deixa o corpo físico e passa a interagir com outras dimensões. Nesses momentos,
as duas almas podem se encontrar e ficar um tempo juntas. O encarnado pode ter
vários sonhos com o desencarnado, mesmo sem saber quem ele é e nunca tê-lo
conhecido na vida atual. Mas intimamente ela sabe que o conhece, que o ama, e
sente vontade de ficar com ele, como mostra esse exemplo de um breve relato que
recebemos:
“Mais uma noite eu sonhei com
aquela moça linda, ela me faz sentir uma forte emoção, uma saudade, eu a amo,
eu acordo chorando, sempre, há anos.”
Os espíritos de luz que comandam
o destino dos seres podem autorizar esta situação para estimular o desapego
entre as duas almas.
O universo sempre conspira para que uma alma
se desenvolva espiritualmente e passe a amar a todos, e não apenas uma só
pessoa. Embora o amor entre nossa família física e espiritual seja um exercício
do amor incondicional, a maioria dos espíritos que vivem na Terra ainda estão
longe do amor incondicional a todos os seres. Por esse motivo, a inteligência
divina cria circunstâncias que nos façam entender que o amor vale muito mais
quando ele se expande para abraçar todos os seres do universo, e não apenas
pessoas de nossa convivência. O amor universal é a meta sagrada de todas as
almas que aspiram à perfeição. Quando acontece de duas almas que se amam
estarem separadas, uma no plano físico e outra no plano espiritual, ambas devem
exercitar o desapego e procurar outras pessoas para se relacionar.
Essa situação também pode ser problemática
quando há muitas energias pendentes entre ambos. Pode acontecer, por exemplo,
de o desencarnado desejar ficar junto do encarnado e começar a boicotar todos
os seus relacionamentos. O desejo do desencarnado é que o encarnado seja só
dele, e por conta disso ele poderá agir no sentido de isolar o encarnado de
todos, desejando que fique sozinho. Como o encarnado sente um amor sincero pelo
desencarnado, pode ceder a isso, e aceitar as sugestões de sempre permanecer
sem se relacionar com outros. Quando esse tipo de assédio ocorre, é bem mais
difícil de ser tratado num trabalho espiritual, pois há uma permissão
inconsciente do encarnado diante da obsessão exercida pelo desencarnado. Neste
caso, a melhor forma de agir é conscientizar o encarnado a se libertar desse
apego e viver a vida física naturalmente, sem ficar esperando que o
desencarnado venha a preencher um vazio que ficou das experiências “perdidas”
de vidas passadas, quando ambos viveram juntos.
Outro fenômeno bastante interessante e
inexplicável é o chamado “amor à primeira vista”. Esse fenômeno só é
inexplicável quando não se leva em conta a teoria da reencarnação. O amor à
primeira vista consiste no despertar de um sentimento tão logo vemos ou estamos
na presença de uma pessoa desconhecida que nos desperta algo portentoso,
excelso, superior, quase celeste e divino, e que é incompreensível. Há uma
nítida impressão de que já conhecemos aquela pessoa. Alguns indivíduos, não
muito versados na noção reencarnacionista, afirmam que não existe o amor à
primeira vista, mas sim uma espécie de encantamento, de fascinação, de
deslumbramento pela beleza do outro. Apesar de estes sentimentos estarem
misturados no primeiro momento, não seria apressado dizer que há, de fato, um
amor que pode estar sendo ressuscitado, reaceso, vindo à superfície e
despertando, trazendo à tona um sentimento sublime e transcendente que até
então estava meio apagado dentro de nós.
Esse amor pode ter sua origem em dezenas ou
mesmo centenas de vidas passadas onde estas duas almas viveram juntas. Pode até
mesmo ser anterior aos primeiros nascimentos terrestres. Esse reencontro faz
ressurgir uma emoção, um envolvimento que já existia dentro da pessoa, mas que
ainda estava disperso. O amor à primeira vista não deve ser confundido com
maravilhamento pela beleza física. Ele é uma profunda identificação com alguém
que já conhecemos há milênios e que reencontramos nesta vida. Esse pode ser o
início de uma longa história de amor.
Para se diferenciar um amor verdadeiro e uma
simples paixão é preciso notar se há um total desprendimento em relação a
pessoa que amamos. O amor real é calmo, sereno, não se deixa influenciar por
sentimentos de controle, posse, ciúme, e outras armadilhas inferiores. O amor
verdadeiro deseja que o outro esteja bem, mesmo que ele não fique conosco. Ele
é espontâneo, livre e há desprendimento; só o que importa é o bem estar do
outro. Fazemos de tudo para que o outro seja feliz.
A melhor forma que eu conheço para harmonizar
o nosso passado e cuidar para que estes laços não se tornem disfuncionais e
problemáticos na vida atual é a realização da terapia de vidas passadas.
Através da regressão o passado pode ser revisto e os laços amorosos podem ser
tratados, dissolvendo os resíduos de energias conflituosas, brigas,
assassinatos, traumas, e qualquer situação negativa que tenha ocorrido em vidas
passadas. Muitos afirmam que tratar o passado conjunto com nossos entes
queridos pode reacender velhas mágoas, nos fazer lembrar de velhas disputas e
ódios passados, e que isso inviabilizaria nossa convivência atual com eles.
Quem defende esta tese alega que uma mãe não
poderia conviver bem com seu filho caso descubra que ele a torturou e matou em
vidas passadas. A nossa experiência de mais de 2.000 regressões individuais
prova que essa ideia é bastante equivocada. Jamais pude presenciar nenhuma
relação que tivesse piorado após uma revisão de vidas passadas negativas entre
membros de uma mesma família. Pelo contrário, as experiências negativas são
tratadas e os laços de amor são purificados, o que torna a convivência atual
muito melhor e mais satisfatória.
Já atendi dezenas de casos em que visitamos
vidas passadas bastante duras entre familiares e o resultado sempre foi uma
grande melhora na qualidade da relação atual. Os bloqueios caem, os conflitos
são tratados, as disputas são harmonizadas e tudo passa a ser objeto de
precioso aprendizado. Além disso, o esquecimento do passado não apaga os
sentimentos negativos de vidas passadas, eles continuam existindo hoje, podem e
devem ser tratados, para que as relações familiares melhorem e para que
possamos viver bem com nossos familiares e com as pessoas que amamos.
[1] https://www.facebook.com/EspiritualidadeEAmor/
Gostei muito... Obrigada!!!
ResponderExcluirEu gostaria de saber se reencontrei um amor do passado. Sinto em relação a ele, toda esta serenidade descrita, independente de ficarmos juntos ou não, quero que ele seja feliz. O simples fato de saber que ele está bem, me deixa bem. Nossa afinidade é muito grande, ele me acalma,me compreende, me aceita como eu sou. Será que é ele, a pessoa com a qual sempre sonhei? Lembro_ me dê ter vivido em meados do século XVIII, sinto até o cheiro da época. Eu saia montada em um cavalo, com uma tocha de fogo na mão, com o coração descompassado, um medo que invadia minha alma, e em direção a uma ruína, a qual eu chamo de muralha, me encontrava com ele. Lembro que eu era casada mas não amava meu marido. Pertencia a corte, tinha posses, mas a felicidade encontrava nos braços deste homem, o qual eu amava com todas as forças do meu coração.
ResponderExcluirEu gostaria de saber se reencontrei um amor do passado. Sinto em relação a ele, toda esta serenidade descrita, independente de ficarmos juntos ou não, quero que ele seja feliz. O simples fato de saber que ele está bem, me deixa bem. Nossa afinidade é muito grande, ele me acalma,me compreende, me aceita como eu sou. Será que é ele, a pessoa com a qual sempre sonhei? Lembro_ me dê ter vivido em meados do século XVIII, sinto até o cheiro da época. Eu saia montada em um cavalo, com uma tocha de fogo na mão, com o coração descompassado, um medo que invadia minha alma, e em direção a uma ruína, a qual eu chamo de muralha, me encontrava com ele. Lembro que eu era casada mas não amava meu marido. Pertencia a corte, tinha posses, mas a felicidade encontrava nos braços deste homem, o qual eu amava com todas as forças do meu coração.
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